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Chacrinha 100 Anos: legado da espontânea alegria na TV brasileira

Abelardo Barbora

Jose Abelardo Barbosa de Medeiros, nome completo do célebre personagem da Televisão Brasileira Chacrinha,nasceu  em Surubim,no Alto Capibaribe do Agreste Pernambucano.

Sua paixão pela comunicação começou muito cedo e já em 1935 fazia a sua estreia no Radio , trabalhando como locutor  na PRA 8-Radio Clube de Recife.

Iniciando a década de 40,chega a “Cidade Maravilhosa”, e logo é contratado pela Radio Tupi, por um jovem diretor artístico, Theóphilo de Barros Filho (1911-1969) , que muito o ajudou nesse seu inicio de vida profissional na Cidade do Rio de Janeiro.

Nesta “chateuabriana” emissora radiofônica, Chacrinha trabalhou com grandes cartazes da época, como Paulo Gracindo, Jorge Veiga, Manuel de Nóbrega, Gilberto Martins (que foi seu diretor artístico) , Max Nunes, e Manoel Barcellos.

Depois de uma breve passagem pela nascente Rádio Vera Cruz, Chacrinha se estabelece na Cidade de Niterói, onde em 1943, finalmente estreia como apresentador de Rádio na PRD8, a Rádio Clube Fluminense., com o Programa “O Rei Momo na Chacrinha”, em alusão a uma chácara onde ficara a sede desta rádio.

Passando por várias rádios do Rio de Janeiro, com grande sucesso, durante a década de 40, onde estava inserido numa geração de ouro de jovens valores, como Fernando Lobo, Nestor de Hollanda, Antonio Maria, Heber de Bóscoli e Miguel Gustavo, em 1945, Chacrinha chega da  Rádio Nacional, contratado pelo mítico diretor geral  Costa (1907-1959), nesta célebre emissora carioca, apresenta os programas Noite Dançante Melhoral, Tarde Dançante Melhorar e , posteriormente, o “Cassino do Chacrinha”, retomando esse título de sucesso surgido ainda na fase niteroiense

Os anos 50

Chega 1956 e neste ano de seu apogeu radiofônico onde recebe o máximo premio de Melhor Animador de Programa de Rádio em Estúdio estreia na Televisão Tupi, canal 6  do Rio de Janeiro, com o Programa Rancho Alegre, , ao lado de outros grandes valores da época, como Paulo Bob, Gilda de Barros, Helio Ribeiro, Carlos Imperial,  Hamilton Ferreira e a “garota-propaganda” Maninha Castro.

O sucesso da imagem, do som e da indumentária de Chacrinha é instantâneo, e logo o seu programa musical de rádio, Discoteca do Chacrinha também ganha versão televisiva, na Tupi carioca.

E dois anos depois, o já fenomenal “Velho Guerreiro”, estreia em São Paulo, com grande empenho e ajuda do Mestre da Sonoplastia Salathiel Coelho, brilhando finalmente os telespectadores paulista com o Show musical-televisivo da “Discoteca do Chacrinha”.

Anos 60

Em 1960, se transfere para a TV Paulista, canal 5 , onde seu programa mantém retumbante sucesso, com a esmerada produção do Mestre Televisivo Moreira Júnior.

Concomitantemente, cria na TV Rio, canal 13, “ A Hora da Buzina”, sob a direção artística de Péricles do Amaral, um de seus amigos de vida toda. No canal 13, conhece Boni e Walter Clark, dupla de renomados profissionais que o contratam para a TV Globo em 1967, após uma fase  áurea de Chacrinha na TV Excelsior, com a inesquecível direção de Carlos Manga, outro mestre da história da TV , sucedida por uma nova e breve passagem pela TV Rio .

Na Globo, Chacrinha manteve a estrutura de seus programas da Excelsior e da Rio, ou seja, um Programa Musical as Quartas-Feiras  (Discoteca do Chacrinha), onde ele recebia os grandes cantores da época, de todos os gêneros musicais, e um Programa nas noites de Domingo, onde apresentava os lendários Calouros Musicais , avaliados por um legendário Júri de personalidades televisivas (estrutura que o acompanhou por toda sua carreira dali a diante e que revelou grandes Jurados de TV, como Pedro de Lara, Jorge Mascarenhas, Edson Sa
ntana e Elke Maravilha, dentre muitos outros).

 Anos 70

Em dezembro de 1972, Chacrinha deixa a Globo e transfere esses seus 2 programas para a TV Tupi, sob a direção de José Arrabal.. A passagem é curta, porém marcante e em 1976, depois de uma breve fase na  TV Record, ele retorna a Tupi, sob a direção do talentoso pioneiro Waldemar de Moraes, mas desta vez, somente com a Buzina do Chacrinha.  Em 1978,, convidado por Guga de Oliveira, mergulha em grande desafio de estrear na TV Bandeirantes, onde além dos Calouros, retorna com a célebre Discoteca do Chacrinha.

Sábado, 06 de março de 1982, data marco da história da Televisão Brasileira, que representa a reestreia de Chacrinha da Rede Globo, com um merecido sucesso, uma repercussão fabulosa e um galardão de crítica e de público.

Nesses seis anos  finais de Globo, recebeu praticamente todos os grandes nomes da música, dos palcos, da imprensa, do esporte , do carnaval, enfim do cenário popular brasileiro.

Mas 30 de junho de 1988, chega a notícia consternadora, Chacrinha falece aos 72 anos no Rio de Janeiro,  e a partir desta data, a Televisão certamente, nunca mais foi a mesma, pois muito de sua irreverência, de sua espontaneidade, de sua alegria, de sua comunicabilidade  se silenciou com a partida daquele apresentador e animador da buzina, dos bordões, do bacalhau, tão reverenciado, tão homenageado e tão ainda hoje prateado pelos amigos  e por seus fiéis telespectadores.

E nos dias atuais, sua viúva Dona Florinda Barbosa e seus filhos Jorge Barbosa e Leleco Barbosa, mantém o legado de espontaneidade  e de frevística alegria  , bem como o singular patrimônio artístico do Eterno “Velho Guerreiro”.

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Texto: Fabio Rejaili Siqueira
contato@sustentahabilidade.com.br

Imagem:  Diário de Pernambuco

 

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Escrito por Fabio Rejaili Siqueira

Bacharel em Direito, Bacharel em Ciências Sociais e e pesquisador da história da televisão brasileira. É um dos fundadores do Jornal São Paulo em História.

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