in ,

Mercado de trabalho atual: adequações para o jovem trabalhador

Sempre me deparo com jovens ávidos de respostas durante as aulas que ministro.

Minhas turmas em geral são formadas por jovens profissionais na faixa dos 25 aos 30 anos, que buscam novos métodos e agregação de conhecimento.

Um fato que me chama atenção é o tempo de carreira: entre estágio e trabalho pós formação da graduação, a maioria possui no máximo 4 anos de carreira.

Entendam. Não cito esse fato de forma pejorativa.

Realmente esse fato me chama atenção, pois há 10 anos atrás, o mais importante era tempo de carreira.

Você seria o “peixe-fora-d’água” se não estivesse estagiando já no segundo semestre da faculdade.

Entrávamos na empresa sem muito conhecimento e se tivéssemos a sorte de termos um bom líder (a não utilização de chefe, supervisor ou outros substantivos que nos remetam a hierarquia é feita de maneira proposital e falaremos disso no decorrer do texto) aprenderíamos de forma menos dolorida.

Cursos extras, metodologias e novas ferramentas eram buscadas por nós, os jovens profissionais de 10 anos atrás, durante os períodos de estágio. Resumindo, o mercado de trabalho para o jovem era tomado por jovens que não possuíam consciência de suas habilidades, que não possuíam um currículo acadêmico memorável, mas que tinham que estagiar e precisam aprender por osmose para se manter.

Vamos analisar o período atual: Como dito anteriormente, meus alunos, ávidos de respostas, sempre me questionam sobre o mercado de trabalho. Não compreendem como com tamanha qualificação acadêmica estão desempregados ou em empregos que não o valorizem.

Houveram mudanças nesses dez anos avaliados. A maior mudança é o fato da preparação.

Os jovens profissionais já possuem uma bagagem acadêmica fantástica. Não é difícil achar jovens de 30 anos com graduação, pós, MBA, mestrado, inglês, espanhol e mandarim!

Mas com 30 anos todas as peripécias acadêmicas escondem a falta de experiencia. A prática da função propriamente dita.

Esses jovens prodígios são incentivados a estudarem e se prepararem. E estão certos. Mas vamos pensar em questões financeiras.

Se você é um jovem de quase 30 anos, e quando utilizo a expressão jovem, me refiro exclusivamente ao fator tempo de carreira, que possui um currículo acadêmico desse porte apresentado anteriormente, vai se adaptar a uma empresa cujos valores ou o plano de carreira não se adequem a sua expectativa? Você aceitará ser subordinado a um chefe que possui um currículo acadêmico inferior ao seu? Ou você aceitará receber o mesmo de um analista júnior? Não sejamos hipócritas. Para todas as perguntas a resposta seria não!

Mas agora, entendam o mercado de trabalho.  Você já entrou no mercado de trabalho com toda essa bagagem intelectual, mas no período de aquisição de experiencia, os estágios e trabalhos cuja a remuneração não são tão agradáveis, você estava estudando, adquirindo a bagagem intelectual.

A empresa sabe disso e te respeita pelo seu conhecimento.

Mas, a instituição também sabe que com um currículo desses você não aceitará receber o salário de um simples mortal.

Sabe que você terá problemas em aceitar ter um chefe com menos conhecimento que você. Sabe que você inclusive possuirá teoria suficiente para questionar os métodos utilizados, a forma de gestão, procedimentos administrativos e configurações de liderança.

Chegamos ao ponto crucial. A empresa quer um profissional com o seu conhecimento acadêmico, mas por corroborações anteriores sabe que a experiencia, a carreira propriamente dita, traz benefícios a curto prazo.

A empresa dará preferência a contratar um profissional não necessariamente com a mesma bagagem intelectual, mas que possua uma carreira bem definida. Alguém que saiba lidar com dificuldades diárias da área e que tenha expertise para avaliar problemas e solucioná-los.

Essa expertise faz a diferença para que a empresa se mantenha em um mundo extremamente competitivo e dinâmico.

Ao longo da minha experiencia em contratação, me deparei com jovens que ao serem questionados sobre o que esperam da empresa, me surpreendiam com respostas como: quero ser feliz na empresa, quero ser reconhecido, quero ter crescimento.

Ora, todos querem isso. Mas compreendam que o mercado de trabalho não é um grande parque de diversões.

Você será reconhecido se cumprir metas e principalmente se fizer a diferença. Você não entrará em cargo de chefia em uma empresa só porque já possui um supercurrículo acadêmico.

A maioria dos profissionais começaram por baixo. Não é difícil encontrar casos de grandes empresários que iniciaram suas carreiras sendo boys, recepcionistas, vendedores, etc.

Na área financeira utilizamos uma expressão: o ótimo é inimigo do bom. Sabe o que queremos dizer? Vocês estão querendo adquirir o ótimo, mas estão esquecendo que o caminho correto, sem atalhos, é chegarmos ao bom primeiro.

Por isso, muitos jovens profissionais possuem a sensação de vazio.

A competição foi lançada à vocês como se fosse um lobo mau e faminto. Os jovens tinham que ter as melhores notas, se formarem na graduação sem DP, fazerem duas graduações mutuamente, já entrarem na pós-graduação. Entravam na faculdade com o Toefl. A competição é vista como uma doença, cujo o tratamento é a educação acadêmica.

Os jovens profissionais se perderam nesse ponto. Muito da estrutura de carreira se dá nesse período.

Na graduação estamos abertos a novas experiencias. Estamos em busca de líderes que nos auxiliem.

Os líderes estão à procura de jovens talentosos, que buscam aprender e adequar a teoria à prática. É nessa fase que erros de competência são aceitos. Que tentativas podem falhar.

É nessa fase que o seu ponto de vista pode ser explicitado. O seu líder espera isso de você. Mesmo que não concorde. Ele quer a sua paixão e sua forma de avaliar a empresa.

Os jovens profissionais estão pulando essa fase, ou não estão aproveitando o bônus dessa fase. Já estão indo direto para a fase do profissional incrível e maduro. O que não pode errar, o que não pode trazer ideias inovadoras, porque já devia conhecer como o mercado é competitivo.

Esses jovens confundem a vida profissional com a vida pessoal e acham que a felicidade somente ocorrerá quando atingir um determinado patamar na carreira.

Novamente, o ótimo é inimigo do bom.

Para atingirmos determinados níveis na carreira, temos que percorrer uma longa jornada. E definitivamente, não é da noite para o dia.

A carreira, obviamente não se constitui de uma equação simples, onde existe uma listagem que basta seguir. É algo mais amplo, que demanda além de conhecimento teórico, pratica e vivencia.

Saiba que a vida, bem como a carreira, possui ônus e bônus e que dar um passo para frente, em muitos casos, nos demanda em darmos dois passos para trás.

Aprendam a ter metas, mas não queiram o ótimo deixando de lado o conhecimento de que o bom é o primeiro passo.

E se você já possui todas as características acadêmicas incríveis, mas sabe que a vivencia profissional ainda está distante, volte uma casa, talvez duas. Esse é o jogo da vida

 

.

 

Texto: Camila Gagliardi
contato@sustentahabilidade.com.br

imagem: tanzaniac

 

A autora é economista graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e designer de Interiores graduada pela FIAM-FAAM. Possui especialização em Controladoria, Auditoria e Finanças pela FGV e em Gestão de Projetos pela FIAM-FAAM.

Desde 2001 atua em gestão de projetos em diversos segmentos. Atualmente, leciona para cursos de pós-graduação na área de arquitetura e executa consultorias administrativas, financeiras e organizacionais.

O que você acha?

Escrito por Camila Gagliardi

Mestra em Saúde Ambiental, com enfase em Nanotecnologia. MBA em Gestão Estratégica de Negócios. MBA em Gestão Financeira Controladoria e Auditoria. Especialização em Gestão de Projetos de Arquitetura. Especialista em Auditoria, Controladoria e Finanças. Experiência nas áreas de Economia, Gestão, Arquitetura e Engenharia.

Pela primeira vez, elementos responsáveis pela vida foram mapeados em nossa galáxia

Programa Benchmarking – Nova edição