Agrotóxicos são substâncias tóxicas (herbicidas, pesticidas e fungicidas) aplicadas nas plantações para controlar ervas daninhas (pequenas plantas que crescem junto com a planta cultivada), pragas agrícolas (animais, em geral insetos, que comem as plantas cultivadas) e doenças por fungos, com o objetivo de aumentar a produtividade agrícola.
Essas substâncias são amplamente utilizadas em nosso modelo agroindustrial, baseado em uma agricultura dependente de substâncias químicas fabricadas por grandes empresas que controlam este modelo (que por incrível que pareça são também as grandes produtoras de sementes – sementes geneticamente modificadas e transgênicas).
Os agrotóxicos aplicados nas plantações se acumulam nas estruturas dos vegetais(folhas, raízes, caules, flores, frutos e sementes) e principalmente em sua superfície. Devido àscaracterísticas cumulativas destas substâncias estas passam a se acumular ao longo de toda a cadeia alimentar, ou seja, os agrotóxicos de acumulam também nos organismos dos animais que irão se alimentar dos vegetais com resíduos (animais herbívoros e depois animais carnívoros) e em nosso organismo humano, uma vez que nos alimentamos diretamente desses vegetais e dos animais (boi, porco, frango etc) que também se alimentaram das plantas.
Além disso, os agrotóxicos contaminam o solo, as águas subterrâneas e as águas dos rios. Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas) a contaminação das águas por agrotóxicos é a segunda maior causa da poluição dos recursos hídricos no Brasil, a primeira é o lançamento de esgotos domésticos.
Os agrotóxicos são um risco para a saúde humana podendo causar alergias, câncer, malformações, mal de Parkinson e problemas nos rins e fígado devido à ingestão destas substâncias e devido ao contato direto como no caso dos agricultores.
Um estudo realizado pela Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) revelou que cada brasileiro ingere em média 5Kg de agrotóxicos por ano através do consumo de vegetais com resíduos destes produtos.
O uso de agrotóxicos no Brasil dobrou de 2002 para 2015. Em 2016 o Brasil passou a ocupar o 1º lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Cerca de 70% dos alimentos consumidos em nosso país estão contaminados com agrotóxicos e 28% estão contaminados com substâncias não autorizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
De acordo com a pesquisa do Programa de Análise de Agrotóxicos em Alimentos, que analisou os resíduos dos agrotóxicos presentes na superfície de alguns alimentos, cerca de um terço dos vegetais mais consumidos no Brasil apresentaram um nível de agrotóxico acima do aceitável. O pimentão é o campeão da lista: 91,8% das amostras de pimentão estavam com quantidade de agrotóxicos acima do permitido pela Anvisa. A batata foi o alimento que não apresentou nenhum lote contaminado.
Além de lavar bem os alimentos para a retirada do agrotóxico superficial, os alimentos orgânicos são uma alternativa para a alimentação saudável. Os produtos orgânicos são os cultivados sem agrotóxicos nem fertilizantes químicos. Saiba mais sobre alimentos orgânicos em http://sustentahabilidade.com.br/como-reconhecer-alimentos-organicos/.
A agroecologia com a produção de alimentos orgânicos através da utilização da compostagem e de defensivos naturais, e de processos como rotação de culturas ediversidade do plantio, é uma alternativa para a redução do uso de agrotóxicos e deveria ser economicamente e politicamente incentivada no Brasil. Porém, na contramão de tudo isso, em fevereiro deste ano o Governo Brasileiro anunciou a criação do Sistema Integrado de Agrotóxicos, que visa acelerar o processo de registro e comercialização destas substâncias no país, colocando ainda mais em risco a saúde da população.
Referências
Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva)
ANA (Agência Nacional de Águas)
Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
INPE – Ciência para a Sustentabilidade
PARA – Programa de Análise de Agrotóxicos em Alimentos
Imagens
Tema Saúde
PARA – Programa de Análise de Agrotóxicos em Alimentos
Texto: Lais Nunes
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