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Água valerá mais que petróleo?

Quando em 2008 o Brasil festejava a descoberta do Pré-sal, o preço do “ouro-negro” girava em US$ 90,00 o barril, e os técnicos da empresa esperavam que poderia chegar a US$ 110,00 a partir de 2010. Hoje, numa realidade totalmente distante do sonho, o preço se encontra em torno de US$ 45,00. E o fato é, que a este preço, o custo de extração (pré-sal) que gira em US$ 50,00, não cobre o valor de venda.

Os motivos da queda, segundo os técnicos, está ligada a sensível redução de consumo por parte dos EUA, que estão utilizando o xisto ao invés de petróleo. Contudo a este preço tão baixo do barril de petróleo, tampouco a produção de xisto se sustenta, levando a imaginar portanto que deverá o petróleo subir um pouco acima de US$ 50,00, pela provável redução dos EUA na produção do xisto. Em suma temos duas velhas lei da economia:

Oferta x Demanda, sempre define o preço dos produtos. Segundo: investimento é algo FINITIVO, levando sempre a um conflito de escolha ou fabricamos canhões ou manteiga(*). Ou petróleo ou xisto, estas são as regras de mercado, entendam ou não, os socialistas, da mais simples noção de economia.

Avaliando a mesma movimentação pendular da Lei de Formação de Preços no mercado, que é obviamente inexorável, a questão do uso da água nos tempos atuais, deveria iluminar a situação de riscos que poderemos caminhar, semelhante ao petróleo. Temos que pensar que a demanda por água no planeta, poderá levar no futuro próximo, à uma disputa acirrada e violenta (política e geografica) neste mercado.

Para se ter uma ideia da escalada do consumo (que afeta diretamente o preço), em 1900, o mundo consumia cerca de 580 km³ de água e em 1950, esse consumo elevou-se para 1400 km³. Já no ano 2000, o consumo superou para 4000 km³, e segundo previsões da ONU … “é provável que em 2025 o nível de consumo eleve-se para 5200 km³”, informa o site Brasil Escola. Ou seja em 150 anos, o consumo aumentou 10 vezes, mas mesmo com a elevação dramática na demanda, as populações continuam desatendidas, pois cerca de 1,1 bilhão em todo o planeta tem dificuldade de acesso à água potável. Considerando ainda que praticamente o mesmo número de pessoas passam fome no planeta, que (espera-se) obrigará o aumento da produção de alimentos (forte consumidor de água), não há previsão de qual o impacto no custo de produção. Contudo podemos imaginar sinais preocupantes … antes o petróleo era apelidado de “ouro-negro” e agora pode ser chamado de “ouro de tolos” . E provavelmente a nossa insubstituível água será batizada de o “novo ouro” do planeta, mas jamais será ouro dos tolos.

(*)Trade-off ou tradeoff é uma expressão que define uma situação em que há conflito de escolha. Ele se caracteriza em uma ação econômica que visa à resolução de problema mas acarreta outro, obrigando uma escolha. Ocorre quando se abre mão de algum bem ou serviço distinto para se obter outro bem ou serviço distinto.[1]

Foto: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1717

Autor: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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