Em nosso último artigo falamos sobre as drogas alucinógenas, seus efeitos e consequências. Naquela oportunidade, destacamos o LSD – 25, e hoje falaremos sobre o ECSTASY, também chamado erroneamente de droga do amor.
O ECSTASY foi produzido por uma indústria farmacêutica no ano de 1914 com o intuito de ser utilizado como supressor do apetite, mas sua finalidade inicial foi desviada totalmente. Nos anos 60, começou a ser utilizado por psicoterapeutas para elevar o ânimo de pacientes; e na década de 70 passou a ser consumido recreativamente, sendo disseminado principalmente entre estudantes universitários. O uso dessa droga é proibido em vários países, inclusive no Brasil.
É muito comum pessoas acharem que o ecstasy é uma droga de fins de semana, do tipo “inofensiva” e que não vicia. Por ser uma anfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central, sintetizado em laboratório. Ou seja, faz com que o consumidor fique “ligado” por mais tempo do que o normal, proporcionado ao usuário executar sobrecargas de atividades, e descartando o descanso. Como não existe “mágicas“ e que naturalmente existem limites para o corpo humano, o cansaço aparece depois que a droga sai do organismo. Além do que, o uso constante desta droga, gera um efeito decrescente ao usuário, resultando que a energia surge em menor intensidade. Em vista disto, o usuário passa a consumir doses sempre maiores na expectativa de obter os mesmos resultados das experiências iniciais. Desta forma, este organismo vai ficando cada vez mais tolerante à droga levando a uma “bola de neve”, e quando menos se imagina, a pessoa já virou dependente.
O usuário, experimenta a sensação de euforia e prazer e segundo algumas pessoas que já experimentaram a droga, gera ainda uma sensação de leveza, alegria e poder, que sabemos que por ser irreal, termina de forma frustrante ao fim do efeito químico.
O uso desse alucinógeno, pode provocar reações psíquicas variáveis e algumas pessoas podem se sentir “ recompensadas” pelos sons incomuns, cores brilhantes e pelas alucinações (“boa viagem”). Outras observam reações bastante desagradáveis, com visões terrificantes, sensação de deformação do próprio corpo, certeza de morte iminente (“má viagem”). Outras tantas ficam dançando por 5 ou 6 horas, mas por não possuírem em condições normais um preparo físico para aguentar tanta agitação, resulta que no dia seguinte apresentam febre ou resfriados, porque obviamente a droga diminui a resistência do corpo.
Estudos realizados em humanos consumidores dessa droga, comprovam a perda da atividade serotoninérgica, que leva seu usuário a apresentar perturbações mentais e comportamentais, como dificuldade de memória, tanto verbal como visual, dificuldade de tomar decisões, ataques de pânico, depressão profunda, paranoias, alucinações, despersonalização, impulsividade, perda do autocontrole podendo levar a morte súbita por colapso cardiovascular.
O uso do ecstasy pode causar ainda lesão no fígado, que fica amolecido, além de aumentar de tamanho, com tendência a sangramentos. Dependendo do grau de toxicidade, o quadro evolui para hepatite fulminante, podendo causar a morte caso não haja um transplante de fígado.
Já para o coração, são observadas a aceleração dos ritmos cardíacos e o aumento da pressão arterial, podendo levar à ruptura de alguns vasos sanguíneos e sangramentos.
O uso de ecstasy ligado à intensa atividade física (dançar por várias horas) pode causar aumento da temperatura corporal e consequente hemorragia interna, o que também pode levar à morte. O aumento da temperatura corporal tem alguns sintomas como desorientação, parada do sistema de transpiração, vertigens, dores de cabeça, fadiga, câimbras e desmaio.
Uma das complicações mais estranhas, no entanto, é a da intoxicação por água. Com o aumento da temperatura corporal, a ingestão de água torna-se uma necessidade. Mas, quando isso acontece de forma excessiva, a água pode começar a se acumular no organismo, uma vez que o ecstasy também dificulta a eliminação dos líquidos do corpo (aumenta a liberação do hormônio antidiurético). Dessa forma, a ingestão excessiva de água pode se tornar perigosa, inclusive fatal, pois segundo especialistas, o que ocorre é uma “pane” no sistema renal. Pois normalmente, nosso corpo elimina água urinando, contudo por conta do efeito do ecstasy, o rim começa a mandar água de volta para a circulação, e não para a bexiga.
O apoio médico especializado é absolutamente indispensável para um tratamento eficaz e uma resposta rápida poderá salvar a vida.
Fotos: www.telegraph.co.uk
Autoras: Nancy Peres e Raquel Arantes
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