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Entrevista, Alexandre De Sene Pinto

5 Minutos Entrevista, Alexandre De Sene Pinto, Diretor da BUG Agentes Biológicos, empresa de Piracicaba /SP, premiada internacionalmente na área de tecnologia, utilizando vespas para controle de pragas das lavouras.

1.) O que significa para BUG concorrer numa premiação internacional ( * Pioneiros da Tecnologia ) vencida no passado por gigantes da tecnologia como Google e o Twitter, entre outros ?

Um grande orgulho! Mas seguido de uma grande responsabilidade, pois os olhos se voltaram para nós, para o que fazemos. Precisamos fazer sempre bem feito. E precisamos inovar sempre. Mas mais do que “o nosso prêmio”, esse é um prêmio para a agricultura, pois a coloca em lugar de destaque num cenário onde há pouco investimento mundial para esse setor em inovação; é um prêmio para a sociedade, pois enaltece o controle racional de pragas na agricultura, com o uso mínimo de inseticidas; e, mais do que tudo, é um prêmio para o Brasil, pois nosso país recebe um destaque positivo dentre tantos negativos que são divulgados.

 

2.) Do que consiste o produto desenvolvido por vocês ?

 

A Bug desenvolve produtos biológicos para o controle de pragas agrícolas, que basicamente são minúsculas vespas que atacam os ovos das pragas, diminuindo suas populações. Essas vespas, dentre outros organismos que chamamos de agentes de controle biológico, já existem na natureza e atacam as pragas em vários agroecossistemas. Entretanto, para que as populações desses agentes de controle biológico cresçam é preciso que as populações das pragas cresçam antes, chegando, muitas vezes a causar prejuízos às culturas. O que a Bug faz é tirar esses organismos vivos do campo, multiplicar em laboratórios simples, porém grandes e com alta tecnologia, e liberar novamente no campo, mas agora em altas populações que irão diminuir rapidamente as pragas, evitando que as mesmas causem prejuízos.

O agente de controle biológico que foi responsável pelos prêmios que a Bug ganhou (3 internacionais e 4 nacionais, em 2012 e 2013) é conhecido como tricograma e tem nome científico Trichogramma, mais especificamente Trichogramma galloi em cana-de-açúcar. Nenhuma empresa do mundo havia ainda conseguido atingir áreas tão grandes em tão pouco tempo, com alta tecnologia de liberação e resolvendo grandes problemas de criações massais em laboratório e logística de transporte, num país de dimensões continentais como o Brasil. Atingimos 500 mil hectares de cana-de-açúcar por ano, em apenas 2 anos. Para se ter uma ideia, um dos maiores programas de controle biológico do mundo, também no Brasil, que usa a vespinha Cotesia flavipes em cana-de-açúcar, levou 40 anos para atingir 3,3 milhões de hectares.

 

3.) O fato desta tecnologia substituir os defensivos químicos agrícolas tradicionais , define a missão da empresa ? O que motivou a criação da BUG ?

Sem dúvida, é missão da empresa desenvolver produtos biológicos para substituírem ou minimizarem o uso de inseticidas. Mas a Bug também tem por missão desenvolver o país para o uso dessa tecnologia, algo ainda inédito no Brasil. Esses foram os motivos para a criação da Bug, transformar a pesquisa das universidades e instituições de pesquisa em produtos biológicos que cheguem aos agricultores, com amparo técnico.

 

4.) A empresa já recebeu outros prêmios internacionais. Esta trajetória vencedora se deve a quais fatores ?

A divulgação do controle biológico em nosso país e o acúmulo de pesquisa própria, publicadas em eventos e revistas científicos contribuíram para essa projeção e para a trajetória. Mas sem dúvida, o principal motivo foi a aceitação dos agricultores e a expansão das áreas com controle biológico.

 

5.) Esta vanguarda tecnológica é uniforme no Brasil ? Quais as perspectivas do País neste campo ?

Não. É emergente. Não só o Brasil, mas o mundo ainda encara o controle biológico como algo que não requer muita tecnologia. Para a maioria dos cientistas e dos empresários, alta tecnologia é empregada na multiplicação desses organismos em laboratórios, mas a liberação em campo chega a ser artesanal.

A perspectivas são as melhores possíveis. Com os casos crescentes de contaminação de alimentos, lençóis freáticos, rios, solos, de impacto na fauna nativa agrícola e de matas adjacentes, como o caso da morte das abelhas, e com a pressão dos consumidores por alimentos mais saudáveis, a pressão pela diminuição do uso de inseticidas é cada vez maior. A associação do controle biológico com inseticidas ou com o plantio de plantas transgênicas é uma prática viável e benéfica para essas táticas de controle de larga escala, o que certamente aumentará as áreas com manejo biológico de pragas.

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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