O artigo de Hélio Schwartsman, “Eu me orgulho de não saber o hino”, é carregado de incongruências e sentimentos menores que emolduram a ignorância humana em geral, especialmente a brasileira.
O título por si só, já denota um sentimento humano rasteiro: orgulho.
Segundo o Google, “o pai dos burros virtual”, o vocábulo orgulho “é um substantivo masculino com origem no termo catalão “orgull” que é uma característica de alguém que tem um conceito exagerado de si próprio. Também pode significar altivez, brio, pundonor, dignidade e soberba”.
Resta alguma dúvida, caro leitor?
Mais uma dica … o antônimo de orgulho, é a humildade, virtude dos grandes mitos que passaram pelo Planeta.
E quando falamos em mito, estamos falando daqueles caras, que não estavam nem aí para o sucesso, em contra partida, ao momento atual onde pessoas estão sequiosas para aparecerem de qualquer maneira.
Um desses mitos carregou o nome inesquecível: John Winston Lennon… o nosso “João”, simples até no nome.
Este ser humano universalista, já raciocinava, há mais de ½ século, desprovido dos conceitos encaixotados de país, fronteiras etc etc.
Em 25 de junho de 1967, na primeira transmissão via satélite para o mundo, feita pela BBC londrina, em plena guerra fria EUA X Rússia , John, Paul, George e Ringo, encantaram o mundo com um hino ( opssss Sr. Schwartsman )… sim, sim, um hino pacifista, até hoje entoado em 4 cantos do planeta … a lendária “ All You Need is Love”.
Como precursores do vídeo-clip, que faria sucesso nas décadas seguintes, esta maravilhosa canção foi encenada teatralmente para aproximadamente 700 milhões de pessoas em cerca de 25 países naquela noite londrina de 67, diretamente dos estúdios da Abbey Road.
A melodia apresenta na sua introdução, os primeiros acordes da encantadora Marselhesa ( vixe o Hino da França, sai satanás) unindo os vizinhos “indesejáveis” França e Grã Bretanha, em mais um ato genial de Lennon.
Desta forma espetacular, os Fab Fours, se apresentavam ao mundo com flores na lapela, paetês e serpentinas, num conceito de carnaval, maior moralmente e muito mais brilhante que aquele apresentado na Marquês de Sapucaí… e encerram a performance com pétalas de rosas desprendidas do teto, vindas ao chão, como se lançadas do firmamento.
Mas Lennon, não parou por aí… na década de 70, espalhou 20 outdoores também pelo mundo ( Tokyo, Sidney, Nova York) com a expressão “War is Over” ou a A Guerra Acabou” (em pleno era Vietnã), verso final da sua espetacular “Happy Christmas”, não menos maravilhosa canção de Natal, também universalista, ouvida até pelo “Incas Venusianos”, nossos inimigos interplanetários da Terra(*), talvez até em Júpiter e Plutão (que na época era um planeta).
E por fim, se é que a palavra “Lennon” pode ser associada com o termo “fim”, quase 40 anos após sua morte, temos ainda pelos ares do século XXI a sua “Imagine “.
Gravada em 1971, pelo ícone futurista, um “renascentista” do Século XXI, John Lennon assim registrou para eternidade
“Imagine se não existissem países,
Não é difícil de se imaginar
Nada para matar ou morrer,
E nenhuma religião também”.
Portanto entre 1966 e 1971, somente para ficarmos neste curto intervalo efervescente de vida, Lennon esteve a frente do Facebook, espalhando outdoores pelo mundo … do vídeo clipe … e das pessoas com sentimento tacanho, estando talvez 200 anos a frente de pessoas pequenas como somos, ou como é Schwartsman .
Estará o leitor pensando, mas pera aí ??… então o Ministro da Educação, pisou na bola, ao exigir a “cantata” do Hino Nacional Brasileiro ?
Claro que NÃO … pessoas com a cabeça de Schwartsman, estão nos 4 cantos disseminando a divisão.
Para 207 milhões de pessoas, reunidas em 8.516.000 km2, existem entendimentos diversos para as coisas mais simples da vida.
Afinal para paulistas, a palavra bombeiro significa profissional que apaga incêndios .. mas para os cariocas , a míseros 450 km,de distância, significa encanador ou profissional da construção civil.
Neste cenário de evidente entendimento diverso, nada mais natural que introduzir valores homogêneos de cidadania …e o Hino Nacional, é um dos formatos normais para isso em qualquer parte do mundo civilizado.
E claro Sr. Schwartsman,até em Israel, terra dos seus antepassados, genitores citados pelo colunista da Folha como “responsáveis” , por ele odiar o Hino Nacional.
Ou seja, até as escolhas menos felizes daquele colunista, estão debitadas na caçamba de outrem (coitado de seus pais).
Em suma, o primeiro degrau a ser alcançado, pelas pessoas com mais neurônios que Schwartsman, está estabelecido numa região, em torno de valores de cidadania “normais”, para o estágio do mundo atual.
Bandeira, Hino Nacional, Língua Pátria, ainda são valores necessários e relevantes, sendo ótimas ferramentas, para que esta bagaça não vire uma Venezuela, Sr. Schwartsman.
Até porque, cantar o Hino Nacional nas escolas, constitui um cenário bem mais equilibrado e saudável, do que assistir pessoas embriagadas neste carnaval, cantando Pablo Vittar pelas ruas de Sampa e urinando em postes e muros, como habitualmente faz meu shih-tzu, Guti.
Enquanto isso, continuo tentando dedilhar “Imagine”, massacrando meu infeliz violão … mas tentando na escala de dó maior, seguida de lá menor, seguir os sentimentos de Lennon.
Afinal, temos que buscar avançar na visão de mundo copiando gente como John, desconsiderando opiniões pequenas como de alguns jornalistas, numa atitude insana de imitar a amorosa e inconfundível voz sideral de Lennon, cantando”Imagine” (bem decoradinha), afinal naqueles versos magistrais, ele assim nos legou…
“You may say, I’m a dreamer. But I’m not the only one. “.
Então, “Bom Dia Brasil” aos brasileiros de bem.
E Deus lhe pague John, onde quer que esteja, pois “Eu sou feliz por saber cantar (e tocar) “Imagine “.
Texto: Roberto Mangraviti
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