O Diário Oficial do Estado de São Paulo, publicou no dia 19 de agosto, “situação de criticidade hídrica na região da bacia hidrográfica do Alto Tietê”. Tradução: o rodízio, ou racionamento de água, iniciar-se-á em breve no Estado de São Paulo, e consequentemente o de energia elétrica também, já que um insumo depende do outro. Este último, o de energia elétrica, ocorrerá mais profundamente quando a indústria parar de despencar economicamente e voltar a consumir em padrões normais. Inicialmente vale destacar que, verdadeiramente não há crise energética, ou situação de “criticidade” hídrica, nem em São Paulo, muito menos no Brasil, em que pese a seriedade do diário oficial. O leitor leu certo sim … NÃO HÁ CRISE ! Crise, conceitualmente há quando inexiste um produto. O que ocorre é falta de abastecimento, porque os órgãos e ministérios que deveriam cuidar destas fontes não planejaram minimamente. Existe água doce em abundância no Brasil como em nenhum outro lugar do planeta. O mesmo ocorre também com a energia elétrica, que poderia ser produzida através de outras fontes, como sol, vento, biomassa. O problema está portanto, não na inexistência do produto, mas na incapacidade nacional em armazenar, produzir e transmitir, estas preciosidades no país. Verdadeiramente, as duas energias que faltam no Brasil, atendem pelos nomes de PLANEJAMENTO e GESTÃO. Estas sim são energias raras e que estão em crise, pois não estão disponíveis na praça, e para obtê-las é necessário a combinação de vários fatores de produção inexistentes, entre outros: empenho, competência e um olhar minimamente voltado ao futuro. Dinheiro ? Isto não é problema, pois senão vejamos. Há quantos anos há seca no Nordeste? Sabemos que historicamente, desde a época do Império, o Brasil discute este assunto propondo solucionar parte dele através da transposição do rio São Francisco. Mais recentemente, no governo do então General Figueiredo, quase houve uma ação concreta neste sentido, que acabou postergada até o Governo Lula. Iniciada as obras, estavam as mesmas previstas para serem entregues em 2012 … e … serão, segunda as últimas previsões (otimistas ?), em 2017. Logo, conclui-se, que demoramos mais de 1 século para disponibilizar o recurso financeiro e na hora de alocá-lo corretamente, não o fizemos. Portanto, o recurso faltante, não é água ou dinheiro, mas um recurso chamado PLANEJAMENTO.
No campo da energia elétrica, o raciocínio é o mesmo. Falta recurso financeiro para produção de energia solar tida erroneamente como cara ? Não ! Falta GESTÃO ! Pois, as condições climáticas do Nordeste brasileiro são superiores ao deserto do Saara, para produzir energia solar. Mas enquanto isto, no mesmo Nordeste, a refinaria da Petrobras, Abreu e Lima, teve o custo orçado em US$ 2,3 bilhões no início das obras. Estimativas recentes contudo, nos dão conta que custará mais de US$ 20 bilhões, portanto um “pequeno” erro de 10 vezes na previsão de gastos. Ou seja, se o recurso encaminhado para esta usina no Nordeste, fosse encaminhado, via financiamento para iniciativa privada construir uma usina solar no mesmo nordeste, a mesma já estaria em operação há tempos. Mas, como preferimos produzir, via o mesmo financiamento, um porto em Cuba (Mariel), de fato faltará energia elétrica em muito lugares no Brasil.
Leitor não se engane, a Natureza foi pródiga em disponibilizar água e energia elétrica aos brasileiros. Portanto, não responsabilize São Pedro pelo racionamento que virá em breve, mas os gestores humanos pouco afeitos em cumprir acordos com o Criador!