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Frutos do Cerrado são comercializados no Brasil e no exterior

O Cerrado é caracterizado pela grande variedade de sistemas ecológicos, tipos de solo, clima, relevo e altitude. Possui diferentes paisagens, que vão desde o cerradão (com árvores altas, densidade maior e composição distinta), o cerrado mais comum no Brasil central (com árvores baixas e esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo limpo (com progressiva redução da densidade arbórea). Ao longo dos rios há fisionomias florestais, conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o Cerrado ocupa uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional, englobando os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além do Amapá, Roraima e Amazonas.

O Cerrado possui uma extensa lista de frutos. Alguns deles são: Amora-preta, Araçá, Araticum, Babaçu, Buriti, Cagaita, Cajuzinho-do-Cerrado, Chichá, Gabiroba, Gravatá, Guariroba, Ingá-do-Cerrado, Jatobá-do-Cerrado, Jenipapo, Jerivá, Lobeira, Mama-Cadela, Mangaba, Maracujá-do-Cerrado, Melancia-do-Cerrado, Murici, Pequi e Pimenta-de-Macaco. Sendo que os frutos regularmente consumidos pela população local e vendidos nos centros urbanos são: o Pequi, Buriti, Mangaba, Cagaita, Bacupari, Cajuzinho do cerrado, Araticum e as sementes do Barú.

O araticum (nome científico Annona coriacea), por exemplo, é uma das plantas características do Cerrado. Ocorre normalmente em áreas secas e arenosas. O fruto é bastante conhecido e muito apreciado, sendo que, dependendo da região, leva o nome de pinha, ata, marolo, condessa, bruto, cabeça-de-negro, entre outros. O nome araticum é derivado do tupi e significa “árvore rija e dura, fruto do céu, saboroso, ou ainda fruto mole”, visto que sua polpa é branca, viscosa e mole quando maduro. A fruta é coberta por uma casca marrom, bem grossa, e contém inúmeras sementes pretas e lisas presas à polpa. É consumida ao natural, mas a polpa é muito utilizada também para sucos, sorvetes e doces.

Araticum

O jatobá (do gênero Hymenaea) é um fruto oblongo, castanho, com cerca de l0 cm de comprimento, com 3 a 8 sementes envoltas numa polpa amarelo-pálida, farinácea, doce e comestível. O fruto é consumido “in natura” e sua polpa é aproveitada para fazer farinha.

Jatobá

Enquanto o pequi (Caryocar brasiliense) apresenta gosto inconfundível e tem o tamanho aproximado a de uma maçã. Seu nome é ligado à língua tupi: py = casca e qui = espinho. O fruto é revestido por uma casca verde e conta com uma camada de espinhos finos embaixo da polpa, sob a qual se encontra uma amêndoa, também utilizada para alimentação e extração de óleo. O pequi compõe receitas tradicionais, como o arroz com pequi, galinhada, alguns doces, licores, sorvetes.

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Segundo artigo publicado em 26 de Julho de 2016 pela WWF (World Wide Fund for Nature), o pequi e outros frutos tem sido fonte de renda para as comunidades agroextrativistas no Mosaico Sertão Veredas Peruaçu (MSVP), localizado ao norte de Minas Gerais. A WWF-Brasil tem trabalhado na região com o fortalecimento da base do extrativismo sustentável. Segundo a analista de conservação da organização, Kolbe Soares: “O extrativismo é imprescindível para manutenção da biodiversidade neste bioma tão ameaçado. Temos atuado no apoio à estruturação da cadeia produtiva, que vai desde a coleta dos frutos no campo, passando pelo beneficiamento, até a comercialização. Trabalhamos, principalmente, com empreendimentos comunitários como as cooperativas agroextrativistas”.

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A extração do pequi nesse local originou cerca de duas toneladas e meia de polpa, que estão sendo comercializadas em feiras locais, nacionais e até mesmo exportadas ao Japão. Além disso, até mesmo o creme do pequi está sendo exportado para o Japão. Isso é resultado de uma parceria da Cooperativa dos Agricultores Familiares e Extrativistas do Vale do Peruaçu (COOPERUAÇU) com o apoio da Central do Cerrado. A WWF-Brasil apoia capacitações de cooperativas para aperfeiçoar o trabalho com frutos do Cerrado. O creme não utiliza conservantes químicos e é um exemplo de como é possível produzir respeitando o modo de vida dos produtores e da natureza.

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A venda de frutos do Cerrado também é bem-sucedida no Brasil, como no Mercado de Pinheiros, em São Paulo, por meio da Central do Cerrado. Além disso, no Rio Grande do Sul são comercializados doces e polpas dos frutos do Cerrado, farofa e óleo de pequi e, ainda, farinha de jatobá. O núcleo do Peruaçu é o único da região que produz a farinha do jatobá, utilizada para substituir o trigo.

Autora: Karen P Castillioni

 

Referências

http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado

http://www.centraldocerrado.org.br/categoria/frutos/

http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?53302/Frutos-do-Cerrado-so-comercializados-no-pas-e-no-exterior

http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/biomas/bioma_cerrado/

Figuras

http://www.centraldocerrado.org.br/categoria/frutos/

http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?53302/Frutos-do-Cerrado-so-comercializados-no-pas-e-no-exterior

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Escrito por Karen P Castillioni

Bióloga com Mestrado em Botânica pela UNESP.Desenvolvedora de estudos ligados à ecologia, conservação, sustentabilidade e impactos das alterações climáticas.

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