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Manter o aquecimento global a 1,5˚C ajuda a maioria das espécies a sobreviver

Os insetos, incluindo as abelhas, veriam suas áreas geográficas mais reduzidas sob cenários mais graves de aquecimento futuro.

Limitar o aquecimento global neste século a apenas 1,5 graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais seria um benefício para a biodiversidade do planeta. Este menor limiar de aquecimento, comparado com o aquecimento de 2 graus Celsius, preservará áreas muito maiores das faixas geográficas de dezenas de milhares de espécies terrestres de plantas, vertebrados e insetos que vivem no planeta, sugere um novo estudo.

Usando uma combinação de simulações climáticas e dados sobre a distribuição de mais de 115.000 espécies terrestres em todo o mundo, os cientistas viram diferenças distintas na biodiversidade futura, dependendo de quanto aquecimento o planeta experimenta. A 2 graus Celsius de aquecimento até 2100, 18% das espécies de insetos, 16% das espécies de plantas e 8% das espécies de vertebrados viriam suas áreas geográficas encolherem mais da metade. Com menos de 1,5 graus Celsius de aquecimento, esses números caíram para 6% dos insetos, 8% das plantas e 4% dos vertebrados, informou a equipe na Science em 18 de maio deste ano.

“Perder biodiversidade causará grande impacto, porque isso significa que os organismos deixam de contribuir tanto para o ecossistema”, diz a co-autora do estudo, Rachel Warren, cientista ambiental da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha. Essas contribuições do ecossistema incluem purificação do ar e da água, polinização de plantas e ciclagem de nutrientes.

Até poucos anos atrás, 2 graus era o número mágico. Se as nações do planeta pudessem limitar o aquecimento global a apenas 2 graus Celsius, os cientistas pensariam que o mundo seria relativamente “seguro” – com poucas mudanças no nível do mar, em habitats para espécies ou em condições climáticas. Mas com o tempo, começaram a surgir preocupações de que esse alvo ainda teria um custo muito alto, diz Warren.

Muitas pequenas nações insulares e países menos desenvolvidos, que provavelmente serão os mais atingidos pelos efeitos da mudança climática, fizeram lobby por uma redução mais rigorosa das emissões de gases do efeito estufa para manter o aquecimento global a apenas 1,5 °C até 2100. O Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas feito em 2015 refletiu essa preocupação, pois os delegados concordaram em limitar o aquecimento a “bem abaixo” de 2 graus Celsius (SN: 1/9/16, p. 6).

Mas a literatura científica contém poucas informações sobre os efeitos de um alvo de aquecimento mais baixo, diz Warren. “A comunidade científica tem realmente conseAquecimento Globalguido recuperar o atraso desde o acordo.” Como parte do acordo de Paris, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática das Nações Unidas deve finalizar um relatório especial sobre os impactos de aquecimento de 1,5 graus Celsius.

Para seu estudo, Warren e seus colegas usaram distribuições de espécies do banco de dados internacional da Global Biodiversity Information Facility. A inclusão de insetos – o primeiro para esse estudo, diz Warren – é particularmente importante porque eles estão na base de muitas cadeias alimentares e por causa de suas contribuições para os ecossistemas, incluindo ciclagem de nutrientes em solos e plantas polinizadoras.

Com base na atual distribuição geográfica de cada espécie, a equipe determinou estatisticamente o nicho climático preferido por cada espécie. Em seguida, os pesquisadores projetaram como as condições climáticas mudariam globalmente sob três cenários de aquecimento: 1,5 graus, 2 graus e 3,2 graus Celsius, o que representa a quantidade de aquecimento esperado até 2100 sob as promessas atuais das nações de limitar as emissões de gases de efeito estufa. O passo final foi rastrear o movimento desses nichos ao redor do mundo em resposta à mudança climática e medir o quanto eles cresceram ou diminuíram.

Perdendo terreno

Diferentes cenários de aquecimento global – de 1,5 graus Celsius, 2 graus Celsius ou 3,2 graus Celsius – terão impactos muito diferentes nas faixas geográficas de insetos terrestres e outros invertebrados, plantas e animais vertebrados.

No geral, quanto mais quente o planeta ficava, a maioria das faixas de espécies ficava menor. Isso é por três razões básicas, diz WAquecimento Globalarren. Alguns nichos climáticos migraram para o mar e desapareceram. Outros subiam encostas de montanhas até que não pudessem subir mais. E para algumas espécies – como muitas plantas – o ritmo da mudança climática foi muito rápido para as próprias espécies migrarem.

Então, quanto de uma melhoria é a menor meta de aquecimento? “É a pergunta certa a se fazer”, diz Lauren Buckley, ecologista da Universidade de Washington, em Seattle.

O estudo “é uma grande primeira aproximação da diferença nesses cenários de aquecimento”, diz Buckley. No entanto, observa ela, a abordagem mais ampla do trabalho significa que ele não pode levar em conta a fisiologia dessas espécies ou como cada uma delas pode   reagir a mudanças climáticas.

“Alguns organismos serão vencedores e alguns perdedores com a mudança climática”, diz ela. “Com sorte, muitos biólogos começarão a fazer essa pergunta também”.

 

Referência

https://www.sciencenews.org/article/keeping-global-warming-15-degrees-c-helps-most-species-hold-their-ground?tgt=nr

 

Warren et alThe projected effect on insects, vertebrates, and plants of limiting global warming to 1.5°C rather than 2°CScience. Vol. 360, May 17, 2018, p. 791. doi:10.1126/science.aar3646.

Figuras

https://www.sciencenews.org/article/keeping-global-warming-15-degrees-c-helps-most-species-hold-their-ground?tgt=nr

http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2461314/Global-warming-causing-animals-evolve-migrate-claims-scientist.html

https://fee.org/articles/how-a-free-society-could-solve-global-warming/

 

Texto: Karen P Castillioni

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Escrito por Karen P Castillioni

Bióloga com Mestrado em Botânica pela UNESP.Desenvolvedora de estudos ligados à ecologia, conservação, sustentabilidade e impactos das alterações climáticas.

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