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Meio ambiente: natureza e cultura

Há pelo menos vinte anos escutamos falar cada vez mais sobre meio ambiente. A proteção do meio ambiente, o aumento da poluição, a exaustão dos recursos naturais, o uso dos recursos hídricos, a conservação das florestas, o aquecimento global, a gestão dos resíduos urbanos. São todos temas que se incluem na questão ambiental, tão tratada pela mídia e cada vez mais importante nas decisões políticas e econômicas de nações e empresas, além de afetar diretamente a vida do cidadão comum.

Mas o que é o meio ambiente, do qual todos falam? São as florestas e os desertos, a atmosfera e os oceanos; são os rios que cortam as cidades e as lavouras, os animais selvagens e domésticos; é a área verde do nosso prédio e o canteiro central da avenida? Parece que é tudo isso e muito mais, incluindo todas as atividades que de alguma maneira causam efeito sobre este ambiente em que habita a nossa civilização. Aí podemos incluir a agricultura, a criação de gado e a pesca em alto mar; a produção de tudo o que consumimos; desde a extração das matérias primas até o transporte à loja ou nossa casa. A coisa vai tão longe que até o nosso lixo, o combustível e a fumaça dos nossos carros, a descarga de todos os banheiros e a água de chuveiros faz parte do meio ambiente. Incluso o nosso corpo, os alimentos que ingerimos os milhares de tipos de bactérias que vivem em nosso intestino, tudo isto faz parte do meio ambiente. Meio ambiente é tudo. Em uma linguagem religiosa podemos dizer que meio ambiente é tudo aquilo que Deus colocou em existência nos primeiros seis dias da Criação.

No entanto, meio ambiente é tudo isso e muito mais. Não são somente as coisas que existem na natureza, mas principalmente a relação entre elas. Sim, porque o mundo natural não é estático; todas as coisas exercem influência umas sobre as outras. O Sol evapora a água dos oceanos, que cai na forma de chuva e é absorvida pelo solo, que molhado libera os alimentos para as raízes das plantas, que para crescer incorporam CO², que causa o aquecimento da atmosfera, que aquecida causa os fenômenos climáticos, que, que, que… Uma complexa teia de causas e efeitos classificada pelos cientistas como sistemas complexos – um conjunto de coisas e relações complicadas e difíceis de serem estudadas.

Mas não é somente a geleira do Ártico que se derrete com o aquecimento da atmosfera, a floresta amazônica que é dizimada pela agricultura e pecuária ou os tubarões que são mortos indiscriminadamente. Nossa civilização planetária desenvolveu-se tanto tecnologicamente e exerce cada vez mais pressão sobre a natureza, utilizando-se de seus recursos, que é impossível que alguma atividade humana não cause certo impacto sobre o ambiente, seja localmente ou globalmente. Isto é ainda mais verdade há pelo menos 200 anos, quando o processo de industrialização e urbanização que teve início na Europa espalhou-se gradualmente por todo o mundo.

Paradoxalmente, apesar de tecnologicamente avançados como nunca o fomos, nós humanos dependemos cada vez mais da natureza. Criamos as ferramentas, a agricultura, e as leis; inventamos histórias para nós mesmos na religião, literatura, filosofia, e outras ciências. Mas dependemos cada vez mais dos recursos naturais – energia e matéria – para continuar mantendo a nossa própria natureza, elaborada ao longo dos últimos milhares de anos.

Ricardo Rose é consultor e jornalista, graduado em filosofia e pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias, trabalhando para instituições internacionais. É autor de quatro livros sobre meio ambiente e sustentabilidade e editor do blog “Da natureza e da cultura” (www.danaturezaedacultura.blogspot.com). Seu site profissional é: www.ricardorose.com.br

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Escrito por Ricardo Rose

Ricardo Ernesto Rose, jornalista, graduado em filosofia e pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias.

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