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O problema da poluição veicular

O crescimento econômico do Brasil está fraco, abaixo da média mundial e setores importantes da economia, como o setor automobilístico, começam a apresentar problemas. A queda das vendas aumenta o risco das demissões; dilema que demonstra o quanto nossa economia ainda é pouco diversificada, dependente de poucos setores, que absorvem a mão de obra mais qualificada.

 

Nesta situação a estratégia do governo é criar um pacote de incentivos para o setor, de modo a aumentar as vendas de veículos: redução de impostos, aumento dos prazos de financiamento, etc. Cada carro popular produzido e vendido no Brasil movimenta o dobro do seu preço final em outros produtos e serviços. O setor gera mais de um milhão de empregos diretos e indiretos, num universo total de 24 milhões de trabalhadores economicamente ativos (conforme o site O Barômetro – http://obarometro.wordpress.com/2014/05/07/por-que-tanta-importancia-ao-setor-automotivo/). É compreensível então que a cada nova queda das vendas, o governo seja colocado sob pressão pelas montadoras e pelos sindicatos. Mas o novo pacote de incentivos aumenta o número de automóveis nas cidades – principalmente na região metropolitana de São Paulo, já que 30% da produção nacional de veículos são vendidos nesta região.

 

No entanto, como contrapartida aos incentivos dados ao setor, o governo deveria estabelecer metas mais ambiciosas de redução dos impactos ambientais provocados pelos veículos, já que o problema da poluição está se tornando cada vez mais grave. Segundo o jornal Folha de São Paulo a poluição veicular está causando perdas estimadas em 3,5 trilhões de dólares (7,7 trilhões de reais) nos países desenvolvidos, na Índia e na China. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de mortes provocadas pela poluição veicular foi de 3,5 milhões em 2012, valor 10% superior ao de 2010. A grande contradição, no entanto, é que vem aumentando a produção mundial de veículos, fazendo com a frota atualmente em circulação seja de cerca de 930 milhões de automóveis, utilitários e caminhões.

 

A ONG ICTT (International Council on Clean Transportation – Conselho Internacional de Transporte Limpo) atua em cooperação com órgãos do governo brasileiro e realizou um estudo sobre mortes provocadas por poluição veicular no país. No estudo o Brasil aparece como responsável por 3,5 % das mortes mundiais.  Ao mesmo tempo o país consta como um dos líderes na implantação de medidas visando reduzir a poluição, com a adoção de combustíveis mais limpos, que alcançam o equivalente ao nível 5 europeu. Nesse ínterim a Europa, os EUA e o Canadá já se utilizam de combustível de nível 6, mas o restante dos países ainda adota o nível 4 ou grau inferior.

 

Além de avançar na qualidade do combustível – gasolina e diesel – o país precisa cobrar das montadoras um melhor rendimento dos motores dos veículos, diminuindo as emissões. A China, por exemplo, está gradualmente baixando sua forte poluição atmosférica através da substituição compulsória dos carros antigos por modelos novos. No passado, a idéia também já foi proposta no Brasil, mas talvez não fosse ideal. A solução definitiva é o uso cada vez maior do transporte público, em substituição ao individual. Este caminho exige muitos investimentos, mas foi trilhado por todos os países que conseguiram efetivamente reduzir as emissões provocadas por veículos.

 

Ricardo Rose é consultor, jornalista e autor, pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Graduado e pós-graduado em filosofia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias, trabalhando para instituições internacionais. Atualmente é consultor em inteligência de mercado no setor de sustentabilidade. É editor do blog “Da natureza e da cultura” (www.danaturezaedacultura.blogspot.com). Seu site profissional é: www.ricardorose.com.br

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Escrito por Ricardo Rose

Ricardo Ernesto Rose, jornalista, graduado em filosofia e pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias.

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