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“chico buarque”… uma escala sísmica digital.

O Sr. Francisco Buarque de Holanda, recebeu da parte de alguns jornalistas, defesa entrincheirada por manifestações tidas como invasivas e desrespeitosas em local público (restaurante no Rio de Janeiro) em dezembro último.

Em tempos de internet, inicialmente temos que reconsiderar o significado das expressões “local público”, “privacidade” e acrescer o neologismo “geologia digital”. Principalmente às figuras públicas, como Sr. Francisco Buarque, que é um pródigo produtor de conteúdo digital, gerando, por conseguinte, milhões de conexões que terminam em abalos sísmicos, cuja avaliação somente os estudiosos de “geologia digital” poderão medir a repercussão de eventual estrago.

A seguir alguns exemplos recentes destas reconsiderações por fazer e suas conexões.

Em novembro último, ocorreram invasões em mais de 150 escolas estaduais de São Paulo, que acabaram por danificá-las, gerando um prejuízo de R$ 1 milhão de reais aos cofres públicos, ou seja, à população que paga impostos, exatamente como fazem os frequentadores de um restaurante.

Em tal episódio, o Sr. Francisco fez uma “ligação direta” (não daquelas típicas utilizadas por assaltantes de automóveis), participando da gravação de um simpático “Vídeo Clipe” junto com outros artistas. Em seguida foi postado na “rede” esta importante obra que visa defender a escola pública dos desmandos do governo paulista, e por conseguinte, justifica a invasão das mesmas. Naturalmente os frequentadores do restaurante que o molestaram (mesmo sendo do Rio de Janeiro), assistiram a esta obra, digamos artística, postada na internet. E provavelmente entenderam a tal obra como uma conexão, atrelada com o ilícito, significando provavelmente um desrespeito aos usuários da rede. Na geologia digital é um verdadeiro abalo sísmico de 3,5 pontos na escala “chico buarque”, uma tabela de avaliação sísmica dos estragos causados por postagens de vídeos na rede.

Ou seja, postar no YouTube estas conexões, é um fator que pode gerar views ou milhões de acessos, mas podem gerar os abalos sísmicos decorrentes. E por conta disto, certamente, os manifestantes do restaurante, “retrucaram” também produzindo um vídeo “caseiro” onde o estúdio de gravação foi o próprio restaurante. Foi um ato de pura conexão. É óbvio que o Sr. Francisco foi desrespeitado no restaurante (um local público), assim como milhares de pessoas sentem o mesmo desrespeito assistindo o artista utilizando um local público (a internet) para expressar suas opiniões políticas através de vídeos que fazem conexão com as invasões das escolas.

Outro fator de tremor sísmico de uns 5,0 pontos na escala “chico buarque”, ocorreu num campinho de futebol particular. E para tal, circulou outra conexão: através de um vídeo festivo de um encontro com samba, futebol e cerveja, patrocinado pelo Sr. Francisco, proprietário do campinho de futebol. Num lindo dia ensolarado, certamente de muito trabalho para milhões de brasileiros, os participantes do vídeo debateram com o Sr. Francisco, em tom de festa, situações que novamente remetem às outras invasões públicas, e saudaram entre um copo e outro, a profunda amizade de longos anos de resistência ao capitalismo selvagem.

E como de hábito, esta ação também gerou muitos “compartilhamentos“ no Facebook, um moderno aparelho de sismologia que mede esses tremores, muito utilizado pelo Sr. Francisco para abalar ou, divulgar suas ações. Este vídeo, soou como uma clara agressão pública da parte do Sr. Francisco à Constituição e ao direito constitucional da posse, seja do bem privado ou público, e foi postado sem qualquer avaliação. A pergunta que a população se fez … está correto postar um vídeo (particular) com este conteúdo? É esta uma atitude agressiva e desrespeitosa do Sr. Francisco, semelhante a interpelar inadequadamente alguém em praça pública?

Até as transmissões de rádio, equipamento em desuso por muitos na era digital, tem desgraçadamente atrapalhado e conectado o seu Francisco nos últimos tempos a novos abalos. O respeitado jornalista Alexandre Garcia, utilizou a emissora que trabalha para contar dois episódios de desrespeito, protagonizado pelo nosso personagem e sua ex esposa Marieta Severo. Declarou o citado jornalista, também em dezembro último, que o então casal em 1989, na Rua Von Martius às portas da Rede Globo (local mais que público) “hostilizou verbalmente” com megafone o Sr. Alexandre Garcia. Vale destacar, que foi com um megafone, algo que nos dá, nos dias de hoje, uns 7,5 pontos na nossa já conhecida escala de abalos. Apesar da grosseria ter ocorrido quando sequer havia internet, a postagem do depoimento na rede “conectou” o passado com o presente, como um passe de mágica, e o abalo sísmico se tornou mais atual do que nunca. Pior ainda… vai se acumulando aos outros.

E ainda há mais a avaliar… qual o tamanho do abalo protagonizado pelo Sr. Francisco por apoiar o regime cubano, que utilizou de impostos pagos por contribuintes brasileiros (quase US$ 1 bilhão) para construir o Porto de Mariel na ilha caribenha do reconhecido amigo Fidel?  Bem… se já tínhamos acumulado 16 pontos até então, e considerando o episódio Cuba/Porto de Mariel, superamos certamente 20 pontos… uma verdadeira hecatombe geológica.

Portanto quando a Revista Época na sua coluna “Experiências Digitais” insere um artigo intitulado “Chico Buarque, a era da grosseria on line”, defendendo a tese que os xingamentos ao cantor mostram que houve (indiscutível) desrespeito com o artista, o texto desconsidera o “conjunto da obra sísmica” gerada pelo Sr. Francisco. Pois o autor do texto, parte da premissa dizendo “não vou entrar no mérito do pensamento político (do Sr Francisco Buarque)…” para defendê-lo sobre o embate público ocorrido no restaurante, desprezando totalmente tantas conexões patrocinadas pelo personagem, vistas como agressão. Atenção: são agressões públicas da era digital. Avaliar exclusivamente o episódio do restaurante comprova que estes jornalistas “on line” pouco dão valor sobre o conteúdo e o impacto da obra “on line” do Sr. Francisco, e sua pontuação sísmica “chico buarque” acumulada, quer seja através de suas manifestações em jingles ou vídeos de estranhos jogos de futebol. Estas inserções na rede, migraram do mundo físico do campinho de futebol particular para agressão pública digital, na opinião dos mesmos 93% dos brasileiros, que julgam a gestão Dilma Rousseff como péssima ao longo de todo 2015, e reclamam pela devolução do investimento feito em Cuba. Está tudo conectado.

Estes jornalistas, aparentam assim, desconhecer o custo destas conexões na internet, independente das posições políticas dos conectados, pois há uma óbvia interface com internautas, que em última análise, são contribuintes.

Cabe, portanto, aos jornalistas e a todos nós, estudarmos um pouquinho sobre os dois lados destas conexões, no momento de emitirmos opiniões em defesa do grupo de futebolistas “A” ou frequentadores de restaurantes “B”. E mais ainda: é obrigatório o estudo de “geologia digital”, para avaliarmos quanto um Sr. Francisco Buarque pode gerar de abalo sísmico padrão “chico buarque”.

Autor: Roberto Mangraviti
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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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