in ,

Dia da Pizza no Brasil – Histórias de SP para o mundo

O Dia da Pizza é comemorado no dia 10 de julho em todo Brasil, mas a data foi instituída a partir de São Paulo, em 1985, quando o então secretário de turismo Caio Luís de Carvalho, através de uma grande ideia, criou um  concurso estadual que elegeria as 10 melhores receitas de mussarela e margherita, na “capital da pizza”.

Contudo esta receita amada em todo mundo, desde da sua provável criação pelos egípcios e que foi depois “encampada“ pelos italianos, teve tanto na sua composição aqui no Brasil, como na sua distribuição e comercialização (especialmente em São Paulo), uma interessante transformação.

Há que se destacar inicialmente que nos anos 50 até meados dos 60, comer uma pizza em São Paulo, obrigava as pessoas dirigirem-se a uma pizzaria, que não eram tantas assim.

Isto porque não havia telefones instalados em casas comerciais, impossibilitando “chamar uma pizza”.

O início do Delivery de Pizza

Acredita-se que um dos primeiros deliveries, tenha surgido na Aclimação na Cantina Conte Grande, Rua Almeida Torres 82, que através de seu proprietário Antonio Mangraviti, oriundi da Itália, teve um telefone instalado as pressas, pelo então Governador de São Paulo, Adhemar de Barros.

“Dr. Adhemar”, assim conhecido, era habituée desta cantina italiana e certa feita enquanto deliciava-se com correligionários com deliciosas pizzas (vide foto do governador na Conte Grande em 1958)  surgiu uma urgência em seu gabinete, porém o governador não fora localizado pois não havia telefone instalado  no local. Afinal ter um telefone era uma raridade.

Pizza em 1958 -Governador Ademar de Barros na Cantina Conte Grande
Pizza em 1958 -Governador Ademar de Barros na Cantina Conte Grande

Para que o governador não ficasse mais impedido de atender seus compromissos, mas que continuasse a deliciar-se com a culinária conduzida e aprendida pelo “Seu” Antonio no luxuoso transatlântico Conte Grande,  este especial cliente apressou-se em instalar o telefone   31-32-88 ( somente 6 algarismos) na cantina da Aclimação, que passou então a  receber encomendas de pizzas, algo incomum na época.

Naquela oportunidade um cardápio das “redondas,  não apresentava mais do que 5 tipos de pizzas, para um público fiel e exigente,  porém que seguia o conceito tradicional da Itália.

Pois o pais peninsular,  origem comercial desta delícia, até hoje somente apresenta as tradicionais modalidades de pizzas, como era  o cardápio da Conte Grande dos anos 50.

Pizza - Cardápio da Cantina Conte Grande
Pizza – Cardápio da Cantina Conte Grande

São Paulo anos 50 e 60

Naqueles tempos, entregar uma pizza nas caixas de papelão, similares as atuais, era um luxo só, e uma atividade comercial de poucos.

Sendo assim esperar uma 1 hora  para receber um produto enregelado pelas noites frias de São Paulo, afinal caixas térmicas de isopor não haviam, tampouco inexistindo serviço de motoqueiros, não significava desrespeito ao consumidor, mesmo recebendo uma pizza “emborrachada” por ter sido resfriada.

Não … não, o cliente dava-se por satisfeito, afinal um funcionário, muitas vezes meninos,  haviam caminhado talvez 30, 40  minutos nas saudosas noites seguras de São Paulo, (a violência  era raríssima) para entregar “aquela” pizza numa residência.

Ou seja, o cliente havia sido tratado como um “rei” e recebera sua encomenda na comodidade de seu lar, talvez num sábado chuvoso, onde a preguiça de sair de casa falara mais alto (ou não quisera perder a Família Trappo na TV ?).

Nos tempos atuais de tecnologia,  os app’s das pizzarias disputam suas qualidades tecnológicas ao invés das qualidades da pizza a ser entregue.

E no momento em que os drones passarão em breve a substituir motoqueiros, pois nos dias de hoje mais de 1 milhão de pizzas são entregues por dia pelas 5.000 pizzarias, somente em São Paulo … esta nostalgia poética da pizza, coisa do século passado, seguira viva nas mentes de muitas pessoas.

Afinal esta deliciosa iguaria e de consumo incansável por todos os mortais, em todas as partes do mundo,  contribuiu aqui no Brasil para gerar o sustento de muitos imigrantes  que importaram   e expandiram a cultura italiana pelos quatros cantos do nosso país.

E se histórias lindas, ficaram para traz …  o prazer do consumidor por uma pizza segue inigualável.

Então, Feliz Dia da Pizza a tutti quanti

Autor: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br

 

 A História do Navio Conte Grande 

Cap dos funcionários do Transatlântico Conte Grande
Cap dos funcionários do Transatlântico Conte Grande

SS Conte Grande era um navio cruzeiro que pertencia à empresa Lloyd Sabaudo Line, construído em 1927 no Stabilimento Tecnico Triestino em Trieste, Itália, para servir a linha transatlântica entre GênovaItália e a cidade de Nova Iorque. Lançado ao mar em 29 de junho de 1927, sua viagem inaugural foi de Gênova a Nápoles a Nova Iorque, que ocorreu em 13 de abril de 1928. Em 1932, após a aquisição pela Società di Navigazione, a embarcação foi transferida à América do Sul, mas ficou atracada em SantosBrasil em 1940.

https://www.youtube.com/watch?v=H7dY-Zwo1t0

Durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Brasil declara guerra ao “eixo” Alemanha,Itália e Japão, a embarcação se encontrava atracada em Santos e foi retida pelo governo brasileiro que aprisionou civis italianos, gerando comoção nas famílias italianas que já residiam em São Paulo, antes da guerra.

Após negociações com governo brasileiro, estes marinheiros, como Sr. Antonio Mangraviti fundador da Cantina do mesmo nome do navio em que prestava serviços, foram libertados.

A embarcação   foi entregue aos Estados Unidos e  foi usada como um navio para transporte de tropas – e foi batizada de USS Monticello (AP-61) em 1942.

Após a guerra, em 1947, retornou à Società di Navigazione Italiana e renomeada como Conte Grande. Após uma parada de dois anos, em 1949, retomou o serviço na América do Sul. Em 1960, foi transferida da Società di Navigazione para o Lloyd Triestino (também comandada pela Società), onde serviu por mais um ano até ser desmanchado em 1961.

 

O que você acha?

Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

NWF- National Wildlife Foundation

NWF- National Wildlife Foundation – Preservação Ambiental

Cafeicultura

Cafeicultura ganha qualidade com biotecnologia