As grandes empresas quando iniciam novos empreendimentos, já há algum tempo, inserem aspectos de sustentabilidade no pacote das decisões que podem viabilizar ou não um projeto.
Naturalmente que esta preocupação é mais visível para mega investimentos dadas as exigências da legislação nas esferas Federal, Estadual e Municipal.
A título de exemplo, destacam-se duas obras de vital importância que minimizarão graves problemas estruturais do Brasil : embarque de cargas e energia elétrica.
O primeiro refere-se à construção de um novo terminal de cargas, na margem esquerda do Porto de Santos, a ser inaugurado em 2013, com um custo de R$ 2,3 bilhões.
As obras tiveram início em 2009 a ritmo lento. Somente agora em 2011, contornadas as questões ambientais, acelerou-se a construção. Essas informações foram prestadas em entrevista concedida ao Jornal Brasil Econômico pela Gerente de Programas Ambientais, Regina Tonelli. A matéria informa que a responsável (Embraport) comprometeu-se com a realização de 34 programas ambientais transferindo plantas e animais. Os estudos desses programas tiveram início em 2006 e referem-se à proteção da fauna, flora e qualidade de vida das populações no entorno do manguezal cuja ocupação será somente de 20%, pois quase a metade foi destinada para reserva ambiental, obrigando o avanço do terminal por sobre o mar em pilastras. O custo financeiro para essas obrigações ambientais lamentavelmente não é citado na matéria, mas, a título de informação, destacamos que a indústria em 2010, incluindo a construção civil, em aproximadamente 35% dos casos, investiu em média 5% do valor de novos empreendimentos em questões ambientais. Seja qual for o percentual para a citada obra, uma parte significativa desses R$2,3 bilhões será destinada para a proteção da fauna, flora e manguezal.
O segundo case refere-se a futura usina hidrelétrica de Belo Monte, no Estado do Pará, que mudará o curso do Rio Xingu e orçada em R$ 19,0 bilhões até o momento.
Em 2001 , por conta de problemas de escassez de energia no Brasil, foi iniciado o estudo para construção desta usina, e desde aquele momento, problemas ambientais foram protelando o leilão da obra que ocorreu somente em 2010. Apesar da licença já concedida pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, um “imbróglio” jurídico se arrasta desde 2001 e não há ainda definição para início da obra, apesar da liberação pelo órgão competente.
Pelos prazos acima citados, tanto o Terminal de Santos quanto a Usina de Belo Monte têm no requisito ambiental o “Calcanhar de Aquiles” impactando de forma incalculável, até o momento, no custo das obras.
Fica evidente que a opção pela tecnologia construtiva adequada interligada ao atendimento às questões ambientais pode evitar dilatação nos prazos e R$ milhões de custo adicional ao empreendimento.
Objetivamente a Sustentabilidade passa a ter importância nas decisões estratégicas até para projetos de valores muito inferiores aos citados.
Há que se preocupar, nos dias de hoje, se há passivo ambiental , seja na compra de um terreno para construção de alguns sobrados, posto de gasolina ou oficina mecânica, conforme a legislação específica do local do empreendimento. E é bom lembrar que a legislação será cada vez mais restritiva no aspecto ambiental daqui por diante, e acompanhar essas mudanças faz-se obrigatório para minimizar problemas.
No Estado de São Paulo, o Decreto Nº 55.947 de 24 de Junho de 2010 regulamenta a Lei nº 13.798 de 09 de novembro de 2009 que dispõe sobre a Política Estadual de Mudanças Climáticas. Esta nova regulamentação versa sobre a emissão de gases de efeito estufa ( inclusive em áreas rurais), proteção a recursos hídricos, a fauna e sobre uma comissão permanente de 45 membros de diversas Secretarias de Estado que deverão acompanhar a concessão de licenças para novos empreendimentos.
Como se vê, atenção redobrada e planejamento cuidadoso na esfera ambiental significará a diferença entre o sucesso e o fracasso do empreendimento.
Roberto Mangraviti