A Usina de Belo Monte, foi multada pelo Ibama em R$ 8 milhões pela morte de peixes (Estadão 20.02.16). A cifra, caro leitor não estabelece justiça ou possibilidade de reparo, pois vejamos. Durante o enchimento do reservatório de água ocorrido entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, cerca de 16 toneladas de peixe, foram encontrados mortos na região de Altamira e Vitória do Xingu (PA). Ora, a multa aplicada de R$ 8 milhões, dividida por 16.000 kg, resulta em R$ 500,00 por quilograma de peixes sacrificados. Aparentemente um valor significativo, mas o raciocínio correto segue em outra direção. Quantas fêmeas compunham o grupo de mortos? Quantos ovos e futuras gerações foram dizimadas?
Não temos estas respostas e é impossível obtê-las com precisão. Mas para fazermos um jogo de hipóteses, é sabido que uma fêmea de dourado pode liberar até 1,5 milhões de ovos por período de reprodução, contudo somente 50 indivíduos atingirão a idade adulta. Já uma fêmea de tucunaré pode desovar 1 a 2 vezes ao ano, vivendo até 5 anos. Portanto a questão matemática é simples: se cada fêmea deixou de lançar ovos férteis que gerariam eventualmente mais 50, 100 ou 250 indivíduos, a multa aplicada, na “contabilidade ambiental” pode ter custado não os R$ 500,00/kg mas talvez R$ 2,00, R$ 3,00 ou R$ 10,00… ou seja possivelmente mais barato que o peixe comprado no mercado da esquina que viaja as vezes centenas de quilômetros em câmaras refrigeradas caríssimas. Portanto, considerando que o acidente não ocorreu de forma pontual (numa determinada data) mas ao longo dos 90 dias em que o lago foi enchendo, a punição demonstra ser irrisória pela dimensão da matança (quantidade), pela reincidência (ao longo de 3 meses) e acima de tudo, pela atitude desrespeitosa com a Natureza, demonstrando total desprezo com o impacto futuro e claro … com a matemática!
Autor: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br
Foto: http://www.amata.jex.com.br/
Autor: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br