O apego, em todos os campos da existência, é uma doença que prejudica o surgimento de novas ideias e os avanços na gestão. O ser humano “pequeno” é “apegado“ ao seu cargo, destruindo o surgimento de novas oportunidades de interesse geral, para preservar o seu interesse individual.
Estes profissionais doentes, possuem um “DNA” bem característico: insegurança, arrogância, prepotência, características absolutamente visíveis (para quem quer ver) na sua postura profissional. E por último, uma falsidade ideológica, esta última naturalmente, dissimulada.
Lembremos de Nelson Mandela, e tente enxergar algum tipo de apego ao seu cargo de Presidente da África do Sul? Formado em direito, o primeiro presidente negro sul africano exerceu o cargo entre 1994/1999, afastando-se em seguida do poder para entrar para história, através da dedicação verdadeira às causas sociais. Sua morte em 2013 atraiu personalidades do mundo inteiro, independente, de credo, cor, raça ou religião, por um único motivo: ele era um homem verdadeiro, pois suas ações referendavam seu discurso.
Em suma, o cargo de presidente da África do Sul, era menor que o personagem Nelson Mandela, e não o inverso.
No mundo empresarial e técnico, possuímos também grandes exemplos onde o personagem é maior que o cargo, desprezando rótulos.
Peter Drucker, (Viena 1909/ Claremont-EUA 2005) escritor, professor, consultor de grandes empresas e considerado como o pai da administração moderna, é reconhecido como um dos maiores pensadores sobre os efeitos da globalização na economia. Qual destas faces de Drucker é a mais reverenciada? TODAS, pois o personagem é maior que os cargos que ocupou e não o inverso, como muitas vezes vemos no Brasil, onde “estar” num cargo é uma “profissão”. Estes profissionais mal resolvidos no Brasil, extrapolam sua área de atuação no campo de sobrevivência, e as vezes revestem-se da alcunha de “intelectuais”. Ninguém ousaria classificar Drucker de “intelectual” (mesmo tendo centenas de frases maravilhosas, hoje patrimônio da humanidade). Já no Brasil, um grande cantor ou compositor, torna-se referência “intelectual” muito além do seu campo produtivo. Por qual motivo, ser um grande artista seja pré-qualificação, que o habilite a ser um entendido de política ou macroeconomia? Estranhamento no Brasil, isto é corriqueiro. Parecem que essas pessoas precisam sobreviver pela “imagem” vendida, pois o ”personagem” não mais se sustenta, e utilizam a mídia dando opiniões tecnicamente irrelevantes, pois não são agentes econômicos das áreas em que opinam. Como cidadão, estes personagens possuem sim o direito de manifestar suas opiniões. Mas o fazem como se fossem professor de Macro Economia de Harvard, somente porque são bons atores ou músicos.
Temos como exemplo a reverenciar, o ex-ministro da fazenda Mário Henrique Simonsen (1935/1997), um homem a frente de seu tempo. Engenheiro civil, e economista brilhante, possuía uma inteligência que lhe permitia jogar xadrez com 20 adversários simultaneamente. Simonsen ainda
dedicava-se à musica erudita e principalmente à ópera clássica, e seu conhecimento “extracurricular” o habilitava a ser um articulista da Revista Veja, para seção de Cultura. Contudo este imenso profissional, não ostentava o apelido de “intelectual”, pois era simplesmente o Sr. Mário Henrique Simonsen, um personagem a frente dos cargos transitórios. Verdadeiramente o “cara”.
Portanto, soa um tanto falso estas definições ou utilização de cargos por lideranças empresariais ou em qualquer área de atuação, que precisam se apegar ao cargo, para justificar quem são, quando deveria ser o inverso.
Quando um profissional é senhor de si e de suas qualidades, não vocifera para dar ordens ou em pronunciamentos públicos (arrogância); não se compara a ícones da história mundial (prepotência); não valoriza suas conquistas (insegurança) pois elas são frutos da sociedade a que pertence ao invés de conquistas pessoais(orgulho). Por conseguinte, estas posturas doentes, são fotos de um álbum de figurinhas amarrotadas e emboloradas, construídas através da falsidade ideológica.
Desta forma caro leitor, afaste estes profissionais dos seus empreendimentos e negócios. Pois o verdadeiro líder, é ciente de suas qualidades e seguro de suas funções, não temendo perder o emprego, e muito menos possuindo qualquer tipo de apego ao cargo transitório que ocupa.
Leve grandes desafios a um Drucker ou a um Mandela, que eles saberão solucionar. Caso não saibam, pedirão ajuda, pois são humildes. E se mesmo assim não obtiverem êxito na solução, abrirão espaço e abdicarão do posto, pois são pessoas maiores que o cargo que ocupam.
Autor: Roberto Mangraviti
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