O ex-presidente mundial da Volkswagen, Martin Winterkorn , através de um vídeo institucional, pediu desculpas a todo mundo, em razão da empresa ter vendido 11 milhões de carros a diesel com software que adultera dados sobre emissões de poluentes. No speech do CEO, suas palavras textuais foram que o escândalo “contradiz tudo o que a montadora defende”.
Contudo esta postura corajosa e correta de vir a público, não foram suficientes para uma nação séria (Alemanha) e uma empresa íntegra (Volkswagen). Mr. Martin viu-se obrigado a renunciar, um dia após seu pedido de desculpas.
Interessante destacar que ao fazer o mea culpa (pedindo desculpas) no dia 22, as ações da empresa caíram incríveis 20%. E no dia seguinte ao anunciar sua demissão, as ações já demonstravam uma alta 5,77%. O agora ex-presidente justificou sua saída dizendo “a companhia precisa de um recomeço”.
Uma empresa séria, como é a Volkswagen, pode errar e é razoável que ocorram erros aqui ou acolá em qualquer empresa ou negócio em todo mundo. O que não é razoável, é um líder de uma empresa, associação ou governo, transfigurar a verdade parecendo que erros ocorridos não ocorreram. Quando há um erro, a única saída é proceder como a Volkswagen: ERRAMOS. Justificativas estapafúrdias diante do erro, denota que o equívoco de nada serviu e que os infratores provavelmente continuam praticando o delito ou ainda se valendo dele.
Nesta exemplar declaração, o ex-líder da empresa alemã “pediu mil desculpas aos seus clientes” naturalmente muito constrangido, e uma onda em toda Europa sobre a verdade dos índices de poluições praticados pela indústria alemã, chacoalhou a bolsa levando até a premier Angela Merkel também conceder uma declaração pública.
Esta é a forma correta de solucionar equívocos, em qualquer ambiente de negócios sadios: cortando o mal pela raiz. Elimina-se o “ diz que disse”, e a vida recomeça recolhendo os cacos do aprendizado. Por mais obvio que isto possa parecer, temos que aprender (aqui no Brasil) a aplaudir a atitude dos envolvidos neste equívoco, até porque a troca do gestor (responsabilizando como o maior culpado) ratifica e dignifica os valores da empresa e da nação aonde a matriz está instalada. Pois entende-se que uma postura equivocada de uma indústria mancha mais que uma empresa: mancha uma nação.
No Brasil TODOS os dias há uma nova denúncia na Operação Lava Jato. Inquéritos e mais inquéritos … prisões … indiciamentos … enfim somos obrigados a estudar Direito pelo Google, para podermos assistir ( e entender) um simples telejornal, em razão de tantos jargões e explicações jurídicas sobre as gravíssimas acusações que relatam desvios de milhões de dólares. Os locutores desses telejornais com expressão de profundo enfadonho declaram com ares de falso desmentido … “procuramos fulano que desmente veementemente tal acusação e se defenderá em juízo etc etc “. Enfim NUNCA vimos um único indiciado, mesmo quando transformado em réu e posteriormente responsabilizado criminalmente pelo delito cometido(estando na cadeia) , dar um pequenino depoimento de desculpas. NUNCA. Mesmo com imensas provas materiais (escutas telefônicas, arquivos de computadores) o réu cumpre na cadeia seu papel de “personagem injustiçado”.
Documentos oficiais disponibilizados largamente na imprensa comprovam que a Refinaria Abreu e Lima tinha um Budget aprovado de US$ 2 bilhões, pelo Conselho de Gestão. A obra que deveria ter sido encerrada em 2010, teve suas atividades de refino (parcialmente) iniciado em dezembro de 2014. E o custo final da obra, atingiu estratosféricos US$ 19 bilhões de dólares. Sim, quase 10 vezes além do orçamento. A auditoria da própria Petrobras ( portanto oficial) indica que se a Refinaria Abreu Lima se operar a todo vapor durante toda sua vida útil, não cobrirá os investimentos ali alocados. Algum pedido de desculpas? A Volkswagen em 24 horas, demitiu um competente profissional que adulterou um software sobre emissão de CO2, portanto não houve desvio, estouro de orçamento e certamente a empresa lucrou muito com isso. Mas houve falsidade com a coisa pública ( sim, pública pois o automóvel é utilizado pelo cidadão). Isto é Cultura de nação grande.
Portanto, nada mais justo que aplaudamos a postura da Direção da Volkswagen, e que sirva-nos de exemplo de como pessoas sérias… empresas sérias … governos sérios, devem se comunicar com seu público nestes momentos de equívocos comprovados. Empresa pública pertence ao povo. Empresa privada também pertence CULTURALMENTE ao povo da terra aonde nasceu e cresceu. Uma logamarca de um automóvel estampa a história de gerações de trabalhadores e consumidores.
Parabéns a Volkswagen e ao povo alemão. Pois como diz o dito popular errar é humano, mas persistir no erro …. é calhordice.
Autor: Roberto Mangraviti