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e – economy… A Democratização das Oportunidades.

O Brasil sempre foi carente na coleta e análise de dados que demonstrassem a fotografia de uma situação, especialmente dos empregados ou pessoas economicamente ativas. Basta para isso tomarmos a definição do IBGE para o conceito que define o índice de desempregados:  “Taxa de desocupação (ou desemprego aberto) – percentagem das pessoas desocupadas, em relação às pessoas economicamente ativas”.  Ora, num país que oferece Bolsa Família, “Bolsa Presídio“ ou “Bolsa Pescador”, como avaliar o número daqueles que se dirigiram ao mercado de trabalho em busca de emprego  e não  encontraram? Não estamos entrando no mérito da importância social dos auxílios, mas como avaliar conceitualmente o que é empregado ou desempregado, e as reais conseqüências econômicas.

Nos Estados Unidos e Reino Unido (campeões em avaliações e estatísticas e potências mundiais) têm buscado avaliar o impacto da e-economy ou economia de caráter eletrônico, na formação do PIB e da empregabilidade.

Sabe-se que, naqueles países, apesar do número de free-lancers ter se mostrado estável nos últimos 15 anos (2% da força de trabalho), este novo conceito de “atividade econômica” está gerando grandes debates. A revista “The Economist“, tradicional jornal britânico (1843) impresso em forma de tablóide, aqueceu esta discussão com demandas importantes. Questiona o informativo londrino, por exemplo, como devem ser catalogadas as pessoas que utilizam comercialmente o Just Park, aplicativo que oferece garagens vazias? É uma atividade econômica complementar?  O mesmo raciocínio se aplica ao Airbnb, utilizado para ofertar vagas em moradias de família. Esta busca sobre uma nova visão econômica, e conseqüentemente sobre entendimento de índices num momento de “economia compartilhada”, deveria acender, aqui nos trópicos, um debate semelhante (apesar do nosso estágio ser ainda infantil comparativamente), sobre novas  avaliações econômicas.

No Brasil, especialmente em São Paulo, empresários de forma geral reclamam que não localizam mão de obra qualificada na área do comércio (balconistas/vendedores) ou da construção civil. Esta dificuldade gera um “turnover” insuportável em termos de custos, além da redução da produtividade (dada a rotatividade da mão de obra). Na outra ponta, temos simultaneamente cerca de 7,6% de taxa de desocupação apontada pelo IBGE, onde  estranhamente, profissionais não preenchem as parcas vagas oferecidas atualmente no mercado. Como é possível faltar empregos e empregados simultaneamente?

As perguntas não param por aí. Seria 7,6% a verdadeira taxa de desocupação ou, se considerarmos os benefícios sociais estas taxas seriam de 10%, 15% ou 20% (desastre econômico)? E mais, se essa visão diferenciada fosse aplicada a 08 anos atrás a crise econômica atual, instalada sem previsão de recuo, estaria nítida a mais tempo? E qual o impacto na eventual estagnação do desenvolvimento profissional dessas pessoas e conseqüentemente na economia? Na outra ponta do emprego, quantos profissionais estão se valendo do e-economy para compor a renda? Estariam também os profissionais que prestam serviços em home-office, devidamente computados como trabalhadores sem carteira assinada?

Enfim já passou da hora de desenvolvermos, no Brasil, um olhar diverso sobre a atividade humana, e especialmente sobre o que está certo, e o que está errado em nossos conceitos, de forma despolitizada.

É um fato que a internet, em todos lugares do mundo (como avaliam norte-americanos e ingleses), democratiza oportunidades e faz surgir novos nichos de negócio. E é fato também que no município de Ibotirama, a 648 quilômetros de Salvador, 12% da população total de 27 mil habitantes está registrada no Bolsa-Pesca, mas parte dela supostamente recebe o Seguro Desemprego ao Pescador Artesanal pago pelo governo federal no valor de um salário mínimo por quatro meses ao ano, mas não sabe o que é pegar em linha, anzol ou rede. E alguns sequer moram no município.

Para entendermos este “certo ou errado”, podemos  nos servir para nortear nossos pensamentos, do brilhantismo de Mahatma Gandhi que disse há muito tempo “Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível”.

Portanto, olhando esta nova dinâmica mundial do e-economy, além das ocupações secundárias progressivas de parte da população ativa dos centros urbanos, como gerador de renda adicional através da internet, cabe um fundamental questionamento em nosso país. O que geraria maior impacto econômico na população, oferecer “bolsas” auxílio aos trabalhadores ou colocar 100% dos alunos em escolas de qualidade com internet veloz e de primeiro mundo? Considerando que “recurso” é algo limitado, qual a política macroeconômica correta do governo e conseqüentemente aonde e quanto investir, numa ou noutra ponta?

Com a palavra o IBGE, através de índices atualizados e naturalmente sob a “supervisão” de Gandhi, para nos dizer o que está certo ou errado.

 

Autor: Roberto Mangraviti

contato@sustentahabilidade.com.br

 

(1)O Auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do cidadão recluso em regime fechado ou semi-aberto, desde que ele não receba salário de empresa nem benefício do INSS.

(2) O Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal (Seguro-Defeso) é um benefício do Governo concedido ao pescador profissional artesanal durante o período de paralisação da pesca para preservação das espécies. O valor corresponde a um salário mínimo por mês durante toda a temporada de suspensão da pesca.

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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