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O Bolsa Família ocultou a taxa de desemprego real?

Bolsa Família

14 milhões de desempregados, ou 13,6 % da população ativa, foram os números  apontados pelo IBGE em junho de 2017.

Teria sido o maior índice da série histórica, ou a fórmula que considera um cidadão, “desempregado”  estaria camuflada, e este número poderá ser maior ainda?

Primeiramente, vamos definir o que é Trabalho:

“Trabalho é definido como Ocupação Econômica Remunerada em dinheiro, produtos ou outras formas não monetárias.

Ocupação Econômica Não-Remunerada também entra nessa definição, como por exemplo, ajuda a membros de unidades domiciliares, instituições religiosas beneficentes ou cooperativismo”

Isto posto traçamos as seguintes considerações.

 

Consideração N. 1

Organizações sem Fins Lucrativos subsidiadas por governos, e estas ONG’s de certa forma sustentam cidadãos que sobrevivem como “desocupados funcionais” nesta única ocupação, recebendo proventos irregulares, mas que permite a sobrevivência destas pessoas, que assim  levam a vida, numa relação adoentada de aceitação.

Estariam estas pessoas sendo consideradas, “desempregadas” ?

Estariam estas pessoas procurando emprego ?

Alguns sites apontam que existem no Brasil 350 mil organizações com estas características … outros imaginam até 450 mil.

Mas o fato é que se uma parcela destas tantas mil  estiverem sendo sustentadas por governos ( e muitas estão), através de impostos arrecadados dos trabalhadores e empresas em geral, certamente uma parte destes “desocupados funcionais”, não está compondo o índice de desempregados, por não estarem procurando emprego.

Segundo o site do G1 em matéria publicada em 2012, entre 1996 e 2005 , o número de ONG’s  mais que dobrou, com base nos dados do IBGE.

O texto aponta que existem 66,5 organizações para cada 100 mil habitantes.

Para se ter uma ideia da magnitude deste número, se tomarmos uma cidade de 100 mil habitantes em qualquer canto do Brasil e somarmos os Hospitais e Postos de Saúde, atingiremos 67 unidades?

E Escolas Públicas, Museus e Bibliotecas (efetivamente operantes), atingiremos este mesmo índice?

Um outro referencial para reflexão, provém do livro “ Tendências do investimento social na América Latina”, onde os autores destacam que em 2006, 5% do PIB do Brasil decorreu do terceiro setor, segundo dados do Programa de Voluntários das Nações Unidas.

A pergunta aqui cabe novamente, os recursos que remuneraram estes trabalhadores do terceiro setor, provieram de onde?

Houve contrapartida em produção, ou ainda valor agregado a algum tipo de serviço ou produto?

Consideração N. 2

Segundo “O Globo’, o governo Lula destinou em 2010,  R$ 14 bilhões para o Bolsa Família  (com cerca de 13 milhões de famílias atendidas).

Durante o governo Dilma este número cresceu  para R$ 23 bilhões em 2013, e o governo Temer em 2017 investirá R$ 29 bilhões (valores nominais).

Segundo especialistas no cálculo de taxa de desemprego, “População em Idade Ativa (PIA) são todos aqueles que, em uma determinada faixa etária, estão aptos a exercer uma atividade econômica (procurando emprego).

Esse grupo é formado pela População Economicamente Ativa (PEA) e População Não Economicamente Ativa (PNEA).

Indo além nas definições, para aqueles especialistas, População Desocupada (PD) é constituída do grupo de cidadãos que, “não trabalham, mas estão dispostos a trabalhar, e para isso, procuram emprego”.

Cabe aqui a seguinte pergunta, seria equivocado concluir que, a partir deste ultimo raciocínio, para um cidadão que não trabalha e NÃO esteja disposto a trabalhar, ele não se enquadra, estatisticamente, como População Desocupada (PD) ?

 

Consideração N. 3

O levantamento do índice de desemprego do IBGE, ocorre  todos os meses através da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) nas regiões Metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Consideremos portanto uma mulher separada de um camponês na Região de Campinas (interior de São Paulo com 1 milhão de habitantes), e que possua 3 filhos na faixas de 5, 7 e 10 anos.

E mais, considerando também que a idade limite é de 17 anos para receber o Bolsa Família e que a cidadã esteja satisfeita com uma eventual ajuda irregular do pai de seus filhos,  mais 3 auxílios de Bolsa Família,  e portanto decida não procurar emprego para seu sustento ( e eventualmente um vale leite como ocorre em São Paulo)… esta cidadã,  não é portanto considerada  uma desempregada tecnicamente?

Conclusões Possíveis

A alta do custo de vida nos últimos anos; as restrições econômicas do governo Temer que apontou 14 milhões desempregados; os cortes ocorridos no Bolsa Família; teriam forçado a estas pessoas (tanto o “desocupado funcional”, quanto a “mãe de 03 filhos”  exemplificados acima) a buscarem salário e remuneração no mercado de trabalho?

Se assim o fizeram, não eram “desempregados” e passaram a ser agora?

Qualquer cidadão lúcido tem a sensação interior que jamais  viu tanta gente desempregada, como nos dias de hoje.

A sensação dos “14 milhões” parece irreal e subvalorizada, até porque conhecemos pessoas que estavam num emprego regular, via CLT e hoje prestam serviço aqui ou acolá num home Office, um ou dois dias por semana. E complementa sua renda com um bico no Uber aqui ou acola … e naturalmente se for questionado se está desempregado, sequer saberá responder com exatidão.

Curiosamente o site da Veja do dia 17 de novembro de 2017 destacou que “faltava trabalho para 26,8 milhões de pessoas no país no terceiro trimestre”.

Mas não classificou esta massa como “desempregados”, pois segundo o IBGE este indicador que aponta a “falta de trabalho” é calculado incluindo a taxa de desocupação(desempregados); a taxa de subocupação por insuficiência de horas;  a taxa da força de trabalho potencial; pessoas que não estão em busca de emprego, mas estariam disponíveis para trabalhar.

Engraçado todo este palavrório técnico, eufemismos e metáforas, emoldurado por um economês indigesto, que  os humanos normais, classificam simplesmente de

                                                                      D E S E M P R E G A D O S

 

Texto: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br

 

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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