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O essencial no ser humano, no profissional, e as inversões de valores.

Madre Tereza de Calcutá

Madre Tereza sabia bater pênalti?

Algumas qualidades de comportamento são essenciais no ser humano, outras oportunas e necessárias no profissional, sem que uma situação exclua a outra.

É obvio que todos estamos em evolução no Planeta, e muito temos que aprender na jornada individual e coletiva, e assim podemos afirmar com 100% de precisão que ninguém é 100% honesto, 100% verdadeiro, mas uma inversão lamentável de valores, propositadamente ou não, é observada.

Aquilo que deveria ser primordial para o exercício de uma  profissão, se torna secundário e vice-versa.

Então vejamos …

Neymar simula?  Claro que SIM!

Está correto? Claro que NÃO

E no ambiente em que o jogador circula, há um padrão definido dos colegas?

Há lealdade?

Não e não. Pernas são quebradas e há um desrespeito generalizado na profissão, onde prevalecem cotoveladas, cusparadas, demandas raciais e políticas, e tantas outras que devem, naturalmente, serem combatidas.

Mas é correto julgar o CARÁTER do ser humano Neymar, inserido neste contexto desequilibrado, a partir de suas condutas, por vezes, pouco desportivas?

Óbvio que não!

Pois, quando Neymar leva um chute e rola mais do que deve. Temos as seguintes situações: a) o fato é verdadeiro; b) a consequência do fato (o tombo) é verdadeira; c) a dimensão do fato (rolou demais) é falsa.

Ou seja a essência do fato não é mentirosa, mas a moldura que se apresenta e as tintas é que são falsas, somente.

E quem reclama?

Well, são compradores de ingresso e apreciadores do esporte, com justo direito de fazê-lo ou de desistirem do espetáculo e assistirem Teatro e estudarem Shakespeare, outros de “expulsarem” o ator principal dos palcos desportivos.

Mas e as demais atitudes essenciais daquele profissional?

São religiosamente cumpridas: disciplinado no trabalho, esforço na preparação para desempenho da função (no caso física), empenho no desenvolvimento técnico (treinamentos), e jamais visto em atitude que a riqueza poderia desviar qualquer ser humano pouco preparado, como desprezo as amizades dos tempos de penúria, ingresso no abuso de álcool, baladas etc, etc .

Mudando de profissão agora, e de cenário …

O que seria essencial num político?

Não ser ladrão e não simular cenários (encenar) que destoem da realidade do entendimento de pessoas normais.

Lembrando que políticos não são jogadores, ou protagonistas de espetáculos, sendo   que todo cidadão é obrigado a “adquirir” ingressos, com nome disfarçado de imposto, gostando do espetáculo ou não.

Pior ainda, como cidadãos, somos obrigados ainda a assistir e participar do show, tendo escolhido ou não no “artista” principal.

Logo, temos total direito de medir e avaliar a performance dos atores em cena, afinal adquirimos forçosamente esses ingressos.

E o que vemos neles? Abandono aos amigos dos tempos de penúria, substituindo-os pelos novos pares, em   jantares de “guardanapos” em Paris.

Ou ainda, desfile com grifes incompatíveis com a declaração de pobreza  e injustificáveis aos padrões de  conduta alardeados de ilibados, com hipocrisia absoluta.

Permanecem portanto longe da verdade que apregoam no comportamento, e anos luz distantes da obrigatória preparação da jornada de compromissos, através do estudo de ética, filosofia e economia, para ficar no mínimo das exigências.

Curiosamente, as questões de descontrole do Brasil, acabam achando eco em Neymar … uma espécie de bode expiatório de alas politizadas, afinal ultimamente tudo aqui é politizado.

Constata-se assim uma estranha reação nas redes sociais,  onde aquilo que é secundário em uma profissão , passa a ser cobrado como essencial em outra.

Os críticos de Neymar de “direita” ou mais conservadores, estão associando as mazelas da Nação (enganação, encenação, exagero) como atitudes de um político, fora do contexto ou do compromisso do “mercado” onde o esportista atua.

Criticam a atitude do jogador como algo inaceitável no homem, pois não aguentam mais os políticos ladrões que grassam em todos as direções e equiparam o simular de Neymar, com o de Aécio Neves, de bom moço, inaceitável neste último.

Já uma outra parte, tolerante com ladrões, é mais radical ainda com relação ao comportamento do atleta, e está ancorada no pensamento da esquerda, que julga deter a exclusividade de opiniões sobre a probidade do ser humano.

E considerando que os personagens históricos  que essa gente defende, no campo moral, são verdadeiros desastres de comportamento,  procuram denegrir a imagem do atleta, no campo moral, para criar uma regra rasa e rasteira de conduta nacional, onde o delito de bandidos vestidos de gestores e togas, pareça ser um DNA “normal” e comum no sangue nacional, e assim sendo, “aceitável” e tolerável.

Se Neymar pode enrolar e rolar no chão, porque Gleise Hoffmam  não pode enrolar  sobre o que pensa do genocida Fidel ou do ditador  Nicolás Maduro? Ou dos desvios da Petrobras?

Nivelam assim, por baixo, a partir de si próprios, extrapolando as críticas ao comportamento do jogador, associando- o criminosamente a um mau- caráter, mesmo sendo um profissional zeloso e pai de família exemplar.

A omissão às virtudes de uns, é uma estratégia típica de quem também deseja ocultar, por vezes as mazelas de outros.

Jogam tudo e todos numa vala comum, onde justificam o comportamento inadequado de seus “ídolos”, numa comparação com outros tão ruins quanto.

Portanto, ampliam a luz sobre o que lhes interessa mostrar , ocultando e acobertando o essencial, no caso, defesa de ladrões; uma atitude de caráter, aí sim, inaceitável, para  os valores de uma Nação que se quer fazer maior.

Se valem de uma figura pública esportiva para atacar o comportamento alheio, medindo pelo sua própria régua, assim como fazem para atacar adversários políticos, denegrindo o caráter.

Mas são incapazes de encarar o comportamento próprio e de comparsas na gestão pública no país, para temas absolutamente essenciais para a Nação.

Neymar, possui “parças” que o visitam em Paris, e essa gente comparsas, que visitam em Curitiba, eis a verdade.

Claro que em países europeus o enrolar de Neymar é inaceitável… mas de Gleise também.

Pois naquela sociedade enganar é INACEITÁVEL.

E naturalmente encaram, no mesmo diapasão tanto a atitude de Neymar, como a de um político.

Da mesma forma que não aceitam a simulação de Neymar, não aceitariam a encenação de Lula que frequentou 250 vezes um sítio no nome de alguém, dizendo-se apenas um visitante.

Mas em nossa sociedade, precisamos justificar os fracassos da nação, através do esporte, num equívoco tão inconsequente quanto no passado se associava as vitórias para uma “pátria de chuteiras”.

Neste caso, escolher alguém para cristo, afim de justificar nossas infelicidades sociais, cae como uma luva sobre Neymar, numa espécie de bode expiatório para um grupo (esquerda), e um representante  da Lei de Gerson para outros(conservadores), de levar vantagem em detrimento de outrem.

Mas felizmente, há uma considerável parcela da Nação, que não se encontra nos 2 grupos acima, e não mistura as coisas.

Bandido é bandido, seja por assalto a mão armada ou aos cofres públicos, sendo indefensável tanto um como outro.

E, futebol é futebol.

Logo as questões morais e pecadilhos dos personagens esportivos, estão mais circunscritas naquele cenário específico e com os temperos competitivos que nele se encontram.

Não minimizam  o fato, contudo não produzem um tango de Gardel com os exageros de interpretação portenhos.

Para este grupo, somente assistimos o jogo… torcemos, claro.

Mas pouco lamentaremos quando o Brasil vier a perder, talvez contra a Bélgica, pois terá sido somente um jogo.

E a Madre Teresa com isso?

Com realizações maiores e conduta ilibada, fator considerado sine qua non  para a profissão que abraçou com amor, este último grupo a admira  com acertos e erros que por ventura tenha praticado, pois no mínimo, suas intenções eram verdadeiras e honestas.

Assim como Neymar, o objetivo claro dela era fazer gols.

E verdadeiramente ela o fez, não vendendo gato por lebre, como os políticos e seus seguidores no Brasil proclamam (assim como Neymar também não faz), mas sendo essencialmente verdadeira em suas posturas.

Tampouco, faríamos um drama mexicano se ela “rolasse” no chão, porque o essencial ela cumpriu, tanto no caráter e conduta, quanto na dedicação e objetivos alcançados da sociedade que estava inserida à sua época.

Tanto que a veneranda personagem, chegou a brincar com as crianças, chutando bola nas tardes calorentas e chuvosas da Calcutá .

Mas como isso não era essencial, era benvinda no jogo, e ninguém esperava que ela acertasse o gol, ou ainda soubesse bater pênalti … ou você  esperaria?

Autor: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br

 

Imagens: Lula ( Ueslei Marcelino/Reuters), Madre Teresa (Lifestyle, Neymar (Estadão) , Freira ( Fut’n’ roll Word Press)

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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