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Oceano Sustentável

A palavra “sustentável” e suas expressões, tem sido utilizada diariamente em todos os meios de comunicação. “Temos que ser sustentáveis” … “Aquela empresa é uma empresa sustentável“ … “Estamos lutando pela sustentabilidade”. Mas afinal, o que tudo isto significa?

Sustentabilidade significa utilizar os recursos naturais existentes visando suprir nossas necessidades fundamentais (alimentação, moradia, vestimenta) no presente, de forma que não comprometamos esses recursos para as futuras gerações. Assim sendo ao utilizarmos os recursos naturais de forma inteligente (sem destruí-los ou extingui-los) estamos sendo “sustentáveis” e ‘verdes’, outro sinônimo de sustentabilidade.

O Tripé da sustentabilidade se apoia em três aspectos que a caracteriza: atividade economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente correta. Sendo assim, para ser sustentável, é preciso que esses aspectos interajam de forma simultânea e sobrepostas, sem que o “excesso” de um fator, signifique uma menor eficiência, ou prejuízo de outro.

A necessidade de uma indústria mais verde e menos poluidora já foi abordada nos 12 princípios da “química verde”, que oferecem soluções e opções para que a ciência continue, minimizando a geração de poluição ou descartes indesejáveis.

Outra prática que vem sendo implementada na indústria e no meio corporativo é a eco-eficiência. A função da eco-eficiência é examinar a cadeia produtiva total e o ciclo de vida dos insumos, portanto indo muito além do simples fornecimento de um produto final. Nesta nova escala de valores, a responsabilidade do produtor engloba: extração, transformação, transporte, uso, reuso, manutenção, reciclo, retorno e deposição final. Mas por resultarem em acréscimo no custo de produção para quem as pratica, ainda são poucas as corporações, que adotaram a eco-eficiência em suas linhas operacionais.
E como a sustentabilidade se aplica ao mundo marinho? Como fazer para utilizar os recursos do mar sem degradar, poluir ou levar as espécies em extinção? É possível pescar e consumir um estoque pesqueiro sem atrapalhar seu ciclo de vida e nem reduzir esse estoque? Sim, inicialmente respeitando-se os ciclos de reprodução das espécies, retirando para consumo a quantidade adequada de indivíduos, permitindo assim o estoque se recuperar. Fazemos isso? Não, não fazemos. A indústria da pesca retira do mar uma quantidade muito maior do que deveria, não permitindo que as espécies se recuperem, levando a gradativa redução de estoques ano após ano. Parar extrapolar a busca de lucros com a pesca, redes mais potentes e maiores são usadas, onde indivíduos mais jovens são capturados comprometendo as futuras gerações das espécies.

É possível utilizar as margens costeiras para habitação e turismo? Sim, é possível, respeitando os limites de construções e pesca de animais, além da destinação correta dos resíduos urbanos e industriais. Fazemos isso? Não, não fazemos. Destruímos mangues (áreas extremamente importantes para o ecossistema e sobrevivência de muitas espécies) para construção de Resorts de luxo, permitindo que estas construções indevidas avancem por sobre as dunas, alterando completamente a morfodinâmica das praias. O resultado desta ação traz uma consequência nociva imediata: despeja-se no mar tudo que não queremos em nossas casas, causando a poluição das áreas e morte de muitos animais.

A questão central portanto é se temos como produzir mais, consumindo menos, madeira e petróleo etc? Claro que SIM , basta reciclar e reutilizar (muito mais), exercendo simultaneamente o consumo consciente e buscando alternativas que causem o menor impacto possível.
Difícil ? Não, não é …que tal começarmos já ?

* Esse texto foi escrito com a colaboração da também Oceanóloga Vivian Martinho.

oceano sustentavel1

fotos: TROUBLED WATERS – DOCUMENTARY ABOUT IMPACTS OF OVERFISHING. (2015)

Autora: Thayná Correa

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Escrito por Thayna Correia

Mestre em Oceanografia, Física, Química e Geológica. Especialista em Estudos Ambientais para área petrolífera e Repostas a Derramamento de Óleo em Corpos Hídricos.

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