O leitor com menos de 40 anos, talvez não saiba, mas nos anos 60 as goiabeiras eram tantas em São Paulo, que o delicioso fruto não era vendido nas feiras livres, dada a abundância que gratuitamente se encontrava nas ruas.
Nossos vizinhos possuíam frondosas árvores e aprendíamos desde cedo a reconhecer a fruta “bichada”, inadequada para o consumo … e deste aprendizado surgiu a metáfora que nos alertava que alguém de cérebro “mole”, era alguém com ideias adoentadas, como uma goiaba bichada.
Esses caras eram chamados de “goiaba”, pessoa de ideia rudimentar, cabeça bichada de informações, enfim, alguém sem noção .
Pois é… as goiabeiras se foram da paisagem paulistana, mas os “goiaba” seguem se multiplicando.
Encontrar um cidadão que possa articular um pensamento sistêmico, com começo, meio e fim, passou a ser uma raridade tão difícil quanto encontrar uma goiabeira frondosa na tumultuada São Paulo.
“Ser do contra”, por exemplo, era uma atitude normal nos jovens dos anos 60, afinal “Si hay gobierno, soy contra”, era o ditado em voga.
Hoje em dia, com tanta informação, os “goiaba” seguem este lema absurdo diante do raciocínio sistêmico, achando plausível que 100% do pensamento de A ou B, possa estar errado.
Mais ainda… defendem teses absurdas, desconhecendo um princípio básico da lógica, como o Mestre Carlos Faccina, nos ensinava nos bancos do Mackenzie … “Teoria econômica, é tudo aquilo que se comprova na prática. E se não for possível comprovar, deixa de ser teoria e passa a se chamar utopia”.
Desconhecem leis de mercado, e montam raciocínios desarticulados que assustam pela falta de lógica.
São capazes de achar que nos dias de hoje, como as goiabas são vendidas nas feiras livres, é decorrência de algum capitalista criminoso que explora a sociedade, afinal antes as mesmas eram gratuitas.
A tal lei da oferta, quando o excesso de produção pode levar até ao preço negativo (por isso eram gratuitas) , não compõe o pensamento sistêmico dessa gente.
Estarão alguns leitores pensando que atualmente, do ensino fundamental até o superior, o nível tenha decaído tanto que os ensinamentos não permitem maiores reflexões.
Errado.
Marilena Chauí (para ficar num único exemplo ), um protótipo bem acabado dos “goiaba” dos anos 60, hoje como professora da Universidade de São Paulo, tem uma legião de seguidores naquele centro de estudo ( o mais avançado do Brasil), que comprova a multiplicação dos “goiaba” na classe média e com bom nível de estudo.
Não sabemos portanto, se a água contaminada, comida industrializada, poluição, buraco na camada de ozônio, ou outro fenômeno qualquer, tenha permitido esse acidente, ainda não explicado pela ciência, que comprova que as goiabeiras se foram, mas os “goiaba” incrivelmente se multiplicam.
Alguém sabe explicar ?
Texto: Roberto Mangraviti
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