Se consideramos a gangorra de notícias, “solta-prende” desta semana, podemos entender porque a Globo não emplacará uma novela no século XXI, e muito menos um programa jornalístico, tipo,
Jornal Nacional ou variedades como Fantástico.
Sobre as novelas, os motivos são óbvios.
Não há história mais surreal, do que a tragicomédia encabeçada por Marco Aurélio Mello.
Antigamente sentávamos no sofá da sala, reunindo a família no quase único televisor da casa, para assistirmos a novela das 8, com as sacanagens protagonizadas por Odete Roitman em “Vale
Tudo”, num exercício de dramaturgia exemplar de Beatriz Segall, que lamentavelmente faleceu neste 2018.
No dia seguinte, quando chegávamos no escritório, os amigos da Philips perguntavam, “você viu a novela?”. Era o ritmo normal do dia.
A sacanagem estava na novela.
Mas como poderá, nos dias de hoje, a Globo, gravar um folhetim, “mais emocionante”, tendo um Marco Aurélio Mello ou um Gilmar Mendes, TODOS OS DIAS, deixando a grande vilã no chinelo, no sentimento da sacanagem que nos atinge (de verdade)?
Pior ainda… por ser real, exaurem nossas forças, de tal forma, que ao chegar a “hora da novela” , estamos esgotados e não queremos assistir um folhetim fictício, querendo se passar por “verdadeiro”, e que obviamente se torna água com açúcar, diante da vida real.
A novela acaba soando falso… FAKE diante da realidade.
Quanto ao Jornal Nacional, a situação é pior ainda.
Durante todo o dia, notícias e mais notícias, vão circulando com os “artistas” , Gilmar Mendes, Toffoli, Levandowiski e Marco Aurélio.
Solta. Prende. Habeas Corpus. Vazamento de áudio. Condução coercitiva. Delação premiada… desde o início da Lava Jato (março de 2014), é um susto a cada meia hora.
Uma vasta “programação “ de notícias, que nos coloca inclusive com o dicionário jurídico na cabeceira, para saber o que significa tanto jargão, durante todo dia.
E ao invés do “dia seguinte” na Philips, ou nos ambientes de trabalho para falarmos do Collor, Ulysses Guimarães etc , os amigos do zap perguntam on line, a cada minuto “você viu que um plantonista (Rogério Favretto) tentou soltar o Lula num domingo?”.
Lá se foi pro saco, o prazer do meu spaghetti “a la scarpara” , feito com esmero para reunir a família no domingo.
Zap daqui, zap de lá… notícias via cabo … internet … o domingo virou segunda feira!
Ao chegar a noite, se torna absolutamente desnecessário, assistir ao “Fantástico” ou “Jornal Nacional” porque durante o dia, fomos obrigados a acompanhar, par e passo, uma versão trágica dos “Trapalhões” do século XXI.
O que nos resta? DESCANSAR , pois estamos exaustos, afinal assistimos um “Vale Tudo” de verdade … E assistir?
Ainda acho ‘The Big Ben Theory” uma ótima comédia, afinal um nerd como Sheldon Cooper, jamais me faz lembrar “os trapalhões” do século XXI, com caras de dinossauros.
E se for para assistir criminosos , “The Mentalist” , ou “The Close” mostra uma realidade dos malucos norte americanos, com suas crises sociais, me desligando dos 65.000 assassinatos anuais do Brasil.
Aí que saudades dos tempos da elegantérrima Odete Roitman !
Texto: Roberto Mangraviti
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