Roberto Landell de Moura nasceu em Porto Alegre, numa casa situada no coração do centro histórico da capital dos gaúchos, em 21 de janeiro de 1861 e desde muito jovem já demonstrava afeição por duas grandes áreas pelas quais dedicaria , praticamente sua vida inteira : a vida religiosa e as experiências tecno-cientificas.
Ao sacerdócio abraçou ainda no Estado natal, quando ingressou no Colégio da Companhia de Jesus, na Cidade gaúcha de São Leopoldo e posteriormente, concluindo seus estudos eclesiásticos no Vaticano, nos conceituados Colégio Pio-Americano e na Pontifícia Universidade Gregoriana. Muito jovem, já de volta ao Brasii, se destacava como pároco da Igreja de Mogi das Cruzes, próximo a Capital paulista.
Simultaneamente a ordenação sacerdotal, aflorou em Landell seu lídimo interesse pela ciência, pois em 1879 já era aluna da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, e como menos de 30 anos já proferia palestras a Sua Majestade Dom Pedro II, o imperador brasileiro daquele tempo.
Já transferido para São Paulo, incumbido de ministrar ofícios religiosos em uma Paróquia do bairro de Santana, padre Landell de Moura apresenta seu primeiro feito cientifico-tecnológico, quando consegue em 1894 concluir com sucesso a transmissão por telégrafo sem fio da palavra humana a uma aproximada distância de 8 quilômetros, do “espigão’ da Avenida Paulista até o morro de Santana. É fundamental sublinhar que tal prodígio ocorreu pelo menos um ano antes da mundialmente conhecida experiência do físico italiano Guglielmo Marconi (1874-1937) , detentor do Premio Nobel de Física de 1909, que somente em 1895 fez similares experiências de Landell, na cidade italiana de Ontechi.
Essa inovadora descoberta de Landell de Moura, acerca da real possibilidade de transmitir a palavra a distancia sem o uso de fios transmissores, foi viabilizada por meio da construção de um rústico mais eficiente aparelho transmissor sem fio que objetivava a transmissão de mensagens, datado de 1892.
Por tudo isso, fica patente e comprovado que a experiência transmissora de voz em ondas sonoras de Landell de Moura é anterior a Marconi, somado ao fato que Landell fabricava seus próprios instrumentos científicos para a propagação do som a distancia, como o “anematófono” e o “teletition”…Em 1900, os jornais paulistanos já noticiavam com grande destaque os experimentos desse grande inventor brasileiro, inclusive testemunhados por representantes de outros paises, como o Reino Unido.
Lamentavelmente, o grande criador pátrio teve o reconhecimento de seus importantes inventos bastante demorado, só conseguindo obter sua primeira patente em 1901, mais de sete anos após a demonstração pratica da propagação da voz a distancia. Apos essa primeira patente vieram outras, não menos importantes, como a do telefone sem fio (numero 775.337) e do telégrafo sem fio (número 775.846).
Landell vive três anos nos Estados Unidos, dando prosseguimento a suas pesquisas tecnológicas e travando uma luta para a obtenção de um maior reconhecimento de seus pioneiros inventos. Com a consolidação da válvula de Crookes para a o desenvolvimento dos meios de comunicação sem fio, por meio da geração de ondas eletromagnéticas, Landell de Moura abriu um grande espaço para outros experimentos nessa área, que , por exemplo levaram o físico norte-americano Lee de Forest (1873-1961) a desenvolver as primeiras transmissões de rádio nos EUA (1907) e na França (1908).
Por todo esse inovador conjunto de contribuições para a ciência e tecnologia em âmbito global, que infelizmente só não ganhou maior e justa notoriedade e reconhecimento por completa ausência de apoio governamental e institucional na época de sua realização, Padre Landell de Moura tem com certeza, garantido seu espaço na história do conhecimento brasileiro e mundial. O eminente sacerdote-cientista faleceu em sua natal Porto Alegre, precocemente, aos 56 anos, no dia 30 de junho de 1928, sem usufruir das láureas atinentes a suas necessárias descobertas.
Por quase quatro décadas seu nome ficou praticamente esquecido, mais em virtude de revisões biográficas, como o excelente livro do conterrâneo gaúcho e exímio dramaturgo Ernani Fornari, que o biografou na década de 60, seus feitos foram recuperados e recordados.
Em São Paulo, o Prefeito Olavo Setúbal, juntamente com o seu renomado Secretario de Cultura , professor e critico teatral Sábato Magaldi, homenageia Landell de Moura com o nome de uma rua na região do Tatuapé em 1975, curiosamente no mesmo dia que nomeia o Bispo Dom Paulo Rolim Loureiro (1908-1975), o religioso que abençoou os Estúdios da TV Tupi na data de sua fundação em setembro de 1950 como titulo de outra rua na capital paulista, no bairro de Santo Amaro.
Essa é a síntese da trajetória de Roberto Landell de Moura, um lidimo e empreendedor brasileiro, que suplantando uma série de adversidades, deixou indelevelmente seu nome na ciência e na radiodifusão mundial. ”
Texto: Fábio Rajaili Siqueira
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