É surreal .
Eike Batista tem o título de Barão de São João da Barra concedido pela prefeita daquela cidade que se “ autoautorgou” baronesa.
Esta é a moldura imperial de uma série de crimes praticados, onde o desrespeitar o meio ambiente, é fichinha diante de gravíssimos fatos.
O Porto de Açu, construído por Eike Batista e inaugurado em 2014 para principalmente escoar minério de ferro de MG, teve “apoio” do então governador Sergio Cabral (ambos presos), e desde o início apresentava denuncias graves.
Inicialmente porque 400 famílias tiveram suas terras desapropriadas, e somente 80% foram ressarcidas pelo Estado, até hoje.
Por quê?
Ora, o fato é que algumas famílias estão na região há 50 ou 60 anos, mas muitos casos, a documentação não se achava regularizada e o Estado não pode ressarcir nestas circunstâncias.
Desta forma estas desapropriações, foram organizadas, segundo a GloboNews, através da distribuição de propinas para aproveitar esta lacuna.
Para isto, invasões com jagunços e meios semelhantes foram utilizados.
Claro que neste “modelo de negócio”, as questões ambientais foram absolutamente esquecidas, na medida em que termoelétricas foram construídas na região para suprir a nova demanda de energia.
A escolha de Eike e seus amigos por este modelo de energia é compatível com seu título de “barão” , arcaico como nunca, pois apesar de aproveitar logisticamente o carvão transportado, gera gases de efeito estufa.
Enquanto a Alemanha inicia o desligamento de usinas construídas há décadas, por não mais atenderem as necessidades ambientais atuais, Eike e seus amigos, posam de “ empresários modernos” com este olhar ancestral.
Fundamental ao leitor incorporar nesta linha de raciocínio que, o respeito ao meio ambiente, quando é o ponto de partida de um projeto, conduz as demais condições para o caminho do lícito no campo legal, e moral no campo da ética.
Condições que agora, após as prisões dos mentores destes atos indevidos, se comprova como absolutamente esquecidas.
E o mais triste desta história …
Considerando que Eike Batista já vendeu a maioria das ações ao grupo internacional Anglo American e ademais, o porto não operar a pleno pulmões, sabem como sobrevivem os investidores ?
Recebendo aluguel das terras desapropriadas e obtidas de forma absolutamente duvidosas, que totalizam 250 milhões de reais anuais.
Enfim, mais um mar de dejetos que a sociedade brasileira terá que esgotar, assim como na chegada de D.João VI ao Rio de Janeiro, em 1808, afinal para os envolvidos, estamos no tempo do império.
Texto: Roberto Mangraviti
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