Depois de Donald Trump ter sido confirmado como o 45º presidente dos Estados Unidos, analistas de diversas áreas vêm tentando prever as conseqüências para o país e o mundo. Tal expectativa se deve ao fato de Trump ter dado as mais inesperadas declarações sobre diversos assuntos, enquanto candidato. Da construção de um muro entre o México e os Estados Unidos ao fechamento das fronteiras americanas aos imigrantes muçulmanos, até a imposição de taxas de importação aos produtos chineses. Isto sem falar dos comentários preconceituosos contra imigrantes latinos, até declarações machistas e a perspectiva do relativo fechamento da economia americana. Se o novo presidente americano colocar efetivamente em prática o que prometeu fazer em diversas áreas, o impacto sobre seu país e o restante do planeta será muito grande.
Nosso tema neste artigo são as perspectivas de desenvolvimento do setor ambiental sob a administração de um governo Trump. Em sua campanha pré-eleitoral o candidato fez diversas declarações sobre temas relacionados à questão ambiental. Entre outras coisas, afirmou não acreditar na existência das Mudanças Climáticas e que se eleito iria tirar os Estados Unidos do Acordo sobre o Clima. Internamente, o candidato declarou que limitará o poder da agência ambiental americana (EPA) e abrirá diversas áreas federais para a exploração do petróleo, gás natural e carvão. Também prometeu paralisar programas de redução de emissões instituídos pela atual administração.
Neste contexto, vamos lembrar que os Estados Unidos são a nação que, pelo menos nos últimos sessenta anos, mais influenciou a economia mundial. Novas tecnologias, novos produtos e maneiras de produzir, técnicas de administração e de marketing, enfim, a América influenciou, apoiou e em parte financiou a expansão do moderno capitalismo. Até as primeiras leis ambientais e grupos ambientalistas surgiram em solo americano. Assim, mesmo sendo o maior consumidor de recursos naturais e gerador de emissões – e até mesmo por isso – a atitude dos Estados Unidos em relação ao meio ambiente é importante para o mundo.
Por isso, se o governo americano reduzir internamente o controle ambiental, desenvolver ações que beneficiem o uso de combustíveis fósseis e internacionalmente se colocar em uma posição contrária à redução global das emissões, isso certamente terá uma influência sobre os outros países, a começar pela China. Trata-se de um bom negócio para governos, principalmente de países em desenvolvimento ainda às voltas com grandes problemas ambientais, reduzirem seus investimentos nesta área sob a alegação de que “a nação mais rica do mundo está fazendo o mesmo”.
Se, aliado a esse posicionamento em relação às questões ambientais os Estado Unidos ainda adotarem uma atitude de isolacionismo econômico, vão provocar atitudes semelhantes em outros países, o que acabará reduzindo os investimentos globais. A rarefação dos investimentos externos significa, para países como o Brasil, menos investidores para projetos de infraestrutura, como saneamento e energia, e paralisação de projetos de novas indústrias – todos envolvendo grandes investimentos em tecnologias de proteção ambiental. A relativa importância que a eleição de um presidente americano possa ter, neste caso poderá aumentar e exercer forte influência sobre o setor de meio ambiente em todo o planeta.
Texto: Ricardo Ernesto Rose (*)
(*) Consultor, jornalista e autor, pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Graduado e pós-graduado em filosofia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias, trabalhando para instituições internacionais. Atualmente é consultor em inteligência de mercado no setor de sustentabilidade. É editor do blog “Da natureza e da cultura” (www.danaturezaedacultura.blogspot.com). Seu site profissional é: www.ricardorose.com.br