O cantor Agostinho dos Santos nasceu em São Paulo aos 25 dias de abril de1932 e morreu com 41 anos em um acidente aéreo nas proximidades do aeroporto de Orly, Paris, França, aos 12 de julho de 1973. Compartilhávamos o amor pela música e pelo esporte. Jogamos Futebol de Salão no Tênis Clube Paulista agremiação precursora da modalidade e signatária da fundação da Federação Paulista de Futebol de Salão.
A Gazeta Esportiva, de 12 de fevereiro de 1958, em matéria de página inteira assinada por Renato Cardoso e fotos de Alberto Sartini, destacou Mário Albanese: Craque Salonista – Advogado – Compositor Fadado ao Sucesso. O jovem goleiro do Tênis Clube Paulista não se contenta com pouca coisa. Não chega aos sete instrumentos, mas quase… Suas músicas, agora lançadas, prometem tornar-se grandes êxitos, Do menino prodígio ao compositor de méritos. Acetato, datado de 1955 e que preservo até hoje, Agostinho dos Santos interpretou Coração da minha terra, samba exaltação em parceria com Sylvio Tancredi, comemorativo do 4º Centenário da Cidade de São Paulo, 25.01.1954, arranjo do Gaó – Odmar Amaral Gurgel. Agostinho dos Santos, uma voz e seus sucessos, LPNG 4008, Polydor, de 1956, arranjos e regência de Waldemiro Lemke e Henrique Simonetti, foi seu primeiro disco. Nele a toada, de minha autoria com letra de Armando Blundi Bastos, Pra lá e pra cá, destaque na Alemanha onde foi lançada em compacto simples.
Nossa convivência foi fraterna e sincera na amizade, nos ideais e objetivos. Agostinho lançou minhas composições nas audições da Rádio Nacional de SP, escorado pelos arranjos orquestrais de uma verdadeira constelação de consagrados e reconhecidos maestros: Gaó, Osmar Milani, Sylvio Tancredi, Guerra Peixe, e Spartaco Rossi que, certamente, ajudaram a torná-las conhecidas e gravadas em disco por outros artistas. Assim foi com Insônia, letra de Heitor Carillo, gravada por Cauby Peixoto, Osmar Milani, Roberto Inglês, Luiz Arruda Paes, Isaura Garcia, Élcio Álvares além do Lp Mário Albanese – Insônia editado pela Odeon com doze músicas próprias, uma delas, Você, com letra de Heitor Carillo, estourou nas paradas no segundo semestre de 1958 com a cantora Marina Barbosa e manteve-se como sucesso até o Carnaval de 1960, título também do LP Copacabana nº 11.138 onde Você aparece interpretada como marcha-rancho por Agnaldo Rayol e a Banda de Altamiro Carilho. Essa gravação foi também lançada em 78 rpm, por Discos Copacabana. Na transferência do Agostinho para a gravadora RGE dos amigos José Scatena e Jaques Netter, eu o representei como advogado. Do LP RGE, XRLP 5033, Agostinho Espetacular interpretou Sede de Amor, e fez jus ao título! Amparado por um primoroso arranjo orquestral de Enrico Simonetti, Agostinho cantou à capela toda a primeira parte, sustentado apenas pelo ritmo de um bongô, revelando uma voz afinada, suave e límpida. A RGE extraiu desse LP um 78 rpm de nº 10.189, Sede de Amor, para puxar a venda, conforme expediente utilizado àquela época.
Sede de Amor, além da gravação Ricordi com Mário Albanese ao piano e o octeto vocal Os Modernistas, foi também lançada pela orquestra de Osmar Milani, pelo cantor Maurício Carlos e por Élcio Álvares e orquestra. Futebol de Salão além de atleta dá artista também. Paulo Ricciopo, jornalista de A Gazeta Esportiva, aos 25.11.58, faz um histórico relato da dessa modalidade bem como da minha atuação como atleta e dirigente. Um show artístico somente com praticantes do futsal: Mário Albanese, Agostinho dos Santos, Breno Cerqueira Leite, Antônio Carlos Próspero, Tito Marino e Caetano Zammataro, mereceu o registro de A Gazeta Esportiva na edição de 27 de novembro de 1958. Ainda nesse ano fui também Campeão Paulista Universitário pelo C A XI de Agosto da Faculdade de Direito da USP, bem como o Atleta do Ano do Futebol de Salão. O esporte nos ajudou a consolidar o que fazíamos com música! No Diário de São Paulo,16.11.1958, Sérgio Famá D’Antino, publicou: “Mário Albanese, o homem dos sete instrumentos”. Advogado, jornalista, compositor de renome, professor de música, craque salonista, esportista universitário e dedicado dirigente, eis suas funções durante um dia de “25 horas”.
Foto:https://orfaosdoloronix.wordpress.com/category/agostinho-dos-santos/
Autor: Mário Albanese
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