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Desemprego: aprendizado e soluções

Foto: Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas Carteira de Trabalho

Atualmente precisamos treinar nosso olhar otimista para enxergar uma saída ou alternativa diante deste cenário caótico que se descortina. O lado bom do desemprego  é  que proporcionará uma profissionalização dos serviços.  Muitos gestores, gerentes, engenheiros, contadores  enfim “n” profissionais que trabalharam por anos em grandes empresas e que têm uma bagagem consistente de gestão e processos modernos estão desempregados e  serão inseridos novamente em outras funções ou atividades menos estratégicas e mais operacionais. Alguns vão se aventurar em seu próprio negócio.  E esse momento representa uma grande oportunidade para estes profissionais perceberem os “gaps” do mercado que sofre com a falta de profissionalização dos serviços.

A escassez de profissionalização dos serviços geram desperdícios milionários porque os profissionais que têm conhecimento nunca se sujeitaram a ficar dias ou semanas mergulhadas no trabalho operacional. No Brasil, profissionais com mais de 45 anos têm dificuldades em se recolocar. Uma pesquisa da PriceWaterhouseCoopers (PWC) mostra que profissionais acima dessa faixa etária representam apenas 24% da força de trabalho no país, contra 38% nos Estados Unidos. Segundo Luciana Tegon, sócia diretora da Tegon Consultoria, a empregabilidade dos profissionais com mais de 45 anos melhora quando há falta de profissionais qualificados no mercado e piora quando há mais jovens desempregados.

E, apesar das dificuldades em recolocação, muitos profissionais com 50, 60 anos ou mais, relutam em aceitar mudanças significativas de carreiras, insistindo em buscar oportunidades iguais às que tinham quando deixaram o último emprego, o que é algo praticamente impossível nos dias de hoje.  Além disso, no Brasil, um ex-diretor de empresas rejeita oportunidades como gerente, uma vez que isso significaria uma “redução de status e de salário”. E a maioria absoluta deixa oportunidades em outros segmentos que não aqueles onde atuavam, inclusive a possibilidade de abrir um negócio próprio.

Mesmo que assuma um emprego operacional, o seu conhecimento poderá ser aplicado na empresa onde está trabalhando através da confiança do empregador em suas habilidades.

Experimentei esse cenário há três anos, quando não tive sucesso em minha empresa e a minha resistência gerou grande depressão. Foi quando arrumei um trabalho como recepcionista. Entendi que sentir a realidade na pele nos faz enxergar os desperdícios dos processos e das oportunidades e compreendi que todo o conhecimento adquirido anteriormente seria muito útil naquele espaço.  Isso deu um folego novo para levar em frente o Mottainai porque fazer um trabalho operacional por um ano enriqueceu o  mind set  de como eu poderia ser útil de forma efetiva para outras organizações.

Isso permitiu enxergar e aplicar outras mudanças para evitar o desperdício, como dispensar a faxineira e isso despertou a consciência de ter mais cuidado com a desordem e o lixo que acumulamos. Outra constatação: desde então os produtos de limpeza duram muito mais. Até para realizar as atividades domésticas há técnicas que facilitam muito, mas as faxineiras nem sempre sabem. Mas se existisse um curso ou formação de domésticas sustentáveis seria possível aprender como manter a casa limpa, economizando água, energia, produtos de limpeza, deixando a casa funcional e sustentável.

No entanto, essa e outras tantas experiências é para aqueles que entendem que o mercado necessita de seu conhecimento de forma mais coerente, uma vez que os recursos estão mais escassos e é possível aplicá-los de forma mais sustentável, sem desperdiçar o seu tempo com a busca pelo “emprego perdido” com o mesmo status.

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Escrito por Tiemi Yamashita

Palestrante e desenvolvedora do Mottainai, conceito da cultura japonêsa sobre redução do desperdício. Estrategista social atuando em Projetos da ONU, MTE e BID.

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