Se tanto se fala na proteção ao meio ambiente e em uma economia mais eficiente e menos exploradora dos recursos naturais, por que ainda temos tantos problemas? Por que motivos as grandes cidades da maioria dos países pobres e em desenvolvimento continuam com mau gerenciamento de seus resíduos, sem tratamento de parte de seus efluentes e com trânsito caótico? Se existem, aparentemente, tantas leis ambientais como ocorre que a poluição continue tão presente? São perguntas que todos nos fazemos, ainda mais neste período que coincide com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Com a Rio+20 a questão da sustentabilidade parece estar no ar; na internet, nos jornais, na TV e no rádio. Em todos os lugares vemos matérias sobre o quanto o meio ambiente está sendo agredido. O desperdício da água, em um mundo no qual as mudanças climáticas deverão tornar o recurso cada vez mais raro, onde já é escasso. A contaminação do solo por resíduos industriais, comerciais e pelos agrotóxicos. A sobrepesca dos mares; a destruição de biomas para dar lugar à agricultura, às obras de infraestrutura e ao crescimento das cidades. Enfim, uma longa lista de fenômenos, acidentes e desgraças que em parte já nos afligem (sem que o percebamos) e que se tornarão cada vez mais agudos no futuro próximo.
Mas nem tudo parece ser prenúncio de fim de mundo. Ao mesmo tempo em que tomamos conhecimento de todos estes aspectos negativos com relação ao meio ambiente, vemos também fatos positivos. Uso de energias renováveis, menos poluentes, tendo como fonte o sol, o vento, matérias orgânicas em decomposição ou vegetais – como o etanol feito de cana-de-açúcar. Muitas empresas estão valorizando os recursos naturais e matérias primas usadas em seus processos produtivos, aumentando a eficiência da fabricação, das máquinas e dos produtos. Cresce em todo o mundo a conscientização de que precisamos proteger o meio ambiente e as pessoas; a própria realização da Rio+20 é sinal de que indivíduos, empresas e países estão se reunindo para discutir e colocar em prática soluções.
Mas se é assim, porque não existem perspectivas concretas para dar solução à questão da sustentabilidade? Para esta pergunta não existe uma resposta única, já que o assunto é complexo e tem diversos aspectos. Cabe considerar, por exemplo, que um aspecto é a declaração pública de líderes de países, presidentes de empresas e representantes de órgãos públicos e outra coisa são suas ações na prática. As intenções dos países ricos em ajudarem as nações pobres com problemas ambientais e sociais, são repetidas a cada fórum internacional. Grandes empresas gostam de anunciar novas iniciativas ambientais e sociais e a administração pública sempre fala sobre grandes projetos. No final, são poucos os recursos destinados para os fins anunciados – muitas vezes as campanhas publicitárias são mais caras que os projetos.
Assim, cabe bastante ceticismo em relação a tais anúncios, já sabendo que grande parte – por diversas razões, não somente as financeiras – nunca se concretizarão. Cria-se uma grande expectativa de mudança, de avanço, e ficamos assim, esperando muito e tendo que nos contentar com o possível. E la nave va.
Ricardo Rose é jornalista, Graduado em Filosofia e Pós-Graduado em Gestão Ambiental e Sociologia. Atua desde 1992 nos setores de meio ambiente e energia, na área de marketing de tecnologias. Diretor de Meio Ambiente da Câmara Brasil-Alemanha é editor do blog “Da natureza & da cultura” (www.danaturezaedacultura.blogspot.com)