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Desmatamento na Amazônia, é um estrago irrecuperável?

4 milhões de hectares… este é o tamanho da destruição ocorrida na Amazônia.

Na entrevista concedida à BBC, Rodrigo Medeiros, vice-presidente da Conservation International para o Brasil (CI-Brasil), afirmou “hoje sabemos que no mínimo 4 milhões de hectares de florestas foram destruídos na Amazônia de maneira ilegal e desnecessária nas últimas décadas e precisam ser restaurados”.

O Desmatamento na Amazônia, é um estrago irrecuperável?

Esta resposta aponta para duas variáveis fundamentais e óbvias… estancar o desmatamento e o a força dos planos de recuperação.

Inicialmente o mais óbvio e preocupante … estancar a sangria do desmatamento.

A pratica de desmatamento no Brasil, segue uma certa “regularidade” inconveniente.

Mesmo tendo o desmatamento caído 16% entre agosto 2016 e junho 2017, isto demonstra números pífios.

Não somente porque em 2015, havia crescido 26% … mas porque 16% sobre um grande desastre, continua restando um grande desastre.

Ou seja foram desmatados 6.600 km2 de floresta tornando a redução de 16%, pífia,  insignificante diante destes dados alarmantes.

A confirmar esta situação de “trendmarketing” às avessas, apresentamos o gráfico.

Desmatamento da Amazonia

Ou seja seguimos há décadas desmatando em média 6 mil km2 ano.

Portanto as condições históricas de controle, como os números comprovam, não apontam para uma solução fácil, ou ainda sequer estruturada, para que possamos acreditar que um target minimamente razoável seja alcançado.

Esta é a única certeza evidente até o momento.

Lembrando que a meta deveria ser ZERO, mesmo que saibamos de antemão da impossibilidade de alcance.

Na outra ponta, temos a variável da “recuperação da floresta”, que poderia suprir uma parte desta tragédia anunciada do desmatamento.

E para tal, a  Folha de São Paulo,publicou em 03 de dezembro de 2017, que o Ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, destacou que o objetivo até 2030 é recuperar 12 milhões de hectares, segundo o Planaveg- Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa.

O Planaveg foi apresentado por Sarney  na COP 23 que reuniu 200 países na Alemanha em novembro último, para ratificar o Acordo de Paris de 2015 – COP 21 (*).

Bem, então temos um plano. Será ?

Para se ter parâmetros de valores, o Brasil gastou em 2015 com segurança pública R$ 76 bilhões, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

E segundo o “Observatório do Clima” a meta de recuperar 12 milhões de  hectares de floresta até 2030, custaria até R$ 52 bilhões, valor equivalente a ¼ do rombo previsto da Previdência para 2018.

Isto representa cerca de 1% do PIB do país (investimento a ser distribuído no período), para um Brasil que investe 1,5% em estradas e infra estrutura, ocupando a posição nanica de número 116 no mundo.

Diante de uma crise observada nos últimos anos, onde o PIB do Brasil cresceu 11,58% entre 2009 e 2016 (somado), sendo que a China cresce incríveis 7,5% em um único ano, quais serão as prioridade que se apresentam para o futuro?

Recuperar 1 R$ trilhão de reais perdidos em produção nestes 7 anos?

Cobrir parte do rombo de R$ 200 bilhões da Previdência?

Aumentar o investimento em segurança pública, onde somente no Rio de Janeiro morrem 100 policiais por ano?

Ou investir na recuperação florestal da Amazônia?

Sendo assim dificilmente antes de 2020, teremos condições econômicas para investir algo em torno de 0,25% do PIB anualmente em reflorestamento, número que seria razoável diante dos estragos ocorridos.

Portanto diante deste cenário, haverá muito calor nos debates e pouca luz em soluções viáveis, para tornar este número apresentado  por Sarney Filho, exequível.

E o pior é que sequer estamos conseguindo controlar a emissão de gases, mesmo tendo reduzido em 16% o desmatamento em 2017 e a produção industrial em 15% nos últimos anos, pois segundo as informações da mesma “Folha”, as emissões cresceram 9%.

emissão de gases de efeito estufa

O próprio Rodrigo Medeiros, vice-presidente da Conservation International para o Brasil (CI-Brasil), afirmou que as experiências anteriores de recuperação não alcançaram 30 mil hectares, até porque não estavam bem articuladas.

E agora …será que estão?

O site UOL apontou que os recursos para a Amazônia caíram de R$ 4,6 bilhões para R$ 638 milhões entre os governos Lula e Dilma, (que devem ser acrescidos a outros R$ 500 milhões por ano, de auxílio externo dos países nórdicos para a Amazônia).

Mas devemos ainda somar outras fontes de arrecadação, afinal entre 2007 e 2014 as autuações do Ibama por desmatamento, atingiram R$ 17,4 bilhões, segundo o mesmo UOL (mas somente 1% recolhidos aos cofres públicos).

Afinal o problema é falta de dinheiro, competência ou punição?

Seria o  Planaveg proposto por Sarney Filho na COP 23,  somente um plano ? Mais do mesmo?

Será que já podemos considerar que o desmatamento na Amazônia é um estrago irrecuperável?

 

Texto: Roberto Mangraviti

contato@sustentahabilidade.com.br

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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