A crise de 2008, que ainda não terminou, além de definir uma nova organização econômica mundial, deveria aos brasileiros, servir de ensinamentos visando reavaliar o passado e perspectivas futuras.
Paralelamente, temos visto uma discussão muito pertinente, sobre a “Comissão da Verdade”, visando avaliar os crimes cometidos durante a Ditadura Militar, pois, crimes contra a vida são atemporais, ficam na pele, especialmente para as famílias.
Cabe aqui imaginar as mães, que ainda desconhecem o paradeiro de seus filhos. Terrível !
Mas, nosso espaço, dada a nossa desabilitação jurídica entre outras, não nos autoriza a contribuir neste tema, mas, lança luz sobre um também passado recente, da economia brasileira e do mundo.
A “Comissão da Verdade Econômica”, também deveria ser instituída, para historicamente resgatar assuntos esquecidos e avaliando eventuais riscos atuais, como : malversação do dinheiro público, engodos político-econômicos e justificativas furadas que NOW , têm valor, mas antes não tinham, ou vice versa.
Por exemplo, o economista indiano, Jagdish Bhagwati, da Universidade de Columbia (USA) alerta-nos sobre uma péssima notícia para o mundo, num eventual acordo comercial ente a Europa e os EUA : “ Americanos e europeus podem matar a Organização Mundial do Comércio” ( Revista Exame 06/03/13). Parece que o Livre Comércio deixou de ser tão importante para o mundo … NOW !
A mesma revista, em outra matéria da mesma edição, pergunta, “ Obama, contra o mercado ? ” , fazendo menção ao discurso do presidente no Congresso, em defesa de um maior intervencionismo do Estado nos EUA.
Relembrando, que no início da sua primeira gestão, Obama, viu-se obrigado a “injetar” US$ 30 bilhões de dólares na indústria automobilística norte-americana, que já dava sinais de colapso diante da concorrência asiática, há décadas. Assim, aparentemente o intervencionismo do Estado na economia não é mais problema, na nova visão dos norte-americanos… NOW !
E não é somente nos EUA que o intervencionismo anda em alta, pois entre o Reino Unido, EUA, França e Japão, é o Brasil atualmente que apresenta o menor gasto governamental percentual , em relação ao PIB, cabendo-nos 37% numa ponta, de nação menos intervencionista e aos britânicos, 45% na outra, como “campeões” do intervencionismo.
Esta nova (des)ordem mundial, está estampada na mídia : descontrole das contas em alguns países ; em outros medidas protecionistas, quer seja no livre comércio ou na legislação trabalhista levando a resultados lamentáveis.
Os cipriotas, por exemplo, pagarão, com o próprio suor da poupança dos cidadãos, a dívida do Chipre, contraída por governos ineptos, num suave confisco de 40% do saldo das contas bancárias.
Para ficarmos ainda no continente europeu, a Itália, hoje deve cerca de 140% do PIB. Adiciona-se ainda uma “conquista trabalhista” de uma legislação absolutamente arcaica e fora dos padrões de mercado, que não permite empresários demitir funcionários , seja por ineficiência ou mal resultados dos negócios, levando a uma fuga de capital para outros países, como Alemanha e até o Brasil. Neste mundo globalizado, onde a China produz um PIB de 1 Grécia a cada 12 semanas , é de se esperar que o capital ande para fora do país, numa velocidade superior a Ferrari em Monza !
E os nossos riscos ?
Bem, temos nossa versão tupiniquim, que funciona dentro do Brasil, que seria o “ Agora Pode”, porém como brasileiro gosta de siglas, criamos o : A.G.O.R.A.
Quando éramos uma nação desmantelada nos anos 90, o PROER , fundo constituído para salvar bancos a beira da falência, era tachado por alguns, como um fundo constituído para salvar banqueiros inescrupulosos com o “suor do povo” etc e tal.
Contudo a operação A.G.OR.A. da Caixa Econômica Federal (a Caixa do Povo) para salvar o Banco Pan Americano (privado) , injetou 2,5 bilhões .
Privatizações do passado? Significava vender o patrimônio do Povo, porém o projeto A.G.O.R.A., privatizará aeroportos.
No fim do ano passado, numa operação de R$ 12,0 bilhões, o Banco (BNDES) foi autorizado a comprar ações da Petrobras que estavam no Fundo Fiscal (FFIE), que concentra as aplicações do fundo soberano brasileiro – formado com a “sobra” do superávit primário de 2008 – e repassá-las ao Tesouro Nacional . Isto é maquiagem ?
Não sabemos, mas a operação A.G.O.R.A., foi classificada de normalíssima.
Em resumo, situações que no passado era motivo de críticas viraram soluções, como num passe de mágica com o Projeto A.G.O.R.A.
Resta a saber o que a “Comissão da Verdade Econômica” no futuro dirá, se continuaremos numa política de austeridade para nos aproximarmos do modelo alemão de sucesso. Ou se vamos distribuir benesses aos funcionários, públicos e privados, que nos aproximem da Itália, ou pior, se retornaremos aos confiscos de nossas contas, como no passado, pois queremos ser AGORA o Chipre !