Os oceanos têm uma grande influência sobre a vida em toda a Terra. Além de ser o mais provável local de surgimento dos seres vivos, há mais de 500 milhões de anos, os mares sempre contribuíram na mutação e diversificação das espécies. Ocupando cerca de 70% da superfície do planeta, os oceanos tiveram formatos diferentes daqueles que têm hoje. Há cerca de 600 milhões de anos, as terras emersas que depois se transformariam na América do Sul, África, Europa meridional, Antártida, Austrália e Índia (as ilhas britânicas, a Escandinávia e partes da Austrália e da América do Norte estavam cobertas pela água), estavam agrupadas em um grande continente ao qual os geólogos deram o nome de Gondwana. Outras regiões, como partes da atual Ásia, Norte da Europa e América do Norte, estavam desligadas deste supercontinente, formando o continente denominado Laurasia. Ao longo de centenas de milhões de anos, através do deslocamento das placas tectônicas (a camada sólida da terra, a crosta, que flutua sobre o manto líquido formado por lava) os continentes foram tomando outras posições sobre o globo terrestre, até assumirem a localização que possuem hoje. Especialistas, no entanto, preveem que no futuro (daqui a 50 milhões de anos aproximadamente) os continentes estarão outra vez agrupados, já que esta parece ser uma tendência das placas tectônicas.
Neste processo de deslocamento das placas tectônicas, os mares assumiram diversos formatos, profundidades, temperaturas, consistência química (grau de salinidade, elementos químicos diluídos). Assim, por um lado, abrigaram diferentes formas de vida adaptadas às condições das diferentes regiões dos oceanos. Por outro, influíram de diferentes maneiras sobre o clima de toda a Terra, provocando o aparecimento e a destruição de diversos biomas e ecossistemas, os quais abrigaram diversas formas de vida que, de acordo com as condições ambientais, se desenvolveram e diferenciaram ou se tornaram extintas.
O mar é o elemento que mais exerce influência sobre a vida no planeta, funcionando como um grande regulador do clima. Além de sua influência global, o oceano também é responsável por outros aspectos que interferem nas atividades humanas, como por exemplo, a navegação, a pesca, a construção de portos e outras obras de infraestrutura; o crescimento das cidades, a exploração de petróleo, entre outros. Para planejar estas atividades, diretamente influenciadas pela movimentação das águas marinhas – marés e ondas – foi desenvolvida uma ferramenta de modelagem matemática voltada para este tipo de análise. Trata-se do Sistema de Previsão e Monitoramento Costeiro (SIMCos), criado por especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), que simula virtualmente as diversas características das ondas que chegam à costa brasileira. As informações, processadas por um supercomputador, serão utilizadas por uma equipe de especialistas – geólogos, oceanógrafos, meteorologistas, físicos e matemáticos – para ajudar no planejamento de atividades diretamente influenciadas pelo comportamento do oceano. O SIMCos está sediado no Inpe, em São José dos Campos e a coleta de dados ocorrerá em 61 diferentes pontos da costa do País.
Ricardo Rose é jornalista, graduado em filosofia e pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias. É diretor de meio ambiente da Câmara Brasil-Alemanha e editor do blog “Da natureza e da cultura” (www.danaturezaedacultura.blogspot.com)