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O que está acontecendo no Brasil?

Nos últimos meses o Brasil vem passando por momentos climáticos dramáticos, dignos de um filme futurista. A região sudeste enfrenta uma das maiores secas da história com as reservas de água diminuindo dia após dia , e hoje a expressão racionamento de água, é parte comum  do vocabulário da população. O que antes era visto apenas no sertão Nordestino, agora acontece no quintal de nossas casas.

Simultaneamente, a região Sul do país está enfrentando um período de muita água. Chuvas torrenciais e de granizo estão destruindo casas e deixando cidades embaixo d´água. Uma triste constatação: o que falta de um lado, sobra do outro.

Cientistas justificam estas constantes ocorrências no Brasil através do fenômeno do El Niño(*). A grosso modo, trata-se de um ciclo anual que, ora aquece (El Niño), ora esfria (La Niña) as águas do Oceano Pacífico. A mudança da temperatura na superfície do mar interage com a atmosfera sobre o oceano, causando fortes chuvas em algumas áreas e secas em outras, além de influenciar na distribuição de nutrientes na coluna d’água e, consequentemente interferindo na pesca.

Entretanto, mesmo explicado pelo El Niño, os eventos extremos que estamos vivendo nunca foram tão intensos. A cada dia, os noticiários apresentam estatísticas negativas com expressões alarmantes:  maior seca dos últimos 100 anos ou a maior enchente já vista.

Sendo assim, as antigas previsões catastróficas  do IPCC* deixaram de ser previsões para hoje se tornarem uma triste realidade. Os fatos falam por si só: a água doce do Nordeste  diminuiu em  até 70% e as chuvas torrenciais  no sul e sudeste, são mais frequentes levando  a inundações e deslizamentos.

Como se não bastasse estes danos decorrentes do aquecimento das águas do Pacífico, temos ainda no Brasil queimadas  criminosas persistentes (especialmente na Amazônia) interferindo no deslocamento de massas de ar quente gerando mais desequilíbrios ainda até no Sudeste.

A Natureza está cobrando a fatura de tantas atitudes praticadas pelo ser humano, acentuadamente nos últimos 100 anos. Se as mudanças de hábito não acontecerem AGORA, esses eventos serão cada vez mais extremos e frequentes, impactando profundamente em nossas vidas. Não cabe nos dias de hoje assistirmos de forma passiva, famílias inteiras desalojadas e morando em barracas como nômades da antiguidade. Ou apagarmos da memória catástrofes como o deslizamento  em 2010 em Niterói no Morro do Bumba, com cerca de 200 mortes.

As consequências dramáticas estão em toda parte, num Triple Bottom Line(***) as avessas,  gerando desequilíbrio social, econômica  e ambiental .

Como se tudo isto não bastasse, ainda é comum presenciarmos pessoas lavando seus quintais, calçadas ou automóveis  despreocupadas. E outras jogando lixo nas ruas e construindo em áreas de mananciais.

 

Autora:Thayná Correia

E-mail: contato@sustentahabilidade.com.br

Foto:  http://www.sinterc.org.br/

* Em português “O Menino”,  decorrente das águas quentes acontecerem no Oceano Pacífico sempre próximo do Natal .

**Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), vide (http://sustentahabilidade.com.br/o-aquecimento-global-e-real/)

*** O tripé da sustentabilidade, também chamado de triple bottom line, ou People, Planet, Profit corresponde aos resultados de uma organização medidos em termos sociais, ambientais e econômicos.

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Escrito por Thayna Correia

Mestre em Oceanografia, Física, Química e Geológica. Especialista em Estudos Ambientais para área petrolífera e Repostas a Derramamento de Óleo em Corpos Hídricos.

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