Claro que a resposta depende de muitas variáveis do tipo, onde residimos permite-nos fazer o que com a rocha? E com lixo?
Sabe-se lá como os egípcios construíram as pirâmides há cerca de 2.500 anos, sendo assim, a opção pela rocha teria sido a mais provável, até porque, é certo que 4 toneladas de lixo no deserto, teria pouca ou nula utilidade e hoje dificilmente aquelas maravilhas arquitetônicas estariam em pé.
Mesmo nos dias de hoje, para uma mineradora, por exemplo, 200 toneladas de rocha é uma oportunidade sem tamanho para fazer dinheiro.
Não é bem assim …
A mineradora belga Umicore, mudou seu foco de ação e passou a ser uma “mineradora urbana”, e se deu muito bem. Pois, para extrair 1 Kg de ouro é necessário processar 200 toneladas de rocha e isto é extremamente trabalhoso, e dispendioso. Assim a citada empresa, obtém nos dias de hoje, o mesmo “quilinho” de ouro remexendo 4 toneladas de lixo eletrônico, com um custo ambiental e econômico muito menor.
Ai está claramente uma percepção de oportunidade muito bem aproveitada. A missão da empresa não mudou, mas como atingir os resultados é que foi ajustado, enxergando sustentabilidade como um negócio estratégico.
Por vezes nos esquecemos que transformações culturais nas empresas levam anos para serem solidificadas e tomamos decisões (ou deixamos de tomá-las) aconselhados pelos piores inimigos, entre outros, o imediatismo e o comodismo.
Um bom exemplo deste último está na inércia do próprio governo brasileiro que têm R$ 1,3 bilhão disponibilizado por países europeus para preservação da Amazônia, porém somente sacou 11 % do valor, pois ainda não conseguiu reverter o desmatamento na região, condição sine qua non para obter o restante da verba.
Estas mudanças as vezes emperram justamente pela acomodação das coisas e pouca percepção dos riscos envolvidos. Como exemplo relativamente recente, vale relembrar, a rapidez que as máquinas de fotocópias, foram substituídas pelas impressoras. Não era visível que o benefício que as máquinas de fotocópia produziam, era muito maior do que “copiar” um documento, mas a eliminação de serviços internos. Ou seja a mudança de rumo ocorreu fora da empresa e do mercado onde ela se encontrava, mas em outras organizações, atraídas por estas oportunidades e que passaram a produzir impressoras. Em outras, as mudanças ocorrem dentro da empresa, que se re-inventa, como na extração de ouro, dificultando assim a entrada de novos concorrentes.
Philip Kotler destaca que “as mudanças de comportamento, e portanto, o impacto positivo, dificilmente ocorrem da noite para o dia”.
Dessa forma, aquele conselheiro inimigo, que atende sobre a alcunha de Imediatismo , senta-se na poltrona do Conselho Consultivo de uma empresa e passa a dar mais “pitacos” que o próprio Presidente da organização.
Este nefasto personagem por vezes está acompanhado de outros “Conselheiros” não menos inimigo como o Comodismo, que lança nas reuniões aquela visão focada simplesmente no presente blasfemando : “ este não é o nosso negócio” !
Vale então, utilizar o seguro pragmatismo de Peter Drucker, que ensinou-nos a gerenciar performance, através da expressão “Desempenho significa concentrar recursos disponíveis onde estão os resultados”.
Foi exatamente a decisão tomada pela mineradora belga ao substituir rocha por lixo, como insumo básico da operação.
Cabe a pergunta aos gestores atuais, em qual monte teremos que cavar hoje, para buscarmos melhores resultados no futuro ?
Roberto Mangraviti
Consultor de Estratégias de Sustentabilidade da Trade Marketing
Criador,Produtor, Apresentador do Programa ADASP SustentaHabilidade
Editor do Portal sustentahabilidade.com.br