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Investimentos na prevenção de desastres naturais

As catástrofes provocadas pelas mudanças climáticas tornaram-se cada vez mais frequentes em todo o mundo. No Brasil, dada a ocupação de áreas antes desabitadas, são cada vez mais frequentes os efeitos dos fenômenos climáticos, na forma de catástrofes que afetam extensas faixas da população: enchentes no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Nordeste. Desbarrancamentos em Salvador, no Rio de Janeiro e em Niterói; trombas d água seguidas de rios de lama na região serrana do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. Quanto maior o adensamento da população nas regiões de encostas de morros, várzeas de rios e áreas de aterro, tanto maiores são as chances de ocorrerem acidentes que acabam com bens e vidas.

No passado, até a algumas décadas, o impacto que a população exercia sobre os diversos ambientes ainda era limitado. Inundações e desabamentos de encostas, provocadas por ocupação irregular destas áreas, limitavam-se às grandes cidades e afetavam poucas pessoas, em comparação com o resto da população não afetada. A partir da década de 1970, no entanto, a invasão de áreas de floresta e de baixadas no entorno de grande parte das cidades grande e médias – resultado da falta de políticas de planejamento urbano – fez com que as catástrofes se tornassem cada vez mais frequentes.

Além do fenômeno da mudança do ritmo das chuvas e de seu volume – provocado pelas mudanças climáticas – a falta de planejamento urbano e de um sistema de previsão de desastres também ajudou a tornar os acidentes mais graves. Se já no passado houvesse sistemas de alerta às populações, muitas vidas teriam sido poupadas em Santa Catarina, Rio de Janeiro e outras regiões.

No entanto, depois de tantas desgraças que vêm assolando o País, parece que aos poucos os administradores públicos e privados estão começando a perceber que a prevenção é possível, pode economizar muito dinheiro e, principalmente, é capaz de salvar vidas. Ao invés de culpar o destino ou falar em fatalidades, os governos começam a perceber que se não fizerem nada para prevenir catástrofes, podem até acabar como réus em um tribunal, dado o nível da indignação pública em algumas regiões do país.

Mais uma contribuição na prevenção de desastres está sendo implantada pelo estado de São Paulo. Recentemente, o reitor da Universidade de São Paulo, João Grandino Rodas, assinou um convênio com o governo paulista e com o Ministério da Integração Nacional, visando a criação de um Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres – Ceped. A instituição, que receberá um aporte inicial de R$ 3 milhões, reunirá especialistas da universidade que trabalhem com prevenção e redução de danos por catástrofes naturais. São especialistas em meteorologia, geofísica, engenharia, saúde pública e psicologia, entre outras áreas; que elaborarão mapeamentos de áreas de risco, estudos sobre abrigos temporários, manejo de recursos para as vítimas e farão avaliação de potenciais ameaças. Além do estado de São Paulo o Ceped também poderá realizar estudos para outras regiões.

As catástrofes provocadas por fenômenos climáticos se tornarão cada vez mais frequentes e impactantes. Por isso, nenhum tipo de investimento realizado na prevenção de desastres é suficiente, face à falta de estrutura e de organização em que o País ainda se encontra nesta área.

Ricardo Rose é jornalista, graduado em filosofia e pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias. É diretor de meio ambiente da Câmara Brasil-Alemanha e editor do blog “Da natureza e da cultura” (www.danaturezaedacultura.blogspot.com)

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Escrito por Ricardo Rose

Ricardo Ernesto Rose, jornalista, graduado em filosofia e pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias.

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