No dia 09 de outubro último, John Lennon completou 75 anos de vida. Sim, o verbo e o tempo do verbo estão corretos, pois o poeta e seu legado estão mais vivos do que nunca. Muitos ícones, especialmente no Brasil, recebem o reconhecimento post mortem, mas este não é o caso deste visionário artista. Sua contribuição para a comunicação e o pensamento humano, transcende a música que seus amigos de Liverpool compuseram, transformando a sociedade e impactando na postura de políticos e nações desde os anos 60.
Sua musicalidade foi o elo de ligação de tantas atitudes que ainda repercutem e estão décadas a frente de todo sistema.
A quase 50 anos, Lennon compunha “Tudo o que você precisa é amor”, lançando um hino pacifista, para a primeira transmissão via satélite que ocorria no Planeta Terra. Se esta melodia maravilhosa, agrada ou não a todos os gostos, pouca importa. Mas das palavras desconcertantes de Lennon, emerge uma “cobrança” jamais antes vista de um artista pop.
O que desperta paixão na postura do músico que mal completara 26 anos, foi sua coragem transformadora, sem medo de expor seus pensamentos. Uma pessoa falando do amor fraternal ainda é pouco comum nos dias atuais. Ligue seu televisor e zapeie pelas centenas de emissoras a cabo, e localize um único programa (que não seja religioso) com esta força. Assim agiu John Lennon no século passado, no longínquo 25 de junho de 1967. Um “João” falando de amor …
E suas travessuras e cobranças não pararam por aí. Defendeu as mulheres criticando as atitudes machistas da sociedade em
“Woman is the nigger of the word”. E ainda inspirou George Harrison (conforme confissão do próprio) a organizar o primeiro show para arrecadar verbas para ONU atender os refugiados de Bangladesh.
Mas além de temas amenos, como machismo e “All you need is Love”, o poeta trouxe as questões políticas, especialmente da sociedade norte americana, para o olho do furacão.
Foi perseguido (literalmente por agentes da CIA), por ter espalhado 20 outdoors pelas maiores cidades do mundo clamando pelo fim da Guerra do Vietnã. Imagine hoje o leitor caminhando pela sua cidade e deparando-se com um “aviso” assinado por um Lionel Messi, Gisele Bundchen ou Bill Gates dizendo : “ The war is over”. É de assustar.
Defendeu ainda John Sinclair, poeta antirracista, que havia sido preso com 2 cigarros de maconha(*) e recebera uma pena 10 anos de prisão, numa clara perseguição do establishment. Lennon organizou o show “Rally pela Liberdade de John Sinclair” realizado na Universidade de Michigan (vide abaixo), ironizando com uma música a postura dos magistrados, que libertaram o réu horas após, por verdadeiro temor diante da forma rebelde mas pacifista, do agora líder social.
Tudo isto ocorreu no período compreendido entre 1967 e 1971, ou seja entre os 27 e 31 anos de idade do artista.
Portanto isto faz de John Winston Lennon um artista único, pois não se tem notícias de ações semelhantes nos dias de hoje, onde a liberdade de expressão esta facilitada, e facilmente de ser expressada pela internet ou nas ruas, onde tantas outras injustiças são cometidas, sem qualquer reação da sociedade.
Não é a toa que a NASA enviou uma mensagem de rádio interestelar (IRM) que foi transmitida em fevereiro de 2008 (portanto 28 anos após a morte de Lennon) em direção a estrela Polaris, utilizando sua linda canção “Across the Universe”, para avisar algum eventual ET que na Terra tem no presente, apesar de tudo, vida inteligente … e mais viva do que nunca !
Autor: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br
(*) Este Portal entende que a maconha gera dependência química, doença reconhecida pela OMS e portanto defendemos o tratamento adequado. Maiores informações acesse nossa coluna “Dependência Química”.
(**) Assita o vídeo da apresentação em Michigan acessando o link abaixo
https://www.youtube.com/watch?v=fZJLInCgem8
Música John Sinclair (Lennon)
Isso não é justo, com John Sinclair
No sufoco por um sopro de esperança
Você não se preocuparia com John Sinclair?
No sufoco por um sopro de esperança
Deixem-no viver, ponham-no em liberdade
Deixem que ele viva como eu e você vivemos
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O que mais conseguem os juízes fazer?
O que têm a fazer, o que têm a fazer… o que têm a fazer é colocá-lo em liberdade
Se ele tivesse sido um soldado
que deu tiros nos prisioneiros de guerra no Vietnam
Se ele fosse da CIA
e ganhasse dinheiro vendendo drogas
Ele estaria livre, iriam deixá-lo viver
com um sopro de esperança, assim como eu e você vivemos
Deram-lhe 10 votos a 2
O que mais conseguem os juízes fazer?
O que têm a fazer, o que têm a fazer… o que têm a fazer é colocá-lo em liberdade
Deram-lhe 10 votos a 2
Fizeram o mesmo com Alis Otis
O que têm a fazer, o que têm a fazer… o que têm a fazer é colocá-lo em liberdade
O que ele fez para ser preso?
Ou para pagar por todos?
Libertemos John agora, se formos capazes, das garras do homem
Libertem-no, livrem-no da repressão
Entreguem-no a sua esposa e a seus filhos