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Amazônia: riqueza em perigo

Três fatos aparentemente isolados, noticiados recentemente pela imprensa, chamam a atenção daqueles que acompanham as informações sobre a Amazônia. Apesar da grande extensão da região, reunindo diferentes tipos de biomas e ainda maior numero de ecossistemas, ainda são desencontradas as políticas ambiental e agrícola para a região.

O primeiro fato refere-se a um estudo elaborado pelas universidades de Viçosa, do Pampa, de Minas e o Centro de Pesquisa Woods Hole dos Estados Unidos, sobre a relação entre o avanço da agropecuária sobre a floresta e a redução do regime de chuvas na região. Pesquisas realizadas indicam que existe uma simbiose entre a floresta e o clima da Amazônia e que o desmatamento provocará uma gradual redução no regime das chuvas já até 2050. Como consequência, prevê-se uma redução na produtividade das pastagens entre 30% e 34%. Outro aspecto, o aumento da temperatura decorrente da redução dos índices pluviométricos, provocará uma redução entre 24% a 28% no plantio de soja. A variação nos porcentuais se refere a dois cenários: aquele resultante do cumprimento da legislação e da forte atuação do governo protegendo a floresta; e o outro com desflorestamento acentuado, como ocorrido entre 2000 e 2004. As regiões mais afetadas por estas alterações climáticas – que ainda podem ser evitadas – são o leste do Pará e o norte do Mato Grosso.

A segunda notícia diz que a Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou projeto de lei que permite o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia e no Cerrado, utilizando 20% da área da propriedade agrícola, conforme estabelecido no Código Florestal aprovado em 2012. Segundo o senador Acir Gurgacz (PDT-RO), relator do projeto, o País tem 64 milhões de hectares, ocupados pela pecuária de baixa produtividade e que poderão ser utilizados para o plantio da gramínea. A aprovação do marco legal causa certa surpresa, já que por anos governo e as associações de plantadores afirmaram que a cultura da cana não entraria na Amazônia, já que havia terras improdutivas e degradas suficientes em outras regiões. Com isso, o setor canavieiro volta a dar munição aos críticos estrangeiros – ONGs, jornalistas desinformados e grupos de interesse – que vinham afirmando que o Brasil estava desmatando a Amazônia para plantar cana-de-açúcar a fim de gerar etanol.

O terceiro fato diz respeito à descoberta de 15 novas espécies de aves na Amazônia, o maior achado da ornitologia brasileira nos últimos 140 anos. A identificação foi feita por cientistas brasileiros e americanos em áreas próximas de rios, no sul da Amazônia, em regiões dos estados do Amazonas, Pará, Acre, Mato Grosso e Rondônia. A identificação de tão grande numero de pássaros ainda desconhecidos da ciência é fato que ocorre muito raramente. Das 15 aves descobertas, 11 vivem exclusivamente no Brasil, sendo que quatro delas já são consideradas em situação vulnerável, correndo risco de extinção. Outro fato preocupante com relação a estes pássaros, é que vivem na região conhecida como “Arco do Desmatamento”, área de muitas queimadas e crescente atividade agrícola.

Três fatos aparentemente isolados. Todavia, quando analisados em conjunto, mostram-nos duas coisas: de um lado, uma imensa riqueza natural; de outro, a ausência de políticas de zoneamento e ocupação planejada da região. Ainda há tempo para evitar o pior, mas precisamos agir.

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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