5 Minutos Entrevista, Jairo Martins da Silva, CEO da Fundação Nacional da Qualidade. É graduado em Engenharia Eletrônica pelo ITA( Instituto Tecnológico da Aeronáutica) com pós-graduação em Marketing e Propaganda pela FAE/CDE e em Gestão Empresarial pela Duke University (EUA). Exerceu diversas funções na Siemens do Brasil e da Alemanha nos cargos de Engenheiro de Serviços Técnicos, Diretor de Serviços, Diretor Industrial, Diretor Geral de Unidade de Negócios, Chief Executive Officer e Vice Presidente.Paralelamente trabalha na divulgação e valorização da cachaça brasileira no cenário mundial. É autor do livro “Cachaça: o mais brasileiro dos prazeres”.
1) Como, quando e qual a missão da FNQ – Fundação Nacional da Qualidade ?
A FNQ teve a sua origem 1991 quando o Brasil passava pelo desafiador processo de globalização da economia, pois tínhamos produtos e processos não competitivos para enfrentar o mercado internacional. O início da FNQ foi, portanto pautado pela “Gestão da Qualidade”, com a mutação de cenários, hoje menos previsíveis e voláteis, o nosso foco passou a ser a “Qualidade da Gestão”. A missão da FNQ é “estimular e apóias as organizações para o desenvolvimento e evolução da sua gestão, por meio da disseminação dos Fundamentos e Critérios de Excelência, para que se tornem sustentáveis, cooperativas e gerem valor para a sociedade”.
2) Quais as áreas de atuação que a FNQ está inserida ?
Em consonância com a nossa missão, atuamos em organizações de qualquer porte, setor e natureza, que se relacionem com a FNQ, com o objetivo de melhorar a sua gestão e contribuir para o desenvolvimento sustentável do País.
3) “Qualidade” é um conceito que pode variar em cada país. Isto posto, como se encontra o Brasil neste processo, especialmente na área de Serviços ?
O conceito de Qualidade tem experimentado evolução significativa, tendo iniciado focado no produto e depois passado para o enfoque da Qualidade Total, abrangendo todas as atividades desenvolvidas por uma organização. Com relação aos países, o conceito em si não muda, havendo, entretanto, graus diferentes de implantação, em profundidade e em alcance. No Brasil, o conceito está bastante disseminado, porém de forma heterogênea. Infelizmente ainda temos “ilhas de excelência” e “ilhas de não excelência” espalhadas pelo Brasil, embora ferramentas e modelos de referência para a qualidade existam. Infelizmente no Setor de Serviços temos diferenças gritantes. Falou-se muito que o novo século seria a “Era dos Serviços”, o que não tem se mostrado. É gritante como em alguns lugares somos tratados como reis e em outros, de forma sofrível. É necessário que as organizações, sejam públicas ou privadas, incluam a excelência na prestação de serviços nas suas agendas, pois o poder de decisão vai passar a ser do cliente.
4) Considerando o mercado de Distribuição e Atacado, qual as oportunidades a destacar para estes empresários?
O mercado de Distribuição e Atacado é um dos mais afetados pelos custos sistêmicos do Brasil, o que, sem dúvida, afeta a nossa competitividade como país. É o setor mais impactado pela nossa infraestrutura deficiente (estradas e portos) e também pela elevada carga tributária, que também é afetada pela guerra do ICMS entre os estados. O incrível de tudo, é que os nossos Poderes Legislativo e Executivo têm consciência do que está acontecendo e não se mobilizam. O que fazer então? Na nossa opinião, há duas vertentes. A primeira é implantar em todo o setor um programa de Excelência da Gestão, com uma abordagem sistêmica, de forma a integrar todos os processos internos das empresas. Com isso o setor estaria com as atividades “intramuros” estruturadas, alcançando um patamar elevado de produtividade. Uma vez isto feito, o setor teria os elementos para, de forma alinhada, “cobrar” ações dos Governos Federal, Estaduais e Municipais. A recente mobilização da população, demonstrando um pouco de indignação, mostrou que o nosso Senado e as nossas Câmaras Federal, Estaduais e Municipais só “pegam no tranco”.
5) Gostaria de deixar uma mensagem a estes empresários ?
Competitividade e produtividade só se atinge pela Excelência da Gestão, o que é traduzido em operações economicamente viáveis, ambientalmente corretas, socialmente justas e eticamente transparentes. É o único caminho para que o Brasil retome seu crescimento por meio de um desenvolvimento sustentável.