“é motivo de orgulho uma empregada doméstica ter um celular … poder ter carro…”, assim recentemente o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, declarou em comício no último 14 de julho.
As palavras do ex-presidente foram ditas num contexto, onde novamente uma possível luta de classes, “Elites” x “Proletários”, ou ainda “Nós” x “Eles” estavam novamente na pauta do discurso.
E assim sendo, as “elites” estariam vivendo um desconforto com uma possível ascensão da classe pobre, pois agora uma empregada teria um automóvel.
Se este desconforto é verdadeiro ou não, não cabe aqui qualquer julgamento, por total falta de entendimento sociológico, e avaliação com a profundidade que o tema exige.
Mas no campo econômico, podemos afirmar que as palavras de Lula, são absolutamente inverídicas.
E os motivos dos equívocos, são matematicamente evidentes.
A realidade brasileira
Ainda em 2016, a Folha de São Paulo, assim reportou sobre a situação econômica da nossa população, “o poder de compra do brasileiro chegou a equivaler a 40% do americano nos anos 80. Na década seguinte (anos 90), para patamar inferior a 30%. Voltou a se recuperar na década passada (de 2000 a 2010), mas essa tendência não se manteve.
A reportagem segue informando que o “FMI espera que a renda per capita do país fique estagnada ao redor de 27% da americana nos próximos anos”.
Ou seja, estamos vivendo em 2017, níveis atingidos na década de 90.
Portanto podemos afirmar que estamos 20 anos estagnados.
Outros Países …
E esta realidade observada, nada tem a ver com uma crise mundial que teria afetado o Brasil e demais países.
A Coréia do Sul e Taiwan, segundo a mesma Folha de São Paulo, estão hoje com uma renda per capita de 65% e 85%, respectivamente, dos norte-americanos.
Vale ressaltar que nos anos 80, a Coréia do Sul tinha uma renda per capita de 17% da norte americana, e Taiwan 32%.
Se regressarmos mais ainda no tempo, e lembrarmos o nível de escolaridade dos coreanos nos anos 60, sentiremos uma imensa vergonha.
Pois a Coréia era um país inferior ao Brasil e equivalente a Bolívia em qualidade de ensino.
Portanto o salto dos países que se planejaram e trabalharam sério é evidente.
E a crise mundial de fato é uma marolinha, e nisto Lula acertou em dizer, pois o resultado de sucesso econômico em países organizados é evidente, com ou sem crise mundial.
Mas errou sim na “aula de geografia” e de economia.
Enquanto isso, por aqui no Brasil, infelizmente continua este discurso chatérrimo de ignorantes dos números, inventando uma disputa social que infelizmente não existe.
Infelizmente ? SIM !
Bom seria que as empregadas domésticas, faxineiros, cobradores de ônibus ( existentes só no Brasil) e tantas outras classes remuneradas de forma paupérrimas, estivessem com seus carrões tumultuando ainda mais o trânsito das grandes capitais, num evidente sinal de crescimento econômico.
Mas, prezado leitor, podemos afirmar sem medo de errar que a classe rica não está com inveja da ascensão dos pobres.
Tampouco as “elites” estão com algum incômodo por uma empregada doméstica ter um automóvel.
Sabem por que ?
Porque estamos 20 anos atrasados … estamos ainda nos anos 90, como os números mostram.
E infelizmente uma empregada doméstica está tão pobre como nos anos 90…
Até porque se as empregadas domésticas tivessem automóveis, as elites estariam super felizes.
Afinal, nas elites encontram-se os acionistas e donos das ações das indústrias que vendem peças de automóveis.
Sendo assim, provavelmente estariam mais ricos ainda.
http://sustentahabilidade.com.br/a-crise-economica-ferindo-a-logica/
Texto: Roberto Mangraviti
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