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Fernando Pamplona: Mestre Cenógrafo Carnavalesco

Mês de Fevereiro, e neste 2016 , já principia o Carnaval, tempo de alegria, de festa e de cultura. E possivelmente, que fez, de forma mais inteira a ponte mais sólida entre Carnaval e Televisão, nessas quase sete décadas de história televisiva brasileira foi Fernando Pamplona.

Carioca nato, de 28 de setembro de 1926, Pamplona , com cultura, dedicação e talento  deste a juventude se ligou as genuínas manifestações populares. No Futebol era Botafoguense, em áureos tempos de Garrincha, Nilton Santos e João Saldanha Na Arena Teatral, trabalhou desde logo com os Mestres da época e de sempre, como Oscarito, Paschoal Carlos Magno ,Dias Gomes, Pedro Bloch,.Bibi Ferreira. Foi aluno e depois professor  da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro e  professor da Escola de Teatro Martins Pena, também situada na Capital dos cariocas.

Já na frondosa década de 50,Fernando se multiplicava, em talentos e na excelência de seus trabalhos artísticos: já como cenógrafo contratado do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, contanto com inesquecíveis trabalhos em óperas e também em peças, no ano de 1957 participa com destaque da Primeira Bienal de Teatro, notável criação de Aldo Calvo e Sábato Magaldi, realizada no Parque do Ibirapuera paulistano, onde pode, ao lado de outros valores , mostrar seus trabalhos ce Cenografia Teatral. Em 1959, nova Bienal, e sua estréia como carnavalesco na Acadêmicos do Salgueiro, fundada seis anos antes, no Andaraí . Neste primeiro desfile carnavalesco, já conquista o vice-campeonato e no ano seguinte, veio o celebrado título com seu histórico enredo sobre Zumbi e o Quilombo dos Palmares. E durante toda a década de 60, Pamplona presenteava o público com memoráveis desfiles, exaltando particularmente, personalidades da negritude brasileira, como Aleijadinho (1961) e  Dona Beija (1968) . Também entraram para a história a homenagem a grande escritora Eneida em 1965 e a Bahia em 1969. Na escola Vermelho e Branca do Andaraí, foi tetracampeão do Carnaval Carioca -1960,1965,1969 e 1971

E na Televisão, teve na TV Rio, seu reconhecimento, precoce e merecido, em 1956, como cenógrafo do histórico programa Cássio Muniz Follies, que reunia ídolos da música e do teatro, como Grande Otelo e Silvio Caldas, numa histórica produção geral de um dos “Reis do Teatro de Revista” Carlos Machado. Esse primoroso trabalho de cenografia de Fernando Pamplona lhe rendeu o Premio da Revista do Radio e também o Premio Barros Barreto da Revista Radiolândia. Enfim, a Cenografia Televisiva, que já contava com pioneiros como Pernambuco de Oliveira e  Alex Korowajezyk  ganhava um novo jovem mestre.

Conciliando a cenografia da TV Rio, os carnavais no Salgueiro e trabalhos teatrais em marcantes peças de Sérgio Viotti (Vamos Brincar de Amor em Cabo Frio) e de Paulo Pontes (Um Edifício Chamado 200) vai fazendo história nos anos 60 e 70 , e no final da setentista década, aceita mais um desafio : coordenar a Equipe de Transmissão de Carnaval da TV Educativa do Rio de Janeiro (a atual TV Brasil). Como é de praxe ,em sua aplaudida trajetória, faz um excelente trabalho, e ganha o Prêmio  Estácio de Sá de Televisão referente aquele ano.

Em 1984, é peça chave a pioneira transmissão de Carnaval da Rede Manchete, campeã de audiência e de elogios, quando da inauguração do Sambodramo Carioca. Juntamente com especialista da música e do samba, como Haroldo Costa, Albino Pinheiro, Adelzon Alves e Sergio Cabral, ao lado da marcante narração de Paulo Stein, brilha com precisos comentários, proferidos por um verdadeiro especialista na matéria momesca.

Fica na Tv Manchete até 1997 sempre emitindo opiniões coerentes , corajosas, imparciais.; Colecionou discípulos como Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Arlindo Rodrigues, Maria Augusta, Renato Lage  e incontáveis amigos. Em 2013 lança uma autobiografia , intitulada “ O Encarnado e o Branco”, pela Editora Nova Terra  e falece logo após completar 87 anos, em 29  de setembro daquele ano. E hoje, nesse 2016 , Fernando Pamplona celebraria  seus noventa anos e com certeza, a exemplo das comoventes homenagens sambísticas (1986 foi o enredo do Salgueiro e em 2015  da São Clemente) e das memórias de sua querida esposa Zeni Pamplona e filhos, seu legado e seu exemplo de beleza, arte e talento está mais vivo e mais cintilante do que nunca.

Viva Fernando Pamplona e sua cenografia singular e popular  na Arte, na Televisão ,no Carnaval !!!

Foto: Revista Veja

Autor: Fábio Rejaili Siqueira

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Escrito por Fabio Rejaili Siqueira

Bacharel em Direito, Bacharel em Ciências Sociais e e pesquisador da história da televisão brasileira. É um dos fundadores do Jornal São Paulo em História.

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