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A Verdade, Made in Brazil, dos Recursos Naturais

Cada vez torna-se mais confuso no Brasil, interpretar a verdade sobre nossas perspectivas futuras e recursos disponíveis, especialmente os naturais.

É como olhar aqueles quadros dos 7 erros. Olhamos… olhamos… sabemos que há algo errado mas não localizamos o que é. E a partir deste momento, por não localizarmos algo diferente neste jogo, passamos a aceitar alguns fatos, sem questionar, surgindo uma nova  verdade,  Made in Brazil,  que vale somente aqui nos trópicos.

Lideranças políticas adoram esta forma de avaliação do brasileiro e trabalham este jeitinho na comunicação de forma espantosa. Exaltam vitórias tímidas e disfarçam derrotas significativas, tudo através da verdade Made in Brazil , dos recursos naturais.

Achamos petróleo?

Claro que sim, porém a 7 km de profundidade e  no mar … sabe que isto significa ???  Que teremos que investir U$$ 400 bilhões de dólares até 2020 para extrai-lo de lá! Como disse alguém com sabedoria , é a altura do Himalaia, com um  agravante,  dentro do mar.

Em que lugar do mundo se extraiu com sucesso e resultados minimamente viáveis, economicamente, nesta profundidade ??? Não há registros.

Ora, como somos uma maioria pouca versada tecnicamente nos riscos desta empreitada, acaba ficando uma conversa de “leigos” sobre um assunto pouco conhecido. E neste ponto, surge a verdade Made in Brazil onde conclui-se,  achamos petróleo e assunto encerrado.

Para efeito de raciocínio, no campo da “leiguice”,  vale perguntar, o que é mais arriscado: subir o Himalaia, com todos os equipamentos necessários para a gélida empreitada, conhecendo os riscos,  através do legado dos que morreram e do sucesso dos que  chegaram ao topo, ou arriscar-se num mergulho marítimo da mesma intensidade ?

Existe uma palavrinha chamada “risco” que nunca é esquecida especialmente pelo investidor, mesmo que não seja necessariamente  engenheiro  ligado a  geologia ou as  profundezas marítimas. Mais ainda, o investidor associa a palavra risco a outra chamada “lógica” que desaguam num ditado popular :  dinheiro não aceita desaforo.

Contudo achamos no Brasil que temos opiniões precisas que transcendem a tudo isto,  onde o binômio risco + lógica , são bobagens especialmente quando falamos em recursos naturais.

Porém existem investidores “teimosos”, que não refletem assim do jeito

made in brazil, sobrepondo-se as nossas verdades, no mercado de ações e investimentos.

Enquanto o mundo desconhece a resposta técnica sobre o custo de exploração do Pré-sal,  e simultaneamente a Petrobras vende gasolina internamente mais barato que no mercado externo, o investidor recolheu sua disposição por investir na companhia . Houve portanto,  somente em um único dia de dezembro, uma queda assombrosa no valor das ações e perdeu-se  cerca de US$ 12 bilhões. Ratificando, num único dia, perdemos 3% de tudo aquilo que precisamos  investir ate 2020 no Pré-sal.

E porque ? Investidor tem um faro de perdigueiro para enxergar risco e avaliar o jogo dos 7 erros , com outra lógica, que mostra que tem alguma coisa errada, mesmo que nós leigos, não percebamos.

Caso este valor pareça pouco significativo, cabe a pergunta, isto é muito ou pouco perto do tamanho e da grandeza da Petrobrás?

Façamos o seguinte raciocínio : tomemos os 7 anos (ate 2020) de investimentos necessários no Pré-sal e transformemos em meses, ou seja,  84 meses. Apliquemos 3% ( perda das ações frente ao montante a investir) sobre  esta base numérica 84 e chegaremos a 2,5 meses ou 75 dias.

Tomemos hipoteticamente estes 75 dias da nossa vida futura e joguemos no lixo, como se fossem inúteis. Enclausure-se , por exemplo 75 dias na sua própria casa sem fazer absolutamente nada, vivendo de forma inútil, sem produzir nada. Muito antes de findar esta clausura, o infeliz seria descartado pela sociedade por ser um incompetente, um verdadeiro fardo.

É assim que se avalia resultados, olhamos os recursos disponíveis, projetamos o futuro e começamos medir nossas atitudes, que estamos tomando no presente.

Olhando sobre este prisma, os 75 dias de uma vida com amplas possibilidades de crescimento, é uma eternidade.

Esta é a balança que deve medir o peso da perda em ações, algo impossível de se admitir. Qualquer outra coisa é um engodo ou na comunicação ou na avaliação.

Pensemos em outra riqueza brasileira : nossas florestas.

Somos detentores da maior reserva natural do planeta, a Amazônia. Faltará floresta ( entenda-se riqueza) no futuro ?

O Ministério da Ciência e Tecnologia disponibiliza no site http://www.inpe.br/queimadas o status em tempo real das queimadas.

Sendo assim descobrimos uma grande verdade, o registro de focos de incêndio no Brasil diminuiu 49% de janeiro a setembro de 2013. Ou seja, tivemos  “somente” 39.253 focos de queimadas contra 78.440 no mesmo período em 2012.

Então concluímos que as queimadas  estão sob controle no modelo  made in brazil, pois apresentaram significativa redução.

De novo cabe avaliar qual é o risco deste comportamento por não sabermos o resultado desta exploração .

A única resposta ou indicativo, novamente provém de investidores. E neste quesito, o povo que muita nos ensina, pois não rasga dinheiro de jeito nenhum, é o norte americano.

Os EUA investem R$ 156,00 por hectare na proteção de suas florestas. E o Brasil ? Investe R$ 4,00 por hectare . Míseros R$ 4,00, ou seja o equivalente a 1 ½  litro de gasolina por hectare. Talvez por isso esta mesma gasolina incendeia nossas florestas, pois se não sabemos nem quanto vale a gasolina, muito menos a floresta.

Então vamos combinar uma coisa. Quando o assunto fugir a nossa alçada de compreensão técnica, nada de usar a verdade made in brazil, usemos a lógica do investidor que investe naquilo que julga possível ter um retorno.

Poderemos assim jogar o jogo de 7 erros, e descobrir que, provavelmente nestes 2 casos, tem alguma coisa errada.

 

Roberto Mangraviti

 

Economista, Consultor de Estratégias de Sustentabilidade da ADASP-Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo. Colunista do Instituto de Engenharia de São Paulo, Criador e Editor do Portal sustentahabilidade.com.br, Diretor e Apresentador do Programa ADASP-SustentaHabilidade pela WEBTV.

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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