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“Polícia Pacificadora” … combinaram com os russos?

A declaração “Olimpíada é uma oportunidade perdida”, do prefeito Eduardo Paes ao importante jornal britânico “The Guardian” fundado em 1821, nos obriga a algumas reflexões.

Quando a candidatura do Rio de Janeiro foi apresentada ao Comitê Olímpico Internacional, ouvimos a famosa justificativa do quanto seria importante para a “imagem internacional da cidade” abrigar o evento. Justificou-se também o tal “legado” para a cidade, decorrente da melhoria que ocorreria na infraestrutura, atraindo investimentos externos para telecomunicações, saneamento básico (despoluição de rios e lagoas incluso) e transporte.

Naturalmente que para todos estes quesitos, o investimento externo é muito bem-vindo, desde que respeitado os orçamentos para realização das obras necessárias. Contudo pela espantosa declaração do prefeito, para um tradicional jornal de quase 200 anos de existência, o resultado esperado para os Jogos, já é entendido como trágico.

Porém este “sincericídio” não deve ser visto como uma atitude de sinceridade, ou humildade de um gestor que está habituado em falar as claras à população, mas visto sob uma ótica muito mais ampla e preocupante.

Inicialmente porque este gestor, afirmou em conversa reservada ao ex-presidente Lula ( porém gravada e divulgada pela Justiça em março de 2016), que o governador Pezão (afastado para tratamento de um câncer) é muito ruim como governador. Ora, o governador Pezão era e é, coresponsável desde que assumiu o poder, pelo bom andamento das obras, assim como a presidente Dilma, também afastada e criticada como uma péssima gestora por Paes(*).

Certo? Somente agora Paes resolveu ser sincero, depois de anos de início das obras?

Em segundo lugar, outras declarações do prefeito revela ser ele um cidadão despreparado ao extremo para dirigir uma cidade da magnitude do Rio de Janeiro, pois em sua conta no Twitter respondeu a uma reclamação de um munícipe da seguinte forma : “cultura inútil, meio lerdo, meio surdo(ñ fisicamente mas p ouvir os outros). Se muda pô!”, escreveu o prefeito.

Não obstante este absurdo, Paes ainda declamou outras “pérolas” para imprensa internacional: “Turistas da Rio 2016 não devem esperar Londres ou Nova York, afirmou o prefeito.

Fica claro, pelo conteúdo das declarações, que teremos problemas durante a realização do evento, e que o prefeito, prefere antes “avisar” ao público, para minimizar o efeito do estrago no momento em que isto venha a ocorrer, fazendo parecer algo do tipo “ bem que avisei” …

Por fim, uma última consideração que foge ao tripé de investimento acima citado (telecomunicações, saneamento e transporte), mas a uma desgraça crônica que mancha a cidade maravilhosa: Segurança.

As questões de Segurança, não poderiam como não podem, serem tratadas como um “legado olímpico” e para tal, o Rio de Janeiro “inventou” a tal piada de “polícia pacificadora” inaugurando a primeira unidade em 19 de novembro de 2008, cinco meses após a cidade se candidatar a ser sede olímpica (concorrendo com Tóquio, Chicago e Madri ) conforme noticiário em 04 de junho de 2008. Ora, sabemos todos que a função da polícia, em lugar nenhum do planeta (mesmo na Dinamarca ou Suécia) é de pacificar a sociedade. A função da policia é de policiar, coibir e deter, se necessário for, mas jamais pacificar, nem mesmo em zonas de conflito de guerra civil, como lamentavelmente se parece a cidade do Rio de Janeiros, nos dias de hoje. E de mais a mais, vamos combinar uma coisa, esta tal “ação pacificadora”, foi a mais estranha estratégia jamais vista. Por que ? Estima-se que somente na Rocinha, o tráfico de drogas movimente R$ 1 bilhão de reais por ano. Portanto, qual é a “mágica”, que faz um grupo de marginais violentos, lideres deste negócio, abrir mão de R$ 1 bilhão por ano? Imagine um soldado conversando com um chefe do tráfico, o surreal diálogo :

– Cavalheiro, o senhor poderia parar de vender cocaína e crack nesta região, pois ocorrerá as Olimpíadas em nossa bela cidade?
– Claro prezado soldado, fique despreocupado, pois então vamos agora e imediatamente encerrar nossas atividades e fundaremos ONG’s e Hospitais gratuitos para população.
– Muito obrigado, cavalheiro.
– Disponha sempre soldado, e um grande abraço.

Parece que o prefeito Eduardo Paes e seus subordinados, esqueceram de combinar com os russos (**).

Autor: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br

(*) Eduardo Paes afirmou em gravação liberada pela Justiça : “ Minha vida (pública) começou com Lula e Cabral e termina com Dilma e Pezão , pqp “
(**) Na Copa de 1958, antes do jogo com a URSS, o treinador brasileiro Vicente Feola fez uma preleção dizendo :
– Garrincha, é o seguinte: você pega a bola e dribla o primeiro beque. Quando chegar o segundo, você dribla também. Aí vai até a linha de fundo, cruza forte para trás, para o Vavá marcar (o gol)”.
Garrincha, calado, assustado com as instruções, falou:
– Tudo bem, Feola, mas o senhor já combinou com os russos?

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

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