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A morte do ambulante … o comentário de Bocardi e a reação da OAB.

A morte do ambulante em São Paulo por motivo torpe, gerou um comentário do apresentador Rodrigo Bocardi da Globo, questionando se advogado deveria ser preso por manter o criminoso escondido. A Ordem dos Advogados do Brasil reagiu com veemência diante do comentário do jornalista, pois segundo a entidade ele foi “leviano por desconsiderar obrigação legal fundamental na relação advogado e cliente, que é o sigilo profissional.”

Teria o jornalista sido “leviano” a manifestar o pensamento de indignação de parte da sociedade, apesar da crítica da OAB ser “tecnicamente” procedente?

Para trazer novos temperos neste tema, vamos destacar outro crime não menos cruel e também recente: o assassinato do embaixador grego, no Rio de Janeiro, orquestrado pela sua própria esposa.

Neste último caso, a mulher do embaixador se apresentou na Polícia para notificar o “desaparecimento” do seu marido, como se o assassinato não houvera sido praticado. O detalhe sórdido, que chamou atenção da Polícia, foi que Françoise Amiridis, não se apresentou sozinha, mas acompanhada de um polical militar, (que descobriu-se em seguida ser o assassino do embaixador) e de um … advogado. Sim de um advogado. Portanto, a cúmplice de um assassinato, esteve numa delegacia, para prestar falso testemunho, acompanhada de um assassino e de um advogado.

Se na melhor das hipóteses, considerarmos que o advogado desconhecesse a trama macabra, vale perguntar se a OAB irá instaurar alguma investigação que confirme esta tese, pois caso contrário, fica evidenciado que uma grave conduta ética foi praticada pelo profissional.

Caso isto não ocorra, a crítica da OAB ao jornalista Rodrigo Bocardi chamando-o de “leviano” mostrará dois pesos e duas medidas por parte da entidade , e mostrará um lado de proteção corporativista inaceitável, muito comum no Brasil. Até o momento, quatro dias após localizarem o corpo do embaixador, a entidade não fez nenhum comentário. Já quanto a nota de repudio da OAB contra o jornalista, vale anotar que a mesma foi estampada no site da OAB, no mesmo dia em Bocardi manifestou sua opinião no telejornal matinal da Globo. E obviamente que dever ser entendido que é lícito e correto a postura da OAB em defender seu associado, caso a entidade entenda que o mesmo está sendo injustiçado por uma emissora.

Contudo o que a sociedade brasileira tem questionado, é se as entidades de classe, além de cumprir o óbvio na defesa de seus componentes, não deveriam também exercer a defesa da própria sociedade simultaneamente. O ano de 2017, que começa com a expectativa dos caminhos da Lava-Jato, retrata um país que clama por justiça ampla e geral.

Portanto vale destacar que o objetivo deste artigo não é criticar ou questionar a OAB, ou qualquer entidade de classe do país, mas perguntar se as mesmas estão acompanhando os anseios da sociedade no século XXI.

Estariam estas entidades fiscalizando seus associados na dimensão que o momento do país exige ?

E a título de exemplo, lembramos que o ex-médico Roger Abdelmassih, preso por ter violentado cerca de 45 mulheres e ainda possuir outros 37 processos em andamento, teve seu registro profissional cassado somente 6 meses após a primeira condenação. Este hiato de 06 meses é de uma “rapidez” constrangedora, tanto para os médicos sérios e respeitadores ao juramento de Hipócrates, como para a sociedade em geral que justamente reclama por justiça.

Perguntamos aqui, por exemplo, se deveriam as associações ligadas as áreas de saúde, fiscalizar com mais rigor as reclamações de pacientes, com sindicâncias internas mais céleres?

Talvez esteja mais do que na hora de uma nova avaliação do papel de todas das entidades neste novo milênio, diante de um Brasil efervescente.

Autor: Roberto Mangraviti
contato@sustentahabilidade.com.br

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Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

Sugestão para o início do ano … aja como a Turuga.

Custo Brasil 1