Texto: Fevereiro 2019
As casas dos ourives, surgiram durante a Idade Média, visando proteger peças valiosas de ouro. Quando um proprietário dessas peças decidia por guarda-las nestes estabelecimentos, o depositário emitia um recibo em papel, recibos estes que paulatinamente passaram a ser transferido entre as pessoas… surgindo assim o papel moeda.
Na sequência, surgiram na Europa as casas bancárias, que emitiam recibos chamados de “Bilhetes de Banco” … lembrando que somente em 1810, surge o Banco do Brasil, com a chegada de D. João VI ao Rio de Janeiro (fugindo de Napoleão Bonaparte).
Esta forma de proteger reservas, capitas ou bens, nunca esteve associada a valor “pátrio”, afinal o próprio rei de um dos maiores impérios do Planeta, veio proteger a vida e parte de seus bens num local, que sequer tinha banco, água encanada ou esgoto… quase um inferno para a elite lusitana da época.
Portanto, a essência do conceito das formas protetivas do capital, sempre esteve atrelado a verdadeira segurança desta proteção, que era (e ainda é), decorrente da confiança e credibilidade dos agentes econômicos, desprezando-se assim para as partes, a procedência ou bandeira que o “papel recibo”apresente.
Muitas pessoas desprovidas de racionalidade,
sentem ojeriza pelo capital ou pelos
capitalistas, atribuindo um “valor pátrio” ao dinheiro, ou sentido
nacionalista aos meios de produção, que na cabeça de qualquer ser humano
equilibrado, não se observa.
A alma do ser humano, desde o tempo das
cavernas, preocupa-se primordialmente em preservar sua própria existência e de
sua família, muito a frente das questões pátrias ou políticas, que são
secundárias.
E esta preservação pode ruir de um dia
para outro (aparentemente), como ocorreu com a crise de 1929, mas na verdade
sempre há indícios de catástrofe no horizonte, para quem entende de
“meteorologia” de mercados.
Assim foi na crise de Wall Street, quando investidores foram surpreendidos pelo “crack” em outubro daquele ano, e que teve seu ápice destrutivo em 1933, quando 25% dos norte-americanos encontravam-se desempregados.
Curioso destacar que os 13% dos desempregados no Brasil de hoje, escondem números não contabilizados do sub-emprego ou de gente que faz “bicos”,como motorista de Uber (que na verdade são engenheiros, advogados etc) , além beneficiários do Bolsa Família ou de instituições religiosas, que somados apontam para quase 30% da população brasileira como “desempregados” tecnicamente, ou sem renda regular. Ou seja, este Brasil de 2019, amarga uma crise maior que o estouro mundial da Bolsa de 29, pelo tempo da estagnação observada superior ao século passado.
E é óbvio que crises de décadas, somente serão superadas com décadas de ações sistêmicas inversas àquelas que nos levaram para o buraco da crise.
Naturalmente, que alguns países conseguem superar em menos tempo estragos ocorridos na História, mas estas recuperações ocorreram por terem dado segurança ao investidor, de qualquer Nação ou local do Planeta, e saindo a caça de investidores como leões da selva, buscam antílopes para sua prole.
Afinal, quando o Homem de Neandertal saía à
caça de um tigre de dente de sabre, caso vencesse o difícil embate de vida ou
morte, a carcaça ficaria protegida numa caverna, que melhor atendesse seus
interesses de suprir a alimentação da prole… e obviamente onde nenhuma hiena
pudesse saquear o “tesouro” conquistado.
Portanto para quem já desenvolveu um cérebro
próximo ao Homem de Neandertal, entende porque um investidor reluta em colocar
o dinheiro na Petrobrás, ou em qualquer mercado brasileiro, depois de conhecer
a história de Paulo Roberto Costa, Palocci etc…
Poderá um investidor acreditar que suas economias estarão protegidas das hienas acima citadas ?
E para piorar, no Brasil de hoje, ainda
existem leões de zoológico e leões daselva.
Os leões de zoológico, são aqueles que recebem
um naco de carne na jaula, todos os dias e vivem dorminhocos e irmanados, mas não morrem nunca de fome …
porém reclamam do “mercado”, dos capitalistas, das nações, dos imperialistas, e
todo resto por receberem uma refeição escassa …. mas não saem para caçar por
nada neste mundo. Afinal temem encontrar
uma “fera”, como um tigre de dente de sabre pela frente, também apelidado de
trabalho produtivo.
Os demais, são os leões da selva, que precisam todos os dias sair para caçar, numa savana incendiada, onde não se consegue abater um “javali” porque este morreu queimado ou de fome, dada ausência da vegetação que o sustentava, que são as empresas e empregos, destruídos por hienas do mercado na última década.
Os leões da selva, espreitam e “rezam” todos os dias para, que venha a chuva na savana em forma de capital de Israel, dos EUA, da Venezuela, pouco importando a procedência, pois queremos recuperar nossa “selva” original …queremos voltar a “caçar” em paz.
Já os leões de zoológico, seguem não entendendo nada do significado da Lei da Escassez ou formação de preços, juros, ou fingem não entender.
Afinal, recebem
seus nacos de carne todo dia, sem sair para caçar, e alguns com um agravante:
suas cavernas estão escondidas de todos os famintos, e estocam incontáveis toneladas
de carne, em frigoríficos do
“estrangeiro”.
E os leões da selva que acordam as 5 horas da
manhã todos dias, sonham em ver essa gentinha em uma jaula comum … com um
único marmitex diário e olhe lá …
preferencialmente servido pelo japonês da Federal … largado no chão e passado
pelo vão da grade da jaula.
Texto: Roberto Mangraviti
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