Por muito tempo, forjou-se a ideia de que um dos indicadores mais seguros de riqueza de uma nação era o tamanho das reservas de petróleo em seu subsolo.
Atualmente, economistas, empresas e políticos começam a levar em conta outro tipo de líquido para determinar a prosperidade futura desse ou daquele país: a água.
Em tese, ela é mais abundante que o petróleo, 70% da superfície do planeta são cobertas por esse líquido fundamental para a existência de qualquer tipo de vida, o que equivale a aproximadamente 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos de água.
Estimativas de Consumo e o Planeta
A complicação é que menos de 1 % desse volume é apropriado para ser bebido ou usado na agricultura.
Nos últimos setenta anos, a população do planeta triplicou enquanto a demanda por água aumentou seis vezes.
Estima-se que a humanidade use atualmente 50% das reservas de água potável do planeta.
Se o padrão atual de consumo for mantido, serão 75% em 2025.
Esse índice chegaria a 90% se os países em desenvolvimento alcançassem consumo igual ao dos países industrializados.
Do ponto de vista econômico, água e petróleo pertenciam, até bem pouco tempo atrás, a categorias com valores incomparáveis.
O combustível é um resíduo fóssil, que existe em quantidades esgotáveis e cuja extração requer investimentos pesados.
A água é um recurso renovável pelo ciclo natural da evaporação/chuva e distribuído com fartura na superfície do planeta.
Ocorre que a intervenção humana afetou de forma dramática o ciclo natural de renovação dos recursos hídricos.
Mais da metade dos rios está poluído pelos despejos de esgotos, resíduos industriais e agrotóxicos.
Estima-se que 30% das maiores bacias hidrográficas perderam mais da metade da cobertura vegetal original, o que levou à redução da quantidade de água.
Nove de cada dez litros de água utilizados no Terceiro Mundo são devolvidos à natureza sem nenhum tipo de tratamento.
Por causa disso, o conceito de água como uma dádiva inesgotável e gratuita da natureza é coisa do passado.
As Tecnologias no Mundo Moderno
Hoje há tecnologia para a reciclagem de água.
A cidade de Durban, na África do Sul, por exemplo, trata o esgoto doméstico e revende a água para uso industrial. Isso significa uma economia de 10% do volume de água utilizado.
Também é preciso diminuir a captação dos lençóis freáticos, que estão sendo exauridos além da capacidade de recuperação.
Uma coisa é certa: a água é uma mercadoria de valor crescente, que diga São Paulo neste exato momento.
Estima-se que a indústria encarregada de captar a água das fontes, entregá-la na torneira do consumidor e tratá-la antes que volte para a natureza movimente 400 bilhões de dólares, entre empresas públicas e privadas.
Isso equivale a 40% do setor petrolífero e é 30% maior que o setor farmacêutico.
Como o petróleo no passado, a água está no cerne de um número cada vez maior de tensões internacionais.
A ONU calcula que 300 rios são objetos de conflitos fronteiriços.
Ninguém quer ceder um líquido tão precioso numa região com sede!
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Texto: Roberto Roche
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