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Beto Rockfeller –Ousadia , Inovação e Sucesso na História da Telenovela Brasileira

1968 foi um ano que, especialmente marcou a história do Brasil e do Mundo. Primavera de Praga, Assassinato de Martin Luther King, Protestos Estudantis em Paris, Ato Institucional n 05 no Brasil, morte de Assis Chateaubriand foram alguns dos fatos jornalísticos que tornaram aquele bissexto ano. E na Televisão Brasileira, não foi diferente: só no campo das Telenovelas, o telespectador assistiu as marcantes : Antonio Maria de Geraldo Vietri, na Tupi, A Muralha de Ivani Ribeiro na Excelsior, Sangue e Areia de Janete Clair na Globo e, para coroar essa ano incrível, em 04 de novembro é exibido o primo dos duzentos e trinta capítulo de Beto Rockfeller, escrito pela inspirado autor, cineasta e teatrólogo paulistano Bráulio Pedroso.

Bráulio, já duplamente renomado como critico de cinema do O Estado de São Paulo, onde trabalhava com legendas como Décio de Almeida Prado, Nilo Scalzo e Sábato Magaldi bem como dramaturgo, vencedor do Premio Moliere de 1966, como o melhor autor teatral daquele ano, por sua peça O Fardão estreava como novelista, em grande estilo e esse seu grande e justificado renome, apesar da pouca idade, pois só tinha nesse tempo 37 anos de existência e tudo isso corroborou para a escalada de um elenco e de uma especialíssima produção e direção para Beto Rockfeller.

A trama começa calcada no protagonista Beto, que é um modesto vendedor de loja de sapatos localizada na Rua Teodoro Sampaio, famosa rua de comércio do Bairro de Pinheiros na Capital paulista. Mas esse comerciário da classe média da paulicéia se transforma num sofisticado “festeiro” que circula nas grã-finas festas da juventude dos anos 60, que tinham como polo de realização a famosa Rua Augusta, no chique bairro de Cerqueira Cesar, não muito distante de Pinheiros. Nestas festas, surgia o Rockfeller, contrastando com a simplicidade do Beto pinheirense.

Esse era a trama principal , deste inesquecível folhetim tupiniano, que conseguiu juntar um elenco estelar, raramente somado na história da TV. A namorada de Beto Rockfeller era Lu, magistralmente interpretada por Débora Duarte, que com dezenove anos, recebia seu Trofeu Imprensa de Melhor Atriz, por essa inesquecível criação dramatúrgica. O grande teatrólogo Plinio Marcos era Vitorio, inseparável amigo do protagonista. Esse personagem, tão marcante deu a Plinio o Premio Gato de Ouro da Tv Globo, como a Melhor Revelação de Ator de TV de 1968.

E o elenco feminino desta novela era impressionante, pela qualidade artística : Maria Della Costa, Irene Ravache, Ana Rosa, Marília Pera, Zeze Motta, Eleonor Bruno, Walderez de Barros, Bete Mendes, Marilda Pedroso, Esther Mellinger, Pepita Rodrigues , dentre outras somadas a grandes interpretações de Walter Forster, Rodrigo Santiago, Jofre Soares , Gésio Amadeu, Ruy Rezende, Wladimir Nikolaief, Alceu Nunes, Heleno Prestes, Renato Corte Real (em especialíssima participação) , dentre outros muitos destaques interpretativos.

E na direção desta novela Lima Duarte, o simbólico pioneiro, que recebeu essa difícil missão do diretor artístico da TV Tupi Cassiano Gabus Mendes, e cumpriu com maestria, levando o texto primoroso , moderno e inovador de Bráulio Pedroso com leveza e com uma direção de atores bastante inovadora.

Beto Rockfeller, sucesso de público e de critica dura mais de um ano e chega ao fim em 30 de novembro de 1969,trazendo imensa renovação na linguagem e na temática da novela brasileira, uma linguagem moderna e uma temática urbana. Braulio Pedroso (1931-1990), seu autor, que posteriormente colheria novos sucessos como O Cafona-1971, O Bofe -1972 e Feijão Maravilha-1979, além de bonitos trabalhos na Manchete e no SBT (que foi a sua ultima casa televisiva), recebe no final daquele ano o Trofeu Imprensa, o Premio Governador do Estado e o Trofeu Roquette Pinto, que reconhecem todo esse vitorioso trabalho em renovar a telenovela, incorporando os ventos contemporâneos de 1968 e do epílogo dos anos 60. Viva Beto Rockfeller !! ”

Texto: Fábio Reijali Siqueira
contato@sustentahabilidade.com.br

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Escrito por Fabio Rejaili Siqueira

Bacharel em Direito, Bacharel em Ciências Sociais e e pesquisador da história da televisão brasileira. É um dos fundadores do Jornal São Paulo em História.

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