A gestação em pequenos animais, apesar de ser uma situação muito corriqueira, ainda gera diversas dúvidas.
O ideal é que toda gestação seja planejada com antecedência, dessa maneira conseguimos evitar intercorrências e aumentar as chances de um parto saudável. Antes de colocar sua fêmea para cruzar é necessário verificar se o esquema vacinal está atualizado (sempre vacinas importadas), se os vermífugos foram administrados recentemente e se ela não tem nenhuma doença. Nesse momento convém passar por uma consulta para avaliação da faixa etária, realização de exame físico e avaliação hematológica. Essas são medidas muito importantes para minimizar os problemas trans e pós-gestacionais.
Feita essa verificação é o memento de escolher o macho. Ele não pode ser muito maior que a fêmea, pois isso pode acarretar em dificuldades durante o parto. Ele também não pode ser parente direto (irmão, pai, avó), já que a consanguinidade eleva o risco de doenças genéticas.
Após o cruzamento o ideal é que se ofereça ração super premium filhotes durante a gestação inteira bem como suplementos com base de cálcio, ferro e outras vitaminas. Essas duas ações evitam a hipocalcemia (eclâmpsia) e a desnutrição no pós-parto. É interessante também realizar a ultrassonografia abdominal a cada 15 dias para acompanhar o crescimento dos filhotes.
A gestação dura de 58- 63 dias e a grande mudança corporal ocorre no terço final, onde podemos observar acentuado aumento abdominal e mamário. Durante esse período é normal elas ficarem mais sedentárias, se alimentarem mais e eventualmente mudarem o comportamento, isso ocorre como consequência dos hormônios envolvidos na gestação.
No dia do parto a fêmea ficará mais ofegante, escolherá um local que lhe seja confortável para fazer o ninho, provavelmente não irá se alimentar, será possível perceber leite nas mamas e secreção serosanguinolenta na vagina. Em uma situação normal o parto não requer ajuda externa, a cadelas e gatas fazem a limpeza dos filhotes, cortam o cordão umbilical e comem a placenta. Porém se o tutor perceber que o parto esta demorando mais que 6 horas ou que ela esta muito cansada/debilitada é necessário levar ao veterinário para avaliar a necessidade de cesariana. Se isso ocorrer durante a noite procure um veterinário 24h. O parto distócico é uma situação muito séria e requer tratamento o mais rápido possível a fim de evitar a morte dos bebês e da mãe.
Os filhotes devem mamar no mínimo trinta dias e após esse período já podemos começar a oferecer papinha de desmame junto com o leite. A partir dessa mesma data deve-se administrar a primeira dose de vermífugo. Aos quarenta e cinco dias eles estão aptos a serem vacinados e já podem i para a casa de seus novos tutores.
O milagre da vida é acompanhado também por grande responsabilidade. Os tutores devem esperar por uma gestação e parto harmoniosos, mas precisam estar preparados psicologicamente e financeiramente para a situação inversa. Planejamento e boa orientação são as chaves para a segurança reprodutiva.
A gestação em qualquer espécie é uma ode a vida.
Autora: Dra Fernanda Lanzelotti
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