Os tempos atuais de álcool em gel, para alguns, remetem às lembranças dos ensinamentos da infância. Ao chegar em casa, após o desafio de manter-me acordado dentro do ônibus Machado de Assis, retornando do Mackenzie, corria para lavar as mãos, mesmo esfomeado, afinal algo gostoso me aguardava no jantar, por volta da meia noite.
Pois sentar-me a mesa sem lavar as mãos, seria algo mais indigno que interromper o sermão do querido Monsenhor Neves, lá da Igreja Nossa Senhora do Carmo, na Aclimação.
Pensando bem, aqueles corrimões(1) dos ônibus pareciam que a cada viagem ficavam 1 centímetro mais espessos …
E pegar em dinheiro ?
Vixeeeeeeeeeeeee …quantas milhares de pessoas puseram a mão neste troço?
Banheiro público então nem pensar … somente em caso de urgência, e somente para um xixi , desde que eu ficasse a meio metro do vaso.
E sair somente após lavar muitooooo as mãos, fechando a torneira com o cotovelo, caso meus esforços em assoprar a manopla não surtissem efeito, me obrigando miseravelmente, a ter que encostar naquela coisa.
Claro que para sair do banheiro, dava um tempinho perto da porta, até alguém entrar para não precisar por a mão nela, afinal as pessoas da rua não costumam lavar as mãos, após usar o banheiro, certo ?
E os cuidados para leitura diária do jornal não eram diferente … JAMAIS, abrir em cima da toalha da mesa aquela nojeira, pegar num alimento ou mesmo cumprimentar alguém, dando as mãos, sem antes lavá-la .
Mas nada disso seria pior do que colocar a mão na boca… em qualquer situação.
Crime inafiançável.
Creio que somente uma situação, seria mais dramaticamente inaceitável: contar os trocados do bolso, molhando a ponta dos dedos na boca, para desgrudar as cédulas.
Neste caso, eu ficaria uma semana sem direito ao almoço, numa espécie de “solitária doméstica”, onde os prisioneiros não tem contato com outros detentos para evitar contágio.
Curiosamente, nunca tive que empreender muitos esforços para compreender essas coisas, mesmo sendo criança, pois nossos pais nos diziam como agir na vida … reflexionávamos meros 5 segundos e logo em seguida, estava inserido o novo comportamento nos hábitos cotidianos, sem mi mi mi .
Orientação dada… situação entendida … ação empregada .
E nos dias de hoje?
Somente adicionei o hábito de carregar álcool em gel nos bolsos, diante das raríssimas saídas de casa.
Pois do resto, segue tudo igual como D. Nida ensinou…
Com as mesmas manias, mas sem mi mi mi .
Texto: Roberto Mangraviti
roberto@sustentahabilidade.com
Colunista da ADASP-Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo; do Instituto de Engenharia; Editor do Portal SustentaHabilidade, da Coluna “SustentaHabilidade” no Jornal ABC Repórter, e apresentador do Programa SustentaHabilidade na Rede NGT (digital) e Soul TV Omni Channel (smarts Tv’s LG).
(1) O plural de corrimão, possuí 2 formas, corrimãos e corrimões.