Roberto Mangraviti
5 Minutos Entrevista Maury Cattermol, sócio-diretor da Ritmiza Produções, produtor da ação cultural “O Canto da Gente” voltada aos valores e história do Bairro da Aclimação, em São Paulo.
1.Como e porque surgiu esta ideia?
Na verdade é uma ideia muito antiga. Surgiu antes mesmo da minha permanência em São Paulo há 4 anos. “O Canto da Gente” veio à tona quando eu percebi que muitas pessoas preferem ficar em suas casas ao sair delas. Quando saímos, temos os custos fixos com locomoção e alimentação, medo da violência que não para, e diversos outros pontos que eu poderia listar aqui até amanhã. Então pensei: -“Por que não levar a cultura até as pessoas?”. Assim surgiu a nossa ação itinerante aos conjuntos residenciais. Começando pelo o meu bairro e de minha sócia, Veroni Girelli, na Aclimação, temos como público alvo as famílias, os idosos, as crianças… Um movimento para todas as idades e sem preconceitos. Fomentar a cultura em nosso canto (moradia), com o nosso canto (vocal), unindo os moradores ao som de um repertório cuidadosamente escolhido pelo o(a) artista convidado(a), para cantarmos juntos e transformarmos esse coral em uma única só voz, é a nossa missão.
2.Qual é o modelo de apresentação e propagação pública?
Inicialmente em prédios residenciais, e com um tempo, quem sabe “O Canto da Gente” não recebe um patrocínio e segue para as praças, parques, centros culturais e etc… O show acústico tem a duração de 1 hora, com um simples cenário ambientado ao espaço utilizado e a distribuição de encartes (sim, igualzinho os de CDs) para que o público, ou melhor, os nossos convidados cantem juntinhos com o(a) artista e recolham autógrafos. Ah, sem contar com os inúmeros sorteios após o show com os prêmios cedidos dos nossos ilustres apoiadores. É importante ressaltar que a nossa divulgação é no boca-a-boca, redes sociais, entre amigos e familiares, e com apresentações intimistas a preços populares. A nossa meta é passar, inicialmente, por todo o bairro da Aclimação e adjacências. Não é um movimento financeiro, e sim cultural, porém temos os custos básicos como o aluguel de cadeiras, do espaço, cachê artístico, confecção do material gráfico e por aí vai… Contamos com a interação dos comerciantes e moradores do bairro para que possamos seguir com esse projeto tão individual e ao mesmo tempo tão coletivo.
Síndicos e condôminos, estamos aqui!
3.Qual o primeiro artista convidado?
A primeira artista convidada é a cantora, compositora, instrumentista, poetiza, e vencedora do 23° Prêmio da Música Popular Brasileira, Socorro Lira. Lira nasceu em Brejo do Cruz na Paraíba, já lançou um álbum no exterior, produz o Prêmio Grão de Música, e gravou um DVD lindíssimo no Auditório do Ibirapuera intitulado “Amazônia – entre águas e desertos”.
Vale uma pesquisa, aos amantes da música como eu, sobre Socorro Lira.
Vale a pena!
4.Há outros artistas já envolvidos neste trabalho?
Sim, temos a cantora e compositora Dayse do Banjo, sambista e autora do samba “Arrasta a Sandália”, sucesso na voz da madrinha do samba Beth Carvalho e Zeca Pagodinho; João Pinheiro que emplacou seus hits nas novelas “Guerra dos Sexos”, “Ti Ti Ti” e “Caras e Bocas” transmitidas pela Rede Globo; Lu Oliveira, intérprete carioca, que lançou um CD bárbaro intitulado “Sou Eu” com Cello Samba Trio e Jacques Morelembaum no time de peso; Dorina, intérprete carioca do samba, que carrega em sua bagagem nove CDs gravados e um DVD com participações especiais de Almir Guineto, Beth Carvalho, Ana Costa, Mauro Diniz e o saudoso Luiz Carlos da Vila; Músicos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, OSESP, como o violinista, regente e spalla Emmanuele Baldini (Itália), e os músicos Matthew Thorpe (USA), Ederson Fernandes (Brasil), Sung Eun Cho e Jin Joo Doh (Coreia do Sul); Quarteto feminino de cordas ‘Visage Quartet’, e muitos outros. “O Canto da Gente” abrange a série popular e clássica.
5.Quais são objetivos de médio/longo prazos?
Ressaltando novamente, não temos interesse na lucratividade, mas sim na abrangência cultural que poderemos obter. Ou seja, não estabelecemos uma meta de médio e longo prazo, mas desejando o crescimento e amadurecimento de um projeto tão diferenciado como “O Canto da Gente”. Queremos que ele tenha todas as edições possíveis a serem realizadas ao longo dos anos, flexibilizando-o para que seja itinerante, tornando-o fixo para aqueles que desejarem, cultivar um público fiel e que se identifique em seus valores. Nosso objetivo é vê-lo constantemente realizado, nas “casas” das pessoas amantes da boa música, e quem sabe, futuramente deixando-o evoluir para um centro cultural do nosso bairro.
